Saúde
Postos de saúde funcionam de forma precária no bairro Cidade Universitária
Usuários reclamam de estrutura deficitária, insuficiência de atendimento e insegurança
Precariedade é a definição encontrada por usuários e funcionários para descrever a situação das Unidades de Saúde do bairro Cidade Universitária, em Maceió. As queixas comuns são estrutura deficitária, insuficiência de atendimento e insegurança. A reportagem do jornal Tribuna Independente esteve no Village Campestre I e II, e Graciliano Ramos para acompanhar a rotina caótica das unidades.
No Village Campestre II, o funcionamento da unidade acontece no improviso. Desde fevereiro do ano passado os serviços são realizados em três salas da Vila Olímpica Lauthenay Perdigão, quando o prédio alugado foi fechado para reformas. Em meio às caixas de prontuários e móveis aglomerados, os funcionários ‘se viram’ para atender a população.
Francisco de Paula, assistente administrativo da unidade relatou que os servidores têm suas atividades comprometidas e outros serviços foram adaptados para que a população não seja prejudicada. Os curativos, por exemplo, têm sido feitos apenas nos domicílios.
A sala onde são feitos os planejamentos e reuniões serve como arquivo para prontuários e também como depósito para ar condicionados, equipamentos de odontologia, lixeiros, vassouras e a antiga placa da unidade. Além disso, há falta de computadores e internet direta.
“Estamos funcionando em horário reduzido, temos feitos os atendimentos diários, mas a situação é precária. A odontologia não está funcionando, nem as vacinas e sem computador fica ruim para as meninas realizarem os serviços”, conta.
Tarsys Gama, vice-presidente do Sindicato dos Servidores da Secretaria Municipal de Saúde (Sindsaúde), afirma que “as condições dos servidores são degradantes. O problema é que o servidor não tem sido valorizado”.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), o funcionamento dos serviços “segue um padrão de decisões tomadas para assegurar o atendimento da população enquanto as unidades de saúde são reformadas ou as novas estruturas, construídas”.
Sobre o comprometimento das atividades, a SMS afirmou que o espaço reduzido tornou inviável a oferta de vacinas e consultas odontológicas no local e reconheceu que os serviços que não estão sendo ofertados têm sido encaminhados para unidades próximas.
A nova unidade, em construção, está com 80% das obras concluídas e tem previsão de entrega para o primeiro semestre deste ano, explicou a assessoria do órgão.
“Eu achava que no Village nem tinha posto”, diz moradora
Como a demanda não tem sido suprida na unidade do Village Campestre II, a população tem recorrido ao posto de saúde do Graciliano Ramos para conseguir atendimento. Moradora do Village II, a gestante Sulamita Matos procurou a unidade porque não sabia que ainda havia atendimento no posto de sua localidade. “Eu vim para cá porque achava que lá nem tinha posto”.
A jovem Jéssica Ramos, de 17 anos, também mora no Village II e leva a filha Bruna, de apenas 1 ano, à unidade do Graciliano para vacinar.
“No Village não tem vacina. Aí, levo para o Graciliano. E, quando preciso de médico, tento no Village. Mas nem sempre tem, nem todos os médicos estão funcionando”.
(Foto: Sandro Lima)
No posto do Village, saúde está de 'cabeça para baixo'
A unidade do Graciliano Ramos oferta atendimento misto, isto é, concentra demanda espontânea e Programa de Saúde da Família (PSF).
“Vem gente do Village, vem gente até do Vergel para cá por conta do atendimento. A demanda é grande e a oferta no sistema Cora [Complexo Regulador de Maceió] é pouca. Aí, acarreta no posto. Aí, pensam que o problema é no posto. Falta um pouco de atenção ao Cora para que ocorram as marcações”, explica o diretor Paulo César Silva.
Sobre o comprometimento das atividades, a SMS afirmou que o espaço atende às possibilidades encontradas pela secretaria e reconheceu que os serviços que não estão sendo ofertados têm sido encaminhados para unidades próximas.
Vândalos passam a noite em unidade
A Unidade Básica de Saúde do Village Campestre I, inaugurada há oito meses, reúne queixas de insegurança. Três arrombamentos foram registrados, no mais recente, ocorrido na última sexta-feira (13), a bomba de água foi levada.
Sidney Oliveira, servidor da unidade, conta que, certa vez, vândalos invadiram a sala de reuniões e passaram a noite. “Quando chegamos pela manhã encontramos garrafas de bebidas, copos e drogas. Eles usaram a sala de reuniões da unidade de saúde para beber e fumar”.
A revolta dos servidores gerou um abaixo-assinado que será encaminhado à SMS. Segundo Sidney, esse foi o recurso encontrado para pressionar o poder público após diversas solicitações de segurança para o local.
(Foto: Sandro Lima)
Inaugurado há seis meses, posto do Village I tem clima de insegurança
A merendeira Rosuleide Souza é usuária da unidade do Village Campestre I e faz parte do Conselho Gestor. Ela reconhece que o prédio novo é um avanço para o posto de saúde que funcionava há 15 anos no mesmo local, mas aponta deficiências na nova unidade.
“Para mim só fez mudar de local. Você vem aqui para marcar um exame e não consegue. Não tem vaga. É um protocolo. Não tem ginecologista. Como é que nós mulheres, que precisamos de um ginecologista, chega num posto e não tem?”.
A SMS esclareceu que tem agido para solucionar o problema. “Foram realizadas diversas reuniões com a Secretaria de Segurança Pública para garantir a segurança desses locais. Durante as reuniões, a gestão também solicitou reforço na segurança de algumas unidades com a realização de rondas periódicas, levando mais segurança a profissionais e usuários do serviço”, explicou.
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