Política

Campanhas têm disparidade de recursos

Prefeito JHC já recebeu mais de R$ 6 milhões, enquanto Lobão teve acesso a pouco mais de R$ 28 mil, e Lenilda Luna, a nada

Por Emanuelle Vanderlei - colaboradora / Tribuna Independente 11/09/2024 09h24 - Atualizado em 11/09/2024 11h49
Campanhas têm disparidade de recursos
JHC foi quem mais recebeu recursos do fundo partidário; Rafael Brito é o segundo e Lobão o terceiro - Foto: Edilson Omena

Mesmo com leis que garantem dinheiro público para financiar as campanhas eleitorais, a realidade continua aprofundando as desigualdades e dificultando o surgimento de nomes realmente competitivos no cenário político. Nas eleições deste ano, por exemplo, Maceió apresenta cinco candidaturas, sendo que duas delas contam com orçamento milionário, enquanto as outras ficam quase à margem.

De acordo com a prestação de contas na Justiça Eleitoral, o prefeito JHC (PL) tenta a reeleição com um orçamento robusto. Só de doação partidária, incluindo o PL nacional e o PL de Maceió, são R$ 6.262.000,00. Seu principal opositor é Rafael Brito (MDB), com um orçamento menor, mas também bastante alto. O diretório nacional do MDB repassou R$ 5 milhões.

Enquanto isso, Lobão (Solidariedade) recebeu apenas R$ 28.918,50 do diretório nacional do seu partido, um valor irrisório se comparado com os outros. Já Lenilda Luna (UP), está em situação ainda mais difícil, já que o seu partido é bastante novo e sem representatividade no Congresso Nacional, e não tem acesso a muitos recursos do Fundo Eleitoral. Lenilda não recebeu nem R$ 1 desse financiamento, contando apenas com algumas pequenas doações de pessoas físicas. A outra candidata que está concorrendo, Nina Tenório (PCO), até agora não tem prestação de contas divulgada.

Como alcançar quase um milhão de habitantes maceioenses sem recursos? Só na sola do sapato, com a própria saliva, por mais que tenha disposição esse candidato ou candidata com certeza começa a corrida em enorme desvantagem. Atualmente, as redes sociais têm facilitado muito o acesso da população às propostas dos candidatos, sendo este um custo mais acessível de veiculação, mas sem dinheiro para produzir conteúdo nem patrocinar postagens, a visibilidade também é difícil.

Estar à frente da prefeitura já é uma vantagem enorme, porque dá enorme visibilidade e faz toda a população de alguma forma saber de quem se trata. Mas para além disso, JHC conta com o maior orçamento, pode investir em estrutura para as atividades de campanha, grandes equipes, produções cinematográficas, jingles profissionais, material gráfico, tudo o que o dinheiro pode comprar.

Rafael Brito é um nome relativamente novo, e essa é a segunda eleição a qual ele concorre. Seu nome ainda não é tão conhecido pelo público, e ele enfrenta o desafio de alcançar o grande público. Mas ele faz parte de um grupo político já consolidado, bastante tradicional em Alagoas. Já foi secretário de estado no governo Renan Filho (MDB) e atualmente é deputado federal. Uma vantagem menor, que associada ao orçamento milionário o torna provavelmente o que teria chances de levar JHC para o segundo turno.

Lobão, por outro lado, não está em nenhum mandato no momento, mas já foi vereador e assumiu dois anos de mandato na Assembleia Legislativa do Estado (ALE). Militante da cultura e liderança na periferia da capital alagoana, sua campanha tem tido uma visibilidade pequena. O valor que recebeu do partido pode ajudar em alguns custos, mas é muito baixo para alcançar todas as áreas da cidade em tão pouco tempo e ser conhecido pelo eleitorado.

A estrutura mais desafiadora, definitivamente, é de Lenilda. É a segunda vez que disputa a Prefeitura de Maceió, mas apesar disso continua fora do circuito.

Em 2020, já foi candidata pela UP, ou seja, não teve tempo de TV, não foi convidada para participar de debates, nem teve muitos recursos. Sua prestação de contas chegou a um total de R$ 21.343,00. Até o momento, ela arrecadou um total de R$ 2.737,00 em doações.