Saúde

Música é utilizada em tratamento de saúde

Em Maceió, Apae e UTI de hospital particular realizam sessões de terapia com o auxílio de som, ritmo e melodia

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 25/01/2020 10h04
Música é utilizada em tratamento de saúde
Reprodução - Foto: Assessoria
Que a música tem importantes efeitos sobre o corpo e a mente, isso é de conhecimento geral, mas a música tem sido aliada no desenvolvimento de terapias para pacientes com diferentes quadros clínicos. Na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Maceió, por exemplo, crianças com autismo tem apresentado significativa evolução. Já na UTI de um hospital particular, também na capital, a música tem servido como estímulo. De acordo com a psicóloga Alice Luna que trabalha há seis anos com grupos de crianças com autismo, a música é um importante aliado e vem sendo seu objeto de estudo há algum tempo. “Desde a época da graduação em Psicologia comecei a estudar o autismo e como já era musicista queria encontrar uma forma de inserir a música no meu trabalho. Foi então que iniciei minhas pesquisas e vi que já haviam muitos estudos que já comprovam que música na terapia de pessoas com autismo trazia respostas positivas. Meu trabalho de conclusão de curso foi nessa área e continuei a pesquisar sobre isso após a graduação. Quando o Cuida-Apae foi criado fui convidada a desenvolver com as crianças um trabalho que até então eu só tinha conhecimento teórico: trabalhar música com crianças com autismo”. Os resultados são percebidos aos poucos. Em muitos casos, a evolução permite que crianças que não conseguiam nenhuma interação realizarem até apresentações em público. “Em muitas crianças foi possível observar resultados em pouquíssimo tempo de atendimento. Crianças que não manifestavam interação social demonstravam interesse em explorar os instrumentos. Crianças que não falam de repente começaram a cantar junto comigo. Então foi possível diante de tantas respostas positivas elaborar estratégias terapêuticas, plano terapêutico individual, tudo que se faz em qualquer outra terapia. Após seis anos de instituição hoje temos crianças que antes não olhava, não interagia, hoje tocando teclado e se apresentando em público. Por exemplo, no final do ano passado fizemos um auto de Natal num teatro, onde as crianças puderam vivenciar um momento de artistas, dançaram, cantaram e apresentaram pra suas famílias. Um momento de muita emoção e superação”, detalha a psicóloga. Uma das crianças atendidas é Lucas, de 10 anos. Lucas é filho de Simone Luzia Santos da Silva, que considera como positiva a evolução do menino. “Percebi muitos benefícios, muitos mesmo. Aumento da concentração; socialização; interesse pelo outro (incomum em autistas), fora que ele se apaixonou por música. Ele faz musicoterapia há cinco anos. A musicoterapia também o ajudou a diminuir a ansiedade e as estereotipias”, conta. Segundo Simone, a música ultrapassou as barreiras do ambiente de terapêutico, e em sua casa a paixão de Lucas por música segue firme. “Ele criou uma afinidade com a música de uma forma bem sensível. Tem uma memória excelente para notas e músicas. Tem uma memória musical fora de série”, avalia a mãe. Estimulação rítmica ajuda a melhorar socialização Os resultados práticos evidenciam o que acontece dentro da mente durante a exposição à música. De acordo com o neurocirurgião Thiago Fortes, a música atua diretamente no sistema límbico do cérebro (região responsável pelas emoções, pela motivação e pela afetividade), com isso há uma melhora na socialização e ajuda na produção de endorfina, hormônio ligado à sensação de bem-estar nos indivíduos. Além disso, a música também pode ajudar no combate à depressão, estresse, ansiedade, alívio de sintomas de doenças como hipertensão e câncer, e no tratamento de pacientes com dores crônicas. No tratamento de pacientes com Parkinson, por exemplo, a música pode minimizar os distúrbios causados pela doença que afetam a fala, a voz do paciente e a coordenação motora. “Os exercícios praticados nas intervenções musicais permitem que através da estimulação rítmica se obtenham resultados a nível dos sintomas motores. Os doentes de Parkinson, após treino rítmico, conseguem ter um caminhar mais simétrico, reduzindo o risco de queda e melhorando a sua postura”, afirma o neurocirurgião. (Com assessoria)