Política
Candidatos mudam declaração de cor
Situações estão registradas em cinco postulantes às prefeituras de três municípios
Em todo o Brasil, mais de 40 mil candidatos disputam o cargo de prefeito nas eleições municipais de 2024. Segundo pesquisas feitas por especialistas, 25% dos candidatos aos cargos de prefeito e vereador mudaram a declaração de cor e raça em relação a pleitos anteriores.
Em Alagoas, um levantamento realizado pela reportagem da Tribuna Independente revelou situações de candidatos a prefeito que mudaram a declaração de cor. Nas eleições de 2020, os candidatos se autodeclaravam brancos e agora se identificam como pardos.
É o caso do ex-prefeito Ediel Leite (MDB), que concorre ao cargo no município de Craíbas, no Agreste de Alagoas. Na eleição de 2020, ele se autodeclarou de cor branca e agora se identifica como de cor parda.
No Vale do Paraíba, em Quebrangulo, o candidato Eduardo Tenório (PSB) mudou a declaração de branco para pardo de 2020 para 2024.
Mas os casos mais emblemáticos estão no município de Rio Largo, na Região Metropolitana de Maceió. Três candidatos a prefeito mudaram a declaração de cor. Professor Romildo (PDT), na eleição para vereador em 2020, se autodeclarou de cor branca. Agora, em 2024, candidato a prefeito, ele se declara pardo.
O mesmo acontece com Pedro Victor. No pleito de 2020 era candidato pelo PSB e declarou cor branca. Nesta eleição, em 2024, candidato a prefeito pelo MDB, Pedro Victor se identifica como de cor parda.
Ainda em Rio Largo, outro candidato a prefeito, Silvano do PT, no pleito de 2022 para deputado estadual, ele declarou à Justiça Eleitoral tendo a cor preta, e, neste ano de 2024, candidato a prefeito, Silvano do PT se identifica na cor parda.
Para o cientista político Marcus Vinicius, a situação é mais complexa do que muita gente imagina. Ele diz que, entre as eleições de 2020 e 2024, Alagoas viu uma curiosa diminuição no percentual de candidatos a prefeitos e vereadores que se autodeclararam como “não-brancos.”
Essa redução, em um contexto de crescente debate sobre representatividade, merece a atenção de toda a sociedade. Nas eleições de 2020, 60,8% dos candidatos se identificaram como pardos, enquanto 7,6% se declararam pretos. Para 2024, esses números caíram levemente para 59,5% e 7,5%, respectivamente. Em contrapartida, o percentual de candidatos brancos cresceu de 30,6% para 31,7%.
Mas o que mais chama atenção é que 486 candidatos que concorreram em 2020 a cargos de vereador ou prefeito alteraram sua autodeclaração racial para as eleições deste ano. Em outras palavras, eles optaram por “mudar de raça / etnia”. O novo cenário apresenta 27 candidatos autodeclarados amarelos (0,5%), 1.836 brancos (31,7%), 50 indígenas (0,9%), 3.443 pardos (59,5%) e 434 pretos (7,5%).
Além disso, outra curiosidade foi registrada: 30 candidatos no Estado mudaram sua condição de Pessoa com Deficiência (PCD) em relação a 2020. Merece destaque o município de Messias, onde nove candidatos alteraram essa condição. A “recuperação” de sua saúde chama atenção e nos faz refletir se Messias estaria aplicando práticas de reabilitação tão eficientes a ponto de servir de exemplo para o restante do país, com resultados que ultrapassam até padrões internacionais.
Esses números não são apenas estatísticos. Eles suscitam discussões sobre como a autodeclaração é tratada no Brasil e qual é o impacto real dessas classificações no cenário político. Identidade racial e condição física, longe de serem meras burocracias, refletem narrativas que atravessam aspectos culturais, sociais e, neste caso, claramente eleitorais.
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