Saúde

'Muitos pensam que são fortes e não adoecem', diz psicólogo sobre saúde masculina

Para especialista, cuidados com a saúde do homem ainda são envoltos em muito preconceito e tabus na sociedade

Por Texto: Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 17/11/2018 11h29
'Muitos pensam que são fortes e não adoecem', diz psicólogo sobre saúde masculina
Reprodução - Foto: Assessoria
O mês de novembro é dedicado à prevenção do câncer de próstata, mas o período serve também para conscientização de cuidados com a saúde do homem. O Ministério da Saúde aponta que homens entre 20 e 29 anos morrem mais por causas externas do que mulheres. A falta de preocupação e cuidados com a saúde e a maior exposição a riscos são determinantes, segundo o órgão. A Tribuna Independente conversou com o psicólogo Edberto Lessa sobre a relação do homem com esses aspectos.   Tribuna Independente - Historicamente, a preocupação com a saúde do homem sempre foi delegada, este ainda é um fato preponderante em nossa cultura? Edberto Lessa - “Ainda é muito presente essa coisa do homem machista, do ‘super-homem’, do homem poderoso que suporta, que não chora, que não sente dor. Isso ainda é muito arraigado em nossa sociedade. É um aspecto muito forte também no Nordeste, do homem como superior, o que infelizmente sabemos que não existe, muitos pensam que não adoecem ou são fortes e não irão se abater. Não há diferenças em relação ao alcance das doenças. Pelo contrário, a mulher acaba saindo na frente com os cuidados”. Tribuna Independente - No caso específico do câncer de próstata, quando a doença é detectada com antecedência a chance de cura é de 90%, mesmo assim, ainda há muito tabu envolvendo o diagnóstico? Edberto Lessa - “Em consultório a gente percebe que até a procura por tratamento psicológico é muito maior de mulheres, eu por exemplo tenho mais pacientes mulheres do que homens. No caso da próstata ainda há aquele receio, aquele medo em relação ao exame que detecta a doença. Neste aspecto a conscientização se faz cada vez mais importante para que o home viva mais sem tanto sofrimento. No caso de um homem com um câncer de próstata em uma situação extrema é muito difícil. Então porque não procurar? O homem ainda apresenta aquela resistência, há aquela gozação sobre o exame, mas a preocupação deve ser com a doença”. Tribuna Independente - Porque a conscientização é tão importante? Edberto Lessa - “Na maioria dos casos o homem só procura se cuidar quando há sintomatologia, quando o homem começa a sentir alguma coisa. Não há esse cuidado, essa prevenção. Até muitas vezes ocorre automedicação com receio de ir para o médico. Mas quanto mais houver consciência da importância de um check-up tanto de próstata, quanto do coração, prevenção de AVC, melhor. São situações que devido a uma vida estressante, se o homem quiser viver mais tem que procurar se tratar, se cuidar mais. Principalmente se houver vícios como bebida e cigarro, o risco aumenta”. Tribuna Independente - Em sua avaliação, as mulheres dão mais atenção aos indícios de doenças? Edberto Lessa - “Realmente, até nas estatísticas o homem acaba morrendo mais cedo, não por ser ‘mais fraco’, mas porque a mulher se cuida mais. À medida que procura mais por médicos, tem maior cuidado, faz check-up. O homem tem muito aquela coisa de se sentir mais forte, muito embora entre homem e mulher não há diferença entre doença e envelhecimento, o cuidado precisaria ser igual. É um tabu histórico, apesar disso, já foi pior”.