Política
Expectativa de federação facilita para Lira e dificulta para Davi Filho
Se MDB e Republicanos formalizarem acordo, caminho fica ainda mais livre para reeleição de Renan Calheiros

A possibilidade de formação de uma federação entre o MDB e o Republicanos para as eleições de 2026 tem redesenhado as expectativas em torno da disputa pelas duas vagas ao Senado por Alagoas. A articulação é avalizada pelo ministro dos Transportes Renan Filho (MDB) e tem como objetivo consolidar uma aliança entre partidos da base do governo Lula. O arranjo, contudo, pode impactar diretamente em nomes que tentam se viabilizar antes mesmo de se concretizar a federação, como o ex-deputado estadual Davi Davino Filho, que deixou o PP para se filiar ao Republicanos.
Davi Filho já concorreu ao Senado em 2022 e tem sido citado nos bastidores como possível pré-candidato em nova tentativa. No entanto, se permanecer no Republicanos — partido presidido em Alagoas pelo deputado estadual Antonio Albuquerque — e a federação se estabelecer, o ex-parlamentar pode ser preterido. A lógica da federação prevê que as legendas coligadas atuem como um único partido, podendo lançar até dois nomes ao Senado. Com o senador Renan Calheiros já confirmado na disputa pela reeleição, a prioridade na indicação tende a recair sobre ele.
A Tribuna Independente entrou em contato com a assessoria de Davi Davino Filho para tratar do tema, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.
Além de Renan Calheiros, outro nome forte na disputa é o do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP). Embora ainda não tenha oficializado sua pré-candidatura ao Senado, Lira tem modificado o tom de suas postagens nas redes sociais, reduzindo menções à Câmara e ampliando o foco para pautas de alcance estadual. A movimentação é interpretada por interlocutores como um sinal de que ele pode disputar uma das vagas em 2026.
A possível aliança entre MDB e Republicanos enfrenta resistência dentro da própria estrutura partidária em Alagoas. Antonio Albuquerque já se manifestou contra a federação, o que cria um impasse regional diante das negociações conduzidas nacionalmente. Ainda assim, segundo especialistas, uma eventual oposição local dificilmente inviabilizaria a federação, caso ela conte com maioria favorável nas instâncias superiores das duas legendas.
CENÁRIO ATUAL
Para a cientista política Luciana Santana, a eventual federação entre MDB e Republicanos pode restringir significativamente o número de candidaturas ao Senado em Alagoas. Ela explica que, como a federação funciona como um único partido, só poderá indicar até dois nomes para a disputa — já que duas vagas estarão em disputa no pleito de 2026 —, mas a tendência é que haja prioridade clara para Renan Calheiros, que já confirmou publicamente a candidatura à reeleição.
“Obviamente, qualquer federação tem que tratar, funcionar como um único partido. Então, ela só vai poder ter um ou dois indicados ao Senado. Pode indicar até dois nomes, claro, mas, considerando o que tem sido feito e a forma como têm encaminhado isso, seria muito mais a favor da candidatura de Renan Calheiros. Isso neutralizaria Davi Davino, caso ele não mude de partido, porque a gente ainda precisa considerar essa situação”, afirmou em contato com a Tribuna Independente.
A presença de uma federação formalizada tende a afunilar o leque de candidaturas competitivas, segundo ela. “Caso a federação se concretize e lance Renan para o Senado — o que, para mim, com certeza vai acontecer — isso facilita o caminho para que apenas dois nomes fortes disputem as vagas”, disse Luciana. Ela, no entanto, evita decretar um cenário já definido. “É difícil prever. Nada impede que tenhamos outros nomes competitivos. A gente precisa saber se Arthur Lira vai realmente disputar o Senado ou se vai haver uma concertação dentro do grupo para indicar outros nomes”.
SINAIS DO PREFEITO
Entre os fatores que ainda podem alterar o tabuleiro político, ela destaca a movimentação de outras lideranças locais. “A gente precisa entender o que o prefeito JHC vai fazer: se vai disputar o governo, se vai se juntar a Renan ou se vai continuar na prefeitura. Ainda não está claro o comportamento dos outros partidos. Mas, de qualquer forma, caso essa federação se efetive, ela tende a reduzir o número de atores políticos capazes de criar obstáculos para determinadas candidaturas”.
Luciana Santana também comentou o posicionamento contrário do deputado estadual Antonio Albuquerque, à federação com o MDB. Para ela, a resistência local tem impacto limitado. “Se nacionalmente houver apoio majoritário para a federação, a opinião de Antonio Albuquerque tem pouca força política, a não ser que ele seja um nome com peso nacional — o que não vejo. Ele tem uma importância local, mas sua posição, no âmbito de um único estado, não deve inviabilizar a federação se ela tiver apoio das direções nacionais dos partidos envolvidos”.
Mesmo com o cenário ainda indefinido, Luciana Santana avalia que a simples possibilidade de uma federação já provoca rearranjos entre os possíveis candidatos.
“Internamente, caso a federação seja aprovada, ela afeta pouco o cenário eleitoral imediato no estado, mas pode gerar movimentações de políticos em busca de outros partidos para garantir sobrevivência política e encontrar alternativas viáveis de candidatura. Nomes como o de Davi Davino podem acabar neutralizados se não buscarem outro caminho”, concluiu a cientista política.
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