Saúde

Lockdown é a ‘única opção’, diz infectologista

Aproximação de colapso hospitalar e avanço dos casos de covid-19 pressionam adoção de medidas mais drásticas

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 20/05/2020 08h07
Lockdown é a ‘única opção’, diz infectologista
Reprodução - Foto: Assessoria
A adoção de um bloqueio total – ou lockdown – em Alagoas é a “única opção” para conter o avanço dos casos de Covid-19, segundo o presidente da Sociedade Alagoana de Infectologia, Fernando de Andrade Maia. “Fizemos um estudo com base numa solicitação da Defensoria Pública do Estado e nele apontamos que o lockdown é a única opção para reduzir o crescimento dos casos, não é a solução, mas vai ajudar a conter o avanço. As vagas em hospitais se aproximam do colapso. Estamos caminhando para o colapso”, garante. O alerta vem após um estudo elaborado pela Sociedade Alagoana de Infectologia, a pedido da Defensoria Pública do Estado (DPE), que aponta a necessidade de redução de circulação. Atualmente, o estado tem uma média de 40% de isolamento. “Concluímos que há um possível benefício da aplicação de lockdown na região Metropolitana de Maceió, que compreende 13 municípios. Mas que este seja aplicado pelo menor tempo possível, e que neste intervalo todas as medidas para ajustes de protocolos e fluxos de assistência sejam adotadas”, esclarece o estudo que afirma ainda que a região metropolitana tem incidência média de risco considerando o cenário nacional. Há cerca de duas semanas, a Tribuna Independente detalhou um estudo produzido por pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) que indica que o colapso nos leitos hospitalares (UTIs e clínicos) deve ocorrer entre o fim deste mês e o início de junho. O estudo também afirma que apenas “abrir leitos” não impede o colapso, tampouco o crescimento da doença, é necessário aumentar o isolamento social. Os dois estudos, da Ufal e da Sociedade de Infectologia, apresentam um ponto em comum: aumentar o número de leitos não resolve o impacto na saúde pública do estado. “Não há possibilidade de evitar a epidemia, há somente a possibilidade de diminuir o pico epidêmico em número de casos e distribuí-los ao longo do tempo a fim de que o sistema de saúde consiga absorver todos os casos em suas diversas complexidades, e com isto evitar o maior número de óbitos possível”, diz a Sociedade Alagoana de Infectologia. No início da semana o governador Renan Filho (MDB) havia indicado que deve intensificar as medidas de isolamento social por meio de decreto. Nesta quarta-feira (20) acaba a vigência do último decreto, que dentre outros pontos proibiu a circulação na orla e praias e tornou obrigatório o uso de máscaras. MAIS GRAVES De acordo com o infectologista Fernando Maia, outra preocupação é o aumento da gravidade dos casos que chegam aos hospitais. “As pessoas chegam mais graves, necessitando de atendimento mais intensificado”, resume. Segundo informações presentes no estudo, os registros do cotidiano nas unidades hospitalares já são de pacientes com necessidade de UTI esperando mais de 24 horas por um leito e relatos de profissionais de saúde sobre a intensa ocupação nos locais de atendimento.