Em caravana pelo Brasil inteiro para angariar apoio popular na campanha contra um processo de cassação considerado por muitos como perseguição política injusta, o deputado federal Glauber Braga (PSOL/RJ) esteve ontem em Maceió participando de extensa agenda com lideranças populares e movimentos sociais.
Em entrevista à reportagem da Tribuna Independente, o parlamentar afirmou que está sendo alvo do deputado federal e ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP/AL), e acredita que venceu a batalha social.

Glauber Braga enfrenta um processo no Conselho de Ética da Câmara, acusado de quebra de decoro parlamentar após um incidente com um militante do Movimento Brasil Livre (MBL) em abril de 2024. O deputado alega que reagiu a provocações e ofensas direcionadas à sua mãe, então hospitalizada, e denuncia que o processo é uma retaliação por sua postura combativa de denúncia do Orçamento Secreto e da gestão de Arthur Lira. O pedido de cassação de Glauber Braga foi aprovado pelo Conselho de Ética no dia 8 de abril deste ano.

Otimista sobre o desfecho do processo, ele aposta que será uma derrota para Arhur Lira.

“Quando eu paro cinco minutos no plenário da Câmara, deputados das mais variadas correntes políticas vem conversar comigo e dizer isso ‘eu não voto contra você, não voto a favor dessa cassação, é injusto’. Então é uma percepção que também está baseada em retorno dos próprios parlamentares no cotidiano. Militantes percorreram todos os gabinetes de Brasília e os deputados estão vindo conversar comigo voluntariamente e repetem esse mesmo discurso. Por isso essa minha percepção, de que eles não vão conseguir aprovar a cassação, mais especificamente ele [Arthur Lira]”.

Segundo ele, nas conversas com os colegas parlamentares, Arthur é sempre mencionado. “Normalmente eles concluem dizendo que até então Arthur Lira estava irredutível. Mas essa designação de que se trata de uma injustiça para além de uma avaliação que é social, é hoje também parlamentar institucional”.
Glauber garante que o fato de estar em Alagoas não mudou nada na caravana.

“Eu não me sinto intimidado porque estou sendo muito acolhido pelas pessoas, pelo movimento. Desde o aeroporto, cada região e cada lugar que tenho passado são com pessoas que estão acolhendo essa luta, então não sinto e não penso em intimidação. O que eu vou fazer em Alagoas é o que eu fiz no conjunto dos outros estados. Fazer a minha defesa, apresentar as minhas razões, mostrar o que está acontecendo, receber a solidariedade das pessoas e conversar livremente sobre o conjunto desse processo do início até o fim. Eu só tenho a agradecer essa solidariedade, esse acolhimento que tenho recebido em todas as regiões”, disse o deputado federal.

Perguntado sobre uma possível derrota, ele promete resistir.

“Primeiro eu estou confiante que nós vamos reverter e que eles não vão aprovar [a cassação]. Eu sou um militante, eu sou um militante de esquerda, militante socialista eu vou ser militante pro resto da minha vida. Eu estou deputado federal, e em respeito às pessoas que votaram em mim e àquelas que não votaram, mas têm referência no mandato, eu vou utilizar todos os instrumentos na defesa no mandato contra a cassação. Então já perguntaram ‘vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal?’ Se for necessário, vou. Mas eu acho que não vai chegar a esse ponto, de precisar de um recurso judicial para restabelecer uma posição que é de justiça”.
Na leitura do parlamentar, a parte mais importante da mobilização é o retorno que tem recebido.

“Qualquer movimentação que o mandato faça, ela não substitui aquilo que está sendo a solidariedade das pessoas. Porque tem uma aposta política aqui. Tem uma convicção de que a gente tem que se mobilizar junto com o povo e não exclusivamente através dos mecanismos institucionais. Eu vou dialogar com o deputado que queira que eu apresente os argumentos? Vou. Mas isso não vai substituir a mobilização popular que foi o que fez com que hoje eu possa estar conversando aqui com vocês como deputado no exercício do mandato e não como deputado cassado”, finalizou o parlamentar.