Na última quarta-feira (14), como esperado, o nome da procuradora Marluce Caldas (MP/AL) foi aprovado pelo Senado para ocupar a vaga de ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Com mais esta etapa vencida, os olhares em Alagoas se voltam para o destino político de JHC (PL), prefeito de Maceió, e sobrinho de Marluce. Na Câmara Municipal de Maceió, os vereadores mantêm a cautela ao comentar o assunto. Alguns prometem ruptura em caso de aproximação com Lula (PT), outros garantem que apoiam qualquer movimento.

A dúvida que paira no ar é sobre as eleições de 2026, se o prefeito vai disputar as eleições para o cargo de governador ou senador, e também sobre a mudança de legenda partidária para alguma alinhada com o presidente Lula, responsável pela indicação de Marluce em julho deste ano.

Kelmann Vieira (MDB), líder de JHC na Câmara, redobra a cautela e direciona os comentários no sentido de apoiar incondicionalmente o aliado.

“Não tenho tratado especificamente sobre 2026 com o prefeito, mas hoje, na condição de líder do governo e parte do grupo do prefeito, irei apoiá-lo em qualquer decisão que venha a tomar, como também irei seguir as suas orientações. Neste momento, estou focado em ajudá-lo, juntamente com o presidente da Câmara de Vereadores, Chico Filho [PL], e todos da bancada de situação, a fazer Maceió seguir avançando cada vez mais”, argumenta.

Sobre o possível acordo, Kelmann diz não acreditar que tenha acontecido. “Como o próprio prefeito JHC disse ontem [quarta, 13] em Brasília, a doutora Marluce Caldas foi escolhida por mérito próprio, por sua trajetória profissional e por tudo que exerceu enquanto membro do Ministério Público Estadual. Sua indicação não foi condicionada ou é fruto de qualquer entendimento político visando as eleições de 2026, pois o currículo e o conhecimento da agora Ministra é suficiente para fazê-la chegar aonde chegou”.

Mas, esta condição política que se apresenta não é unanimidade. Há setores mais conservadores que ameaçam uma ruptura com JHC caso ele faça o movimento de se aliar ao governo Lula. Em julho, o vereador Leonardo Dias (PL) chegou a declarar à Tribuna Independente. “Estou acompanhando as notícias e irei aguardar as movimentações políticas para definir meus passos, mas que jamais apoiarei Lula e Calheiros”, disse na ocasião.

Em julho, quando Lula assinou a indicação de Marluce, houve uma reunião em Brasília entre diversas lideranças de diferentes grupos de Alagoas. Muitas imagens foram publicadas, nenhuma informação concreta sobre o que foi dialogado por lá. As especulações circularam, e a ideia mais forte foi de que haveria um acordo em que Jota sairia do PL, e que abriria mão de uma candidatura em 2026, evitando o confronto com Renan Filho (MDB) no governo e deixando as vagas do senado para Renan Calheiros (MDB) e Arthur Lira (PP).

A informação nunca foi oficialmente confirmada, mas os movimentos, principalmente da base do MDB, estavam dando sinais de proximidade. Na prática, o prefeito se manteve em silêncio até a sabatina da tia. Ele não mudou de partido, nem fez movimentos claros sobre uma possível candidatura. Apesar das postagens e falas dos Calheiros, nem sequer respondeu publicamente às gentilezas.

Na semana passada, a mãe de JHC, senadora Eudócia Caldas (PL), foi cobrada pela base de oposição por não ter assinado o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF), isso foi interpretado como um gesto para proteger a indicação de Marluce.

Durante a sabatina, Renan Calheiros fez questão de destacar as presenças de João Caldas (PDC) e JHC, pai e filho, e elogiar a atuação política no estado. JHC segue sem mencionar o assunto em suas redes sociais, o canal de comunicação preferido com sua base.