Política
Desfiliação expõe crise no PT antes das eleições em Alagoas
Advogado Welton Roberto deixou legenda ao se incomodar com destino do fundo partidário; partido lamentou saída
A desfiliação do advogado Welton Roberto do Partido dos Trabalhadores (PT), anunciada nas redes sociais na última quarta-feira (25), tem gerado uma série de questionamentos sobre a conduta da legenda em Alagoas em relação aos recursos do fundo partidário distribuído nas eleições municipais. No PT, Welton já foi candidato a vereador e deputado estadual, e sua saída do partido é lamentada pela direção municipal da sigla.
No vídeo divulgado por Welton Roberto, ele declara que nas eleições em 2022, quando houve a candidatura vitoriosa de Lula à presidência da República, advogados se colocaram à disposição do partido e trabalharam gratuitamente, “foram esquecidos”.
“Muito me incomodou saber que o Partido dos Trabalhadores em Alagoas recebeu do fundo partidário R$ 2 milhões para as eleições municipais, e praticamente metade deste valor foi parar no escritório de advocacia do filho do presidente estadual do partido [Ricardo Barbosa], e a outra metade também foi parar no escritório de contabilidade também ligado aos dirigentes partidários. Nas eleições de 2022, mais de 20 advogados trabalharam gratuitamente para a candidatura do presidente Lula em Alagoas, e estes mesmos profissionais foram injustamente esquecidos”, disse Welton Roberto a anunciar que está fora dos quadros do partido por ter se sentido incomodado com o que a legenda deliberou ao receber os recursos do fundo partidário.
Mencionado por Welton Roberto, a reportagem da Tribuna contatou o presidente do PT em Alagoas, Ricardo Barbosa, que disse lamentar a desfiliação do advogado, mas não falou sobre parte dos recursos ter sido distribuído para o escritório de advocacia de seu filho.
“Apenas lamento a saída de um dos mais históricos, valorosos e combativos companheiros do partido. O PT estará de portas abertas caso ele queira voltar, mais uma vez. Ele fará muita falta em nossas reuniões e atividades de rua e mobilizações, onde nosso histórico companheiro era sempre uma figura assídua e presente”, afirmou.
Em nota, o PT de Alagoas respondeu às críticas relacionadas à gestão do fundo eleitoral, afirmando que todas as contratações e distribuição de recursos foram feitas de forma transparente e de acordo com as normas estabelecidas pela Direção Nacional do partido. O diretório estadual também reiterou que as prestações de contas já foram enviadas à Justiça Eleitoral.
“O PT de Alagoas esclarece que a Comissão Executiva Estadual aprovou, por ampla maioria, a distribuição de recursos e a contratação de serviços coletivos, incluindo os setores jurídico e contábil, em conformidade com os critérios exigidos. Todas as contratações foram comunicadas à Justiça Eleitoral”, afirmou a legenda.
Já o presidente do PT de Maceió, Marcelo Nascimento, também lamentou a saída de Welton e esclareceu que o diretório municipal não recebeu, até o momento, repasses do fundo eleitoral para a capital. “As doações do FEFC [fundo eleitoral] foram realizadas diretamente pelo PT Nacional nas contas das candidaturas proporcionais da capital. O PT Maceió, até a presente data, não recebeu nenhuma transferência referente ao Fundo Eleitoral”, declarou Marcelo à Tribuna Independente.
Ainda ontem (26), surgiu a informação publicada pelo portal 7 Segundos de que a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, teria entrado em contato com o presidente do partido em Maceió, Marcelo Nascimento, para entender melhor os motivos da saída de Welton Roberto.
Em contato com a Tribuna, Marcelo Nascimento negou que a presidente do PT teria cobrado explicações sobre a desfiliação de Welton Roberto.
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