Política

Alagoas leva experiência pioneira contra desinformação em missão brasileira que observa eleições em Portugal

Secretário de Comunicação Wendel Palhares, vice-presidente do CNSECOM, compartilha com comitiva internacional as ações propostas pelo Núcleo de Integridade de Informação de Alagoas

Por Agência Alagoas 12/10/2025 13h20 - Atualizado em 12/10/2025 15h43
Alagoas leva experiência pioneira contra desinformação em missão brasileira que observa eleições em Portugal
Wendel Palhares compartilhou propostas pelo Núcleo de Integridade de Informação de Alagoas - Foto: Agência Alagoas

A missão brasileira em Portugal, que acompanha as eleições autárquicas (municipais) portuguesas para mapear estratégias de transparência e combate a boatos, conta com a expertise de Alagoas em seu grupo de trabalho. O estado, que já possui um Núcleo de Integridade de Informação e um Observatório de Desinformação – fruto de uma parceria pioneira com o Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas (TRE-AL) –, contribui com um caso concreto de sucesso para o intercâmbio de conhecimentos.

Liderada pelo Conselho Nacional de Secretarias Estaduais de Comunicação (CNSECOM), a comitiva tem uma prioridade: voltar ao Brasil com soluções testáveis — do desenho das mensagens de interesse público ao uso responsável de inteligência artificial (IA) — que ajudem governos estaduais e prefeituras a enfrentar desinformação, fortalecer a confiança e melhorar a prestação de serviços.

O vice-presidente do CNSECOM e secretário de Comunicação de Alagoas, Wendel Palhares, que integra a delegação, explica a missão como oportunidade de aprendizado mútuo. “A comunicação pública é tecnologia de confiança. Observar as eleições em Portugal é aprender, no terreno, como Estado, universidades e imprensa organizam respostas a boatos, moderam o debate e entregam informação útil ao cidadão — sem discutir a urna, mas o ecossistema que sustenta a democracia.”

Alagoas na Vanguarda: Da Teoria à Prática


Enquanto a missão busca inspiração em Portugal, Alagoas demonstra na prática como esse aprendizado pode ser aplicado. A existência do Núcleo de Integridade de Informação coloca o estado um passo à frente, servindo como um laboratório vivo das melhores práticas que a comitiva agora estuda no exterior.





“Estamos em um momento único. Observamos as soluções portuguesas trazendo na bagagem a experiência alagoana, que já está em fase operacional. O nosso Observatório, criado com o TRE-AL, é a materialização do que discutimos em fóruns internacionais: uma cooperação institucional robusta para proteger o debate público”, destaca Palhares. A iniciativa integra a preparação do I Summit de Comunicação Pública Lisboa–Brasil, em novembro, na Universidade de Lisboa.

Academia como Aliada Estratégica


A agenda do grupo inclui visitas a locais de votação e reuniões técnicas para entender fluxos de informação em dia de pleito. Um foco explícito é a interlocução com universidades, algo que Alagoas já internalizou.

“Sistemas são diferentes — Portugal unitário, Brasil federativo —, mas os padrões de comportamento eleitoral e de circulação de desinformação dialogam”, afirma a doutora em ciência política e diretora do Instituto de Ciências Sociais da Universidade Federal de Alagoas, Luciana Santana, que também integra a missão. “A academia entra com método: mapeia narrativas, identifica atores, mede impacto e oferece evidência para a decisão do gestor.”





Em Alagoas, essa proximidade já rendeu frutos, como a criação de bolsas de mestrado dedicadas à integridade da informação e a abertura de bases de dados a pesquisadores.

Transformando Observação em Ação


Na prática, o CNSECOM, com a contribuição de Alagoas, pretende transformar a observação em protocolos que sirvam a todo o Brasil. A missão em Portugal testa “etnografia rápida” de desinformação, varrendo boatos recorrentes para avaliar respostas oficiais.

“Esclarecer não é simplificar: é organizar problemas complexos com dados, ouvir a academia e entregar políticas comunicacionais previsíveis”, diz Palhares. O objetivo é produzir uma matriz de resposta rápida que possa ser adaptada por estados brasileiros, um caminho no qual Alagoas já começou a trilhar com sua estrutura local.

A missão também recolherá práticas de uso responsável de IA generativa para comunicação de serviço, com a diretriz dupla de rigor humano na validação e registro de trilhas de auditoria.

No balanço final, Palhares vê um caminho de mão dupla, onde Alagoas tem um papel ativo. “Há muito o que Portugal e Brasil podem ensinar um ao outro. Levar a experiência do nosso Núcleo de Integridade para este debate internacional mostra que Alagoas não só acompanha as melhores práticas globais, mas também as implementa e inova, colocando-se na vanguarda da defesa da informação e da democracia no Brasil.”