Saúde

Grupo de mais de 20 mulheres denuncia negligência de cirurgião plástico em Maceió

A Associação AME vem acompanhando e vai acionar a Polícia Civil de Alagoas

Por Tribuna Hoje com Agências de notícias 18/04/2023 14h58 - Atualizado em 18/04/2023 17h48
Grupo de mais de 20 mulheres denuncia negligência de cirurgião plástico em Maceió
Mutilações e deformações estão entre as denúncias das vítimas - Foto: Redes sociais

Um grupo com mais de 20 mulheres denunciou serem vítimas de supostos erros médicos e falta de assistência por parte de um cirurgião plástico de Maceió. Elas relatam que houve negligência e uma delas afirma que sofreu uma necrose na mama esquerda. A Associação AME vem acompanhando.

As mulheres fizeram um grupo em um aplicativo de mensagens e compartilharam fotos e relatos, assim como em redes sociais para expor o caso e outras mulheres não se tornarem vítimas do cirurgião.

A advogada Julia Nunes, que acompanha as mulheres, conta que o grupo já conta com 21 pessoas. Segundo ela, as vítimas estão se mobilizando para formalizar as denúncias e há outros casos que estão na Justiça há mais de três anos, envolvendo o mesmo cirurgião.

Entre as denúncias, estão cicatrizes que inflamaram e necrosaram, assimetria nas mamas e até pontos que se abriram. Ainda segundo muitas mulheres do grupo que já somam 21 vítimas, até cirurgias de reparos pioram a situação de suas mamas.

Um dos relatos é de uma mulher que realizou a cirurgia de implante de silicone há 10 anos. Ela diz que após o implante passou a sentir vários sintomas. “Após a colocação das próteses, comecei a sentir vários sintomas, mas nunca associei ao silicone. Acabei adquirindo a 'doença do silicone' (síndrome de Ásia), uma doença autoimune. Procurei o médico, relatei, ele não acreditou, mas fiz o explante com ele em novembro de 2021. Após o explante, tive várias sequelas, inclusive com risco de morte. Hoje estou bem, mas descobri que ele mentiu, não fez o explante em Bloco (próteses + cápsulas)”, expôs.

Vítimas criaram um grupo para compartilhar relatos e prevenir outras mulheres (Foto: Redes sociais)



A mulher diz que entrou em contato com o médico para falar sobre o explante, mas não deu retorno positivo. “Passei meses cobrando a biópsia das cápsulas e ele me enrolando, até que fui no hospital em que realizei o procedimento e vi todo o relatório da cirurgia. Ele não retirou.”

Ao Jornal de Alagoas, uma das vítimas do procedimento, Renata Pessoa* (nome fictício para preservar a imagem da vítima), contou que procurou a clínica particular do médico, localizada em um shopping da capital alagoana, para realizar uma cirurgia de mamoplastia de aumento (implantação de prótese de silicone), porém, dias após o procedimento, percebeu que seus seios estavam em posições diferentes.

Entre a procura pelo médico e a cirurgia passaram-se apenas três dias úteis. Segundo ela, o médico não realizou anamnese, procedimento básico em casos operatórios, para saber o histórico de saúde do paciente. O caso não parou por aí e, após a colocação do silicone, ela teria sido convencida pelo médico a fazer outros procedimentos como lipo LAD HD, mini abdominoplastia e enxerto de gordura no glúteo. Ele ofereceu descontos e vantagens caso a paciente realizasse todos os procedimentos.

A Associação AME está colhendo todos os relatos das vítimas e pretende acionar a Polícia Civil ainda hoje, a partir da instauração do inquérito policial.

Em nota enviada à imprensa, o médico Felipe Mendonça alegou que até a data de hoje [terça-feira (18)] não era de seu conhecimento a denúncia do AME. Veja nota na íntegra.

NOTA DE ESCLARECIMENTO

Inicialmente, é importante esclarecer que, até hoje, não era de meu conhecimento a denúncia da Associação AME. Ressalto que não há nenhum tipo de laudo pericial ou qualquer evidência que corrobore com a alegação de suposto erro médico de minha parte. Tampouco condenação judicial ou ética.

Complicações pós-cirúrgicas há anos são descritas pela literatura médica e previstas em Termo de Consentimento. Sua existência não implica automaticamente na responsabilidade do profissional médico, podendo decorrer por diversos fatores alheios ao ato médico.

Desde 2009, realizo cerca de 400 cirurgias plásticas por ano, sendo membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e realizando continuamente cursos de especialização no Brasil e no exterior.

Como profissional da saúde, minha prioridade é seguir as normas éticas que regem a profissão, utilizando conhecimento atualizado e me esforçando ao máximo para garantir a saúde e o bem-estar de meus pacientes. Dessa forma, reitero meu compromisso com uma prática médica ética, responsável e de alta qualidade.

Sigo à disposição para sanar quaisquer dúvidas que possam surgir.

Atenciosamente,

Dr. Felipe Araujo Mendonça Costa

CRM/AL 4880