Saúde
Alagoas pode ter uma epidemia de chikungunya em 2017, diz médico reumatologista
Número de mortes causadas pela chikungunya já supera a dengue e a zika
Atualizada em 23/12/2016 às 17h
Um surto de chikungunya pode acontecer em Alagoas no ano de 2017. Segundo o médico reumatologista da Santa Casa de Maceió, George Christopoulos, os dados para um possível surto são baseados em evidências científicas e nos casos que aconteceram em outras partes do mundo. “A taxa de acometimento da população em cidades que sofreram com surtos de chikungunya nos diz que entre 35% a 62% da população poderá ser atingida”, afirma George à reportagem do Tribuna Hoje.
O mosquito Aedes aegypti é o transmissor da dengue, zika e chikungunya. Segundo o médico reumatologista, de cada 10 pacientes com zika, apenas uma pessoa apresenta algum sintoma, porém, quando o assunto é chikungunya, a situação muda de cenário para pior. “De cada 10 pacientes contaminados com chikungunya, nove terão algum sintoma. Se o sistema quase entrou em colapso no surto de zika, imaginem o que pode acontecer com uma epidemia de chikungunya”, diz. O médico ainda alerta que 30% das pessoas com chikungunya sofrerão com dores crônicas que podem ultrapassar três meses, e muitos poderão ter dor, por causa da doença, por alguns anos.
George Christopoulos afirma que, se a crise vier como aconteceu em outras cidades pelo mundo, “não haverá a menor capacidade dos sistemas público e particular de darem assistência a todos os enfermos”. “Médicos da assistência básica não estão preparados para atender aos portadores de tal patologia. As manifestações clínicas da chikungunya não são fáceis de serem resolvidas”, diz. George também fala que, além das três principais doenças causadas pelo mosquito em Alagoas, ainda existe a possibilidade de aparecer uma doença chamada ‘mayaro’, também transmitida pelo Aedes aegypti. O médico afirma que já há casos de ‘mayaro’ no Brasil e que é grande a possibilidade da enfermidade chegar a Alagoas.
Tratamento
O número de mortes causadas pela chikungunya já supera a dengue e a zika na região Nordeste. Segundo o médico, essa constatação é da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). “Os tratamentos variam desde analgésicos na fase aguda até corticosteroides na fase subaguda e medicações antirreumáticas nas fases subagudas e crônicas. Os custos do tratamento serão altos para aqueles que evoluírem para a fase crônica”, diz o médico.
George ainda afirma que, se houver o possível surto da doença, pode haver pacientes com problemas neurológicos graves, além de pessoas com problemas cardíacos. “A população idosa será a que mais sofrerá, sem dúvida”, afirma George.
Quanto a afastamentos de pessoas do trabalho por causa da chikungunya, o médico relata que, na Santa Casa, houve afastamentos de pacientes por quase o dobro do tempo do que os que contraíram zika ou dengue.
Número de casos
Alagoas registrou aumento em casos de chikungunya. Segundo dados da Secretária Estadual de Saúde (Sesau), de janeiro a outubro de 2016 foram registrados 17. 474 casos da doença. O número é quinze vezes maior do que o do mesmo período de 2015, quando foram contabilizados apenas 1.163 casos, e representa um aumento de 1.400%. O número de Alagoas é bem maior que o nacional. No Brasil, de acordo com divulgação do Ministério da Saúde no dia 24 de novembro, houve um aumento de 850% no número de casos. Os dados são do Levantamento Rápido do Índice de Infestação pelo Aedes aegypti.
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