Saúde

Número de transplantes cresce em Alagoas

Foram 90 em 2016 e 134 procedimentos no ano passado; este ano, já são 94 e córnea ainda é o órgão mais transplantado

Por Daniele Soares com Tribuna Independente 31/08/2018 08h11
Número de transplantes cresce em Alagoas
Reprodução - Foto: Assessoria
O número de transplantes no estado tem aumentando consideravelmente. De acordo com um levantamento do portal Governo do Brasil, o país vive o melhor cenário de doações em 20 anos e, em Alagoas não é diferente. Os dados referem-se aos anos anteriores a 2018 e foram coletados junto à Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO). Em 2016 foram aproximadamente 90 transplantes no Estado, e, em 2017 foram feitos 134, entre córnea, rins e coração. Este ano, até o último levantamento neste mês, registrou 94 transplantes. Dentre os órgãos mais transplantados, córnea se destaca com um número bem mais expressivo que os demais. Motivo de comemoração, já que representa uma retomada após alguns anos de retração quanto ao número de transplantes efetivos. Para a coordenadora da Central de Transplante de Alagoas, Daniela Ramos, uma série de fatores contribui para essa melhora após anos em estado de alerta. “Além do nosso trabalho em equipe, a Central de Transplantes não funciona sozinha. A sensibilização dos demais setores envolvidos também tem feito a diferença. Nós temos quatro equipes que realizam transplantes de rins, uma equipe que realiza o de coração e em média oito equipes para córneas. À medida que a gente consegue o doador, essas equipes já estão articuladas para poder realizar os transplantes. Essa sinergia influencia bastante para o melhor desenvolvimento do serviços”, explica Daniela. Porém, diante do visível crescimento, dentre o número de órgãos transplantados, coração ainda é o de menor volume. Conforme o cirurgião cardíaco José Wanderley Neto, uma das razões clássicas para tal feito é a falta de consentimento dos familiares, e outra razão é a demora na tomada da decisão dos mesmos. “Assim que acontece a morte cerebral, os outros órgãos também começam a falecer, se não apressar o processo de doação, eles correm o risco de não estarem aptos para o transplante. Com o coração a situação é mais crítica, pois, esse órgão suporta um período máximo 4h de espera. Então é necessário que familiares e responsáveis sejam conscientes da importância na celeridade de tal feito”, afirmou o cirurgião. Conscientização, comunicação e amor ao próximo são essenciais   Ainda existe polêmica quando se trata de doações de órgãos. Seja por medo ou por falta de informação. Muitas pessoas deixam de ser transplantadas pelo preconceito em relação ao tema. Conversar com a família é essencial quando se tem o interesse de ser um doador.  Dessa forma a possibilidade de negar um pedido caso seja possível fazer o transplante, é bem menor. De acordo com a pedagoga Taísa Paulino, doar órgão é eternizar-se em vida. Para ela, esse ato simboliza amor ao próximo e a família toda já foi informada do seu desejo. “Se eu doar algo e conseguir viver normalmente, não tenho porque não doar. Em caso de morta, já não vai servir mais pra nada mesmo. Também acho que para lembrarem-se de mim, não precisa necessariamente ter uma cova com o meu nome, mas sim, as marcas que irei deixar na vida de quem me conheceu”. Informa Taísa, que diz ter fortalecido ainda mais seu pensamento, após levar seus alunos para uma aula prática sobre o sistema respiratório, no Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBI): “Inclusive, uns dias atrás, levei meus alunos ao CCBI e percebi o quanto é importante, além de doar órgãos, doar também seu corpo para estudo, como forma de ajuda para tantos formandos de diversas graduações da área da saúde”, conclui. [caption id="attachment_139659" align="aligncenter" width="700"] Coordenadora da Central de Transplantes em Alagoas, Daniela Ramos fala sobre o trabalho em equipe (Foto: Ascom/Sesau)[/caption] TRANSPLANTAÇÃO Após a morte cerebral, a Central de Transplantes é imediatamente notificada da existência de um possível doador de órgãos, em seguida, após exames que comprovem a possibilidade de doação, ainda em tempo hábil, a família é comunicada. Caso ela autorize formalmente, o candidato que está na lista de espera é submetido ao transplante. Já quando se trata de transplante de coração, a fila de espera é por ordem de chegada e prioridade de risco de morte, além de compatibilidade com o doador. Atualmente Alagoas transplanta apenas três órgãos, coração, rins e córneas. Porém, existe uma equipe se articulando para fazer também o transplante de fígado. Enquanto isso, elas apenas fazem captação do órgão. Em seguida, a Central de Transplantes oferta o órgão para a Central Nacional de Transplantes, que, de acordo com o cadastro único do sistema nacional, por sua vez, o ofertará para o estado selecionado no ranking, já que fatores como compatibilidade e tipagem sanguínea influenciam na seleção. Ainda conforme a Central de Transplante em Alagoas, recentemente um fígado foi ofertado para um receptor em Fortaleza. Em casos como este, a Força Nacional de Segurança Pública é acionada, e, por meio da Força Aérea Nacional (FAB), ocorre o traslado do órgão até o local no qual o candidato será submetido à cirurgia.