Política

Prefeitos eleitos têm dificuldades na transição

Em Estrela de Alagoas e Maribondo, gestores não estão tendo êxito em conseguir informações contábeis e administrativas

Por Emanuelle Vanderlei - colaboradora / Tribuna Independente 30/10/2024 08h05 - Atualizado em 30/10/2024 15h27
Prefeitos eleitos têm dificuldades na transição
Roberto Wanderley já oficiou a atual gestão em Estrela de Alagoas; Bruno Teixeira vivencia impasses em Maribondo - Foto: Reprodução

A dois meses do fim do mandato nas prefeituras, é momento de transição entre as gestões atuais e as próximas gestões, com prefeitos eleitos no último pleito que assumem o comando em janeiro de 2025. Aqui em Alagoas, a maior parte desta transição deve acontecer com tranquilidade, já que apenas quatro, dos 102 municípios, elegeu um candidato de oposição. Mesmo assim, há situações que podem se tornar conflituosas, a exemplo das cidades de Estrela de Alagoas e Maribondo.

Em 97 municípios, ou aconteceu reeleição, ou o eleito foi o nome apoiado pelo prefeito atual. Em Roteiro aconteceu um fenômeno diferente, e o prefeito não manifestou apoio a nenhum candidato, então não ganhou nem situação, nem oposição.

A transição de grupos políticos de fato acontece em quatro cidades: Quebrangulo, Estrela de Alagoas, Joaquim Gomes e Maribondo.

Em Estrela de Alagoas, aparentemente não está havendo diálogo. Nas redes sociais, o próximo prefeito, Roberto Wanderley (MDB), anunciou que precisou cobrar oficialmente o início dos trabalhos. “No dia 15 de outubro, como determina a lei, protocolamos um pedido sobre a transição, e informações para que possamos começar a decidir sobre o destino de Estrela de Alagoas”, disse ele em vídeo. Na legenda da postagem, o prefeito complementou. “Esse passo é fundamental para que possamos começar a decidir, com responsabilidade, o futuro de Estrela de Alagoas”.

Entre os novos gestores, o que demonstra mais preocupação é o de Maribondo, Bruno Teixeira (PSB). Em contato com a Tribuna Independente, ele afirmou que vê problemas da atual gestão em relação à transparência.

“Acredito que eles tenham dificuldade porque eles nunca cumpriram a lei de transparência. Eu sofro com isso desde a época de candidatura antes, na pré-candidatura que eu sempre busquei informações sobre a gestão, inclusive eu fiz inúmeros, acho que dezenas de requerimentos de acesso à informação, nunca fui atendido. O portal da transparência é extremamente desatualizado não tem as informações básicas então isso dificulta algo que a gente já poderia estar adiantando independentemente da disponibilização deles na transição”.

Ele esclarece que a crítica é anterior, que está esperando uma postura diferente nesse momento. “Espero que o sentimento de democracia, o sentimento de responsabilidade seja de abrir acesso a todos os dados que a gente está pedindo. Por enquanto, a gente está dando crédito, vamos dizer assim. Apesar de saber o que tem no coração da turma”, disse Teixeira. “A transição, formalmente, está iniciando. Teve a publicação da portaria da comissão de transição essa semana. Foi marcada uma primeira reunião para amanhã [hoje, 30] e os nossos representantes do grupo eleito, vão ter esse momento com os representantes da atual gestão”.

O futuro prefeito explica que se adiantou e solicitou algumas documentações. “A gente corre contra o tempo, faltam dois meses, e nesses dois meses você precisa entender todo o funcionamento de uma máquina de gestão complexa. São nove secretarias, com diversos compromissos, diversas responsabilidades. É muito pouco tempo, e a gente está correndo contra o tempo. A gente adiantou alguns pedidos de acesso. Por exemplo, a lei orçamentária, PPA, LDO, as leis orçamentárias gerais, alguns dados específicos, os dados de alguns contratos, principalmente os relacionados aos serviços essenciais, justamente para gente não ter paralisação e ter uma continuidade serviço público como saúde e transporte”.

Suspeitando de que a atual gestão pode ter tentado interferir no primeiro ano de mandato, Bruno se prepara para, caso confirme suas suspeitas, tomar medidas.

“A gente vai fazer essa referência no nosso relatório de transição, da falta de atendimento. Espero que a responsabilidade seja maior agora nesse momento de transição com o acesso aos dados. Até porque o sentido real é a satisfação do povo”, finaliza.

Em Quebrangulo, o prefeito eleito, Manoel Tenório (PSDB), informou à Tribuna que o processo está acontecendo com tranquilidade. “Já foram montadas as equipes de transição tanto da parte do novo governo, quanto da parte do governo que está em andamento. Está acontecendo tudo dentro da normalidade”.
Até o fechamento desta edição, não conseguimos contato com representantes da prefeita eleita em Joaquim Gomes, Rita do Araçá (MDB).