Saúde

Por que devemos praticar atividade física durante a pandemia? Quais os benefícios?

O profissional de educação física, Matheus Silva aponta estudos que comprovam a importância dos exercícios físicos

Por Redação com assessoria 02/06/2021 10h39
Por que devemos praticar atividade física durante a pandemia? Quais os benefícios?
Reprodução - Foto: Assessoria
Causada pelo novo Coronavírus (SARS-COV2), a Covid-19 é caracterizada por uma infecção respiratória, mas que pode afetar outros sistemas. O novo Coronavírus chega a ter uma taxa de infecção duas vezes maior quando comparado aos Coronavírus de surtos passados. Sua entrada nos alvéolos pulmonares se dá através da enzima conversora de angiotensina 2 (ECA2), uma lipoproteína de transmembrana que é presente em grande quantidade no tecido epitelial pulmonar e em outros órgãos como coração, vasos, rins, tecido adiposo etc. A doença não possui fenótipo específico podendo se apresentar de diversas formas que vão desde uma infecção assintomática até sintomas graves que necessitam de internação e suporte ventilatório. Dos sintomas extrapulmonares, a redução da capacidade física e o desenvolvimento de problemas cardiovasculares são os mais comuns. Além disso, pacientes que desenvolvem a forma grave da doença apresentam um estado pró-inflamatório sistêmico exacerbado, além de uma menor quantidade de linfócitos quando comparados a doentes em estado moderado. Os prejuízos na capacidade funcional provocados podem persistir por meses após a doença, o que sugere que o tratamento dos sintomas deve permanecer após a alta hospitalar. Estudos indicam que o início precoce da reabilitação contribui para um melhor prognóstico e o exercício físico deve ser considerado uma estratégia viável e segura para aumentar a capacidade funcional de sobreviventes da Covid-19. Considerando que a doença pode afetar o funcionamento de diversos sistemas, é importante entender como o exercício físico pode contribuir para a recuperação do paciente sem piorar os sintomas existentes. De acordo com o profissional de educação física, Matheus Silva, um grupo de pesquisadores da USP avaliou dados de quase 1.000 pessoas. Destes, perto de 10% foram hospitalizados por causa do coronavírus; então pessoas de 65 anos ou mais, obesos com doenças pré-existentes tinham mais chance de serem hospitalizadas. “Por tanto, realizar 150 minutos por semana de atividades moderadas ou 75 minutos com intensidades vigorosas se associa menor prevalência de hospitalização independente da idade, sexo, IMC e doenças pré-existentes. Ou seja, realizar atividade física, reduz a prevalência de hospitalização associada ao Covid-19 em 34%’’, expõe. Ainda segundo o profissional, outro estudo conduzido na Universidade Estadual Paulista (Unesp) sugere que o hormônio irisina, liberado pelos músculos durante a atividade física, pode ter efeito terapêutico em casos de Covid-19. Ao analisar dados de expressão gênica de células adiposas, os pesquisadores observaram que a substância tem efeito modulador em genes associados à maior replicação do novo coronavírus (SARS-CoV-2) dentro de células humanas. ‘’O achado teve como base dados de transcriptoma (conjunto de moléculas de RNA expressas em um tecido) de células adiposas não infectadas por SARS-CoV-2 que receberam doses de irisina. Confrontamos as informações sobre os genes importantes na Covid-19 com nossos dados do transcriptoma para fazer correlações. O resultado representa uma sinalização positiva para a busca por novos tratamentos nesse momento de emergência com a pandemia; Outro aspecto positivo encontrado no estudo foi a irisina ter triplicado os níveis de transcrição do gene TRIB3. Estudo anterior demonstrou a importância da manutenção da expressão de TRIB3. Em indivíduos idosos é comum ocorrer à diminuição da expressão desse gene, o que pode estar relacionado à maior replicação do SARS-CoV-2 e ao risco aumentado dessa população à Covid-19’’. Matheus avalia que um terceiro aspecto importante está no achado de outros grupos de pesquisa sobre o tecido adiposo aparentemente servir como repositório do vírus. Isso ajuda a entender por que indivíduos obesos têm maior risco de desenvolver a forma grave da Covid-19. Fora isso, indivíduos obesos tendem a ter níveis menores de irisina, assim como maiores quantidades da molécula receptora do vírus [ACE2], quando comparados a indivíduos não obesos. ATIVIDADE FÍSICA x VACINA Silva esclarece que uma revisão sistemática com meta-análise publicada por Chastin et al. (2021) avaliou se atividade física influencia em 3 pontos: 1) risco de contrair doença infecciosa; 2) fatores imunes avaliados em laboratório e 3) resposta imune à vacinação. ‘’Com relação ao primeiro ponto, ser fisicamente ativo reduz em 31% o risco de se infectar em meio a uma pandemia e 37% o risco de morrer por uma doença infecciosa. Sobre o segundo ponto ser fisicamente ativo é associado com uma melhor imunidade. Aí até aí tudo bem, você que assistiu as aulas sobre imunidade no Nerdflix já sabia dos benefícios da atividade física bem feita para imunidade. Agora, vamos ao terceiro ponto, especialmente importante para as pessoas que estão paradas esperando a vacina.  O estudo mostrou que as pessoas fisicamente ativas têm maior contagem de anticorpos em reposta a vacina. Em entrevista, os autores a probabilidade de mostrar anticorpos altos se eleva em 50%! Ou seja, a atividade física faz com que a vacina funcione melhor’’, explica o profissional.