Símbolo da cultura popular de Arapiraca, no Agreste de Alagoas, as destaladeiras de fumo seguem preservando e ecoando as histórias e os ritmos que marcaram a cidade nos tempos em que era conhecida como a "capital brasileira do fumo". Um grupo formado por sete mulheres se apresenta nesta terça-feira (23), às 19h, no Theatro Homerinho, com entrada gratuita.

A apresentação integra o projeto Giro das Tradições – No Caminho da Cultura Viva, que tem como objetivo valorizar e registrar saberes populares, garantindo que manifestações como as das destaladeiras continuem sendo contadas, vividas e admiradas por novas gerações.

Vozes que atravessam o tempo

As cantigas que o grupo entoa foram criadas nas longas madrugadas de trabalho, quando as mulheres passavam horas retirando os talos das folhas de fumo, no processo conhecido como destalagem. Para enfrentar o cansaço, embalavam a lida com vozes firmes e melodias próprias, que deram origem às chamadas "cantigas de salão de fumo".

O trabalho começava nas plantações, com a colheita e a secagem das folhas. Em seguida, já nos salões e armazéns, vinha a etapa da destalagem e seleção das folhas, que depois seriam enroladas em rolos para o beneficiamento. O esforço manual intenso deu origem a uma expressão artística espontânea, carregada de força e identidade cultural.

Com o declínio da produção de fumo na região, a atividade perdeu espaço, mas as memórias e os cantos das destaladeiras resistiram. Hoje, o grupo representa um elo vivo entre o passado e o presente, mantendo viva uma das mais fortes tradições da cultura arapiraquense.

A apresentação desta terça-feira é uma oportunidade de reencontro com as raízes da cidade, celebrando o protagonismo feminino e a riqueza do saber popular que moldou parte significativa da história de Arapiraca.