Política

Em Arapiraca, sósia de Lula quer ser vereador

Daniel Vieira da Silva, conhecido como “Lula de Arapiraca”, disputa uma das 19 vagas à Câmara

Por Ricardo Rodrigues - colaborador / Tribuna Independente 24/09/2024 09h27
Em Arapiraca, sósia de Lula quer ser vereador
Daniel Vieira da Silva conseguiu sair em uma foto com o presidente Lula, quando ele esteve em Alagoas este ano - Foto: Reprodução

No Brasil, pelo menos 175 candidatos usam nome do atual e do ex-presidente para atrair eleitores, conforme dados da plataforma DivulgaCand, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Desse grupo, Alagoas se destaca com a candidatura do “Lula de Arapiraca”, o sósia do presidente, que pegou carona na fama do “amigo-irmão” para tentar conquistar uma das 19 vagas de vereador em Arapiraca, pelo PT.

“Sou o Lula pé no chão, para vencer o candidato do milhão”, afirmou Daniel Vieira da Silva, de 52 anos, mais conhecido como “Lula de Arapiraca. Ele já trabalhou como comerciante, ambulante, vendedor de picolé, feirante, prestamista e radialista. “Tenho muito conhecimentos com as pessoas do povo, por isso acho que a minha candidatura pode surpreender”, destacou o genérico do presidente Lula.

Segundo ele, a campanha é dificultosa, principalmente para quem não tem dinheiro, porque os políticos colocaram o povo no vício da venda de votos. “Por isso, digo para o meu eleitor, se receber proposta para vender o voto, pegue o dinheiro do candidato rico e vote no Lula de Arapiraca, o candidato dos pobres”, brincou. “Sou liso, não tenho dinheiro, a minha sorte é ter a cara do Lula”, acrescentou.

Entre as propostas que defende está a de transformar a Câmara Municipal de Arapiraca numa arena de ideias e propostas. “Vou lutar para que, pelo menos uma vez por mês, a Câmara realize uma audiência pública, com a participação popular, para debater um assunto de relevância do município”, defendeu. Para o sósia do presidente, o parlamento tem que ser aberto à participação do povo.

“Vou disponibilizar também, caso eleito, um gabinete itinerante, para ouvir o povo, nos bairros, nos povoados. Para saber dos moradores quais as dificuldades que eles enfrentam e o que eles querem resolver”, revelou o Lula de Arapiraca. “São as pessoas do povo que vão apontar os problemas e propor as soluções”, completou o candidato da Federação Fé e Esperança, que reúne além do PT, PCdoB e PV.

O TSE permite o uso de apelidos para constar nas urnas eletrônicas, desde que “não atente contra o pudor e não seja ridículo ou irreverente”. Em Arapiraca, dos 226 candidatos a vereador, muitos utilizam apelidos nos nomes, mas Lula de Arapiraca só tem um, é ele, o comerciante Daniel Vieira da Silva, o sósia do presidente, que é casado e pai de três filhos.

‘LULAS E BOLSONAROS’

De Lula de Arapiraca à Negona do Bolsonaro, a Justiça Eleitoral recebeu 175 pedidos de candidatos para usarem os nomes do presidente e do ex-presidente, nas eleições deste ano, no Brasil. Pelas regras, o nome para constar na urna eletrônica deverá ter, no máximo, 30 caracteres. Pode ser o prenome, sobrenome, cognome, abreviação ou apelido, desde que “não atente contra o pudor e não seja ridículo ou irreverente”.

No entanto, foram registradas mais candidaturas associadas ao nome do atual presidente. Ao todo, o TSE recebeu 95 inscrições de candidatos com o sobrenome do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A maior parte do PT. Alguns usam da semelhança física para chamar a atenção do eleitor. Caso de “Lula de Arapiraca”, que é a cópia fiel do presidente, “com alguns anos a menos”.

Entre as 80 solicitações para uso do nome Bolsonaro, apenas três são de parentes do ex-presidente Jair Bolsonaro. O irmão, Renato Bolsonaro (PL), disputa a prefeitura de Registro, no interior de São Paulo. E dois filhos concorrem a vagas de vereador: Carlos Bolsonaro, no Rio de Janeiro (RJ), e Jair Renan, em Balneário Camboriú (SC), que adotou o nome “Jair Bolsonaro” nas urnas e entrou na mira do Ministério Público por confundir o eleitor.

Os demais são apoiadores do ex-presidente. A maior parte concorre pelo PL em estados do Sul e Sudeste. No Rio de Janeiro, por exemplo, há candidatos com o sobrenome Bolsonaro em seis municípios: Mesquita, Nova Iguaçu, Paraty, São João do Meriti, Teresópolis e na Capital.

É o caso de “Negona do Bolsonaro”, o nome que Vanessa da Silva Oliveira (PL) escolheu para constar nas urnas da cidade do Rio. Há ainda situações em que o candidato pediu para ser chamado apenas de “Bolsonaro”, como Laurindo Pereira Tavares Filho (PP), em Barreirinha (AM).

O mesmo acontece em relação a “Lula”. Esse é o nome escolhido por José Gomes dos Santos (PSB), em Aracruz (ES); Marcos Antônio Oliveira Costa (PSB), em Beruri (AM); e Maria Raimunda Santiago dos Santos (Republicanos), em Belmonte (BA).
Na lista também estão candidatos que preferiram unir o sobrenome Lula ao nome próprio. “Djanira Lula”, nome da urna de Djanira dos Santos Melo (PT), em São Domingos do Maranhão (MA), é um exemplo. O mesmo ocorre com “Neide de Lula”, que é Leneide da Silva (PT), em Queimadas (PB).