Saúde
Taxa de mortes e de internações entre mulheres por abuso de álcool cresce no Brasil
Público feminino é apontado como mais suscetível aos efeitos da bebida
Dados divulgados pelo relatório do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool mostram que as taxas de mortes e de internações por uso abusivo de bebidas alcoólicas no Brasil estão caindo entre os homens e aumentando entre as mulheres. Esse é um problema que vem preocupando especialistas com o aumento do consumo abusivo de álcool.
Por consumo abusivo considera-se a ingestão de quatro ou mais doses, para mulheres, ou de cinco ou mais doses, para homens, em um mesmo dia. Uma dose padrão corresponde a 350 ml de cerveja (5% de álcool), 150 ml de vinho (12% de álcool) ou 45 ml de destilado (como vodca, cachaça e tequila, com aproximadamente 40% de álcool).
Alguns fatores podem ser apontados para justificar a alta do abuso de álcool entre as mulheres, podendo estar associada à pressão e a cobrança que sofrem no dia a dia, como trabalhar fora, cuidar dos filhos e estar dentro dos padrões estéticos.
Também é necessário destacar que há muitas diferenças entre como a substância age em homens e mulheres. O organismo feminino é mais suscetível aos efeitos nocivos das bebidas alcoólicas, apresentando a doenças como cirrose mais cedo que os homens. Isso ocorre pelo fato da mulher ter maior concentração de gordura corporal, que ajuda a absorver o álcool, e menor quantidade de água em circulação. Assim, a concentração alcoólica no sangue da mulher costuma ser maior mesmo que ela beba a mesma quantidade do homem. Outra razão, é que o corpo feminino possui uma quantidade menor de enzimas (desidrogenase) que metabolizam o álcool no estômago.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) lista mais de 200 doenças e lesões relacionadas ao consumo abusivo de bebidas alcoólicas. Entre elas, a cirrose hepática, alguns tipos de câncer e doenças cardiovasculares, além de lesões resultantes de violência e acidentes de trânsito.
Entre 2010 e 2021, houve alta de 7,5% de mortes e de 5% de hospitalizações totalmente atribuíveis ao álcool entre as mulheres, quando comparadas as taxas por 100 mil habitantes. Elas respondem por 23,6% do total de óbitos e por 29% das hospitalizações no país por esse motivo.
Outra preocupação é com o início cada vez mais cedo do consumo do álcool. De acordo com dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (Pense) 2019, as meninas são mais expostas a essa iniciação precoce: 36,8%, contra 32,3% entre os meninos. Embora as mortes e internações femininas associadas ao álcool se concentrem acima dos 55 anos (71,2% e 44,2%, respectivamente), as taxas entre as mais jovens também impressionam.
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