Saúde

Ministério da Saúde diz que número de mortes por Aids cresce 120% em Alagoas

Número a cada 100 mil habitantes saltou de dois em 2006 para 4,4 em 2015

Por Tribuna Independente 02/12/2016 10h33
Ministério da Saúde diz que número de mortes por Aids cresce 120% em Alagoas
Reprodução - Foto: Assessoria

Alagoas é o estado que apresentou maior aumento de morte por Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (Aids) nos últimos cinco anos. O coeficiente de mortalidade subiu 120%, de acordo com Boletim Epidemiológico de HIV e aids, apresentado na última quarta-feira (30) pelo Ministério da Saúde. Os dados mostram que o número de mortes por 100 mil habitantes saltou de dois em 2006 para 4,4 em 2015.

Em seguida vem o estado do Maranhão com aumento de 94%. Lá, número de morte saltou de 3,5 para 6,8. Terceiro estado com maior crescimento é o Pará com um índice de 75%. Número saiu de 4,9 para 8,6.

Apesar do alto crescimento, Alagoas não é o estado com o maior número de morte por 100 mil habitantes em 2015. O maior índice foi apresentado pelo Rio Grande do Sul (10,2), seguido dos estados do Rio de Janeiro e Amapá, ambos com 8,7, e do Pará (8,6).

A maioria dos estados brasileiros tiveram aumento dos números. Porém, oito unidades da federação apresentaram declínio do coeficiente de mortalidade padronizado de aids entre os anos de 2006 e 2015. São eles São Paulo (-46,9%), Distrito Federal (-23,7%), Minas Gerais (-16,7%), Rio Grande do Sul (-13,7%), Paraná (-13,0%), Mato Grosso (-12,5%), Espírito Santo (-9,4%) e Rio de Janeiro (2,2%).

HIV

A taxa de detecção de casos do vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) também cresceu em Alagoas. O índice de crescimento foi de 48% no período de 2006 a 2015.

O Estado ocupa a 9ª posição no ranking do País, na frente do Piauí e Ceará. O primeiro colocado é o Pará com 91% de taxa de detecção do HIV, seguido do Maranhão (83%), Sergipe (76%), Acre (66%), Tocantins (61%), Rio Grande do Norte (54%), Paraiba (52%) e Amazonas e Roraima, ambos com 50%. No País todo, apenas sete estados conseguiram reduzir a taxa de detecção — São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Distrito Federal, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Espírito Santo.

Os números mostram que jovens de 18 a 24 anos permanecem como o grupo mais vulnerável em meio à epidemia no país. A infectologista Mardejane Lemos, que é coordenadora Municipal do Programa de Imunização DST/Aids, explicou que o HIV é o agente causal da Aids. E a Aids é o estado mais avançado da infecção e se estabelece quando o HIV já destruiu o sistema imunológico (de defesa) da pessoa portadora do vírus.

Segundo a especialista, mais de 400 casos foram registrados este ano em Alagoas. “Dados oficiais dão conta de que ocorre um óbito a cada três ou quatro dias no Estado. Porém, o número é bem maior, pela minha experiência de trabalho no Hospital Hélvio Auto. Os jovens estão cara vez mais vulneráveis, sobretudo os de classe média”.

“Tornou-se comum, já não se fala mais na Aids e as pessoas não demonstram medo de contrair, e isso acaba reduzindo a adesão ao preservativo. Mesmo que as notificações tenham aumentado, o Estado segue com um indicador ruim”, avaliou.

O ministro da Saúde, Ricardo Barros, avaliou que os jovens, de modo geral, não mantêm o hábito de frequentar unidades de saúde. Ele lembrou que o grupo é “de difícil convencimento”, por exemplo, quando o assunto é vacinação. “Eles se acham saudáveis e são mesmo. Mas não sentem que precisam ir ao posto de saúde se proteger”, disse. “Mesmo nas campanhas para vacinação nas escolas, a recusa é muito grande”, completou.

A infectologista destaca que 40% da população de Alagoas descobre o vírus com a doença já avançada, com a imunidade muito baixa, e 25% na fase tardia. Para ela a continuidade do tratamento é o maior desafio por serem medicações de uso continuo, isto é, pelo resto da vida. A taxa de abandono gira em torno de 10% a 15% em Alagoas. “Hoje o indivíduo diagnosticado faz o uso oral de apenas um comprimido composto das três medicações que atacam o vírus por ‘portas’ diferentes. Quanto mais cedo chegar ao diagnostico melhor”, destacou. 

De acordo com a coordenadora, o atendimento ambulatorial está frequente. Já o hospitalar está problemático devido à falta de material no Hélvio Auto. “Estamos realizando 100 exames gratuitos até esta sexta-feira no Hélvio Auto, PAM Salgadinho, Hospital Universitário e outras unidades de saúde e em meia hora temos o diagnóstico”, garantiu.