Só dois dos três candidatos a prefeito por Maceió, com representação no Congresso Nacional, compareceram ao debate promovido ontem (2), pela Rádio CBN, em parceria com a Universidade Federal de Alagoas (Ufal). O deputado federal Rafael Brito (MDB) e o ex-vereador e ex-deputado estadual Lobão (Solidariedade), compareceram, mas reclamaram da ausência do prefeito JHC (PL) para debater os problemas da capital alagoana, em busca de soluções.

“Sem a presença do prefeito, o debate ficou prejudicado porque muitas perguntas que a gente fez ficaram sem resposta. Perguntas que a população gostaria de saber a explicação do prefeito JHC, mas como ele não tem como responder, preferiu fugir ao debate”, afirmou Brito, em entrevista à imprensa, depois da sabatina. Segundo ele, “ao fugir do debate, o prefeito desrespeitou o eleitor”.

Para Rafael Brito, o prefeito tem que deixar de produzir vídeos 3D, dizendo que está tudo bem na educação, quando a pesquisa do Ideb coloca a capital como os piores indicadores do País.

“O prefeito não tem como explicar por que não resolveu problema da falta de creches, da falta de estrutura das escolas, do trânsito caótico e da fila para procedimentos médicos, então fica produzindo vídeo para tentar enganar a população”, criticou Brito.

O candidato Lobão também não poupou críticas ao prefeito JHC de se esquivar de debater com os concorrentes as propostas para a cidade. “A discussão em torno dos problemas e das soluções para Maceió ficou prejudicada, por conta da ausência do prefeito, mas mesmo assim eu avalio o debate como positivo, porque a gente pôde deixar no ar aquilo que ele não teria como explicar ou não tem explicação”, destacou Lobão.

CRIA MUNICIPAL

Entre as propostas apresentadas por Rafael Brito, uma delas tem sido muito bem executada pelo Governo do Estado que é a construção de creches por meio do Programa Cria. “Apesar da falta de creches no município, o governador ofereceu 15 creches do programa Cria para prefeitura, mas o prefeito não quis assumir. Vamos retomar essa parceria e construir 30 creches, dentro do Cria Municipal”, prometeu.

A falta de vagas nos cemitérios de Maceió, outro problema crônico que a administração municipal tem negligenciado, foi criticada por Rafael Brito, na conversa com os jornalistas. “É desumano o que estão fazendo com as famílias que precisam sepultar os seus entes queridos e ficam dias na fila esperando uma vaga nos cemitérios da capital, todos superlotados”, pontou o deputado, prometendo resolver o problema caso eleito.

Já Lobão chamou atenção também para o abandono dos mercados públicos de Maceió. Segundo ele, todos eles precisando de intervenções urgentes. Para o Mercado da Produção, que todo ano sofre com as enchentes, o candidato propõe a construção de uma estrutura de concreto armado, acima do nível da Lagoa Mundaú, para evitar que a água das chuvas alague o ambiente comercial, localizado da região da Levada.

O candidato Rafael Brito, respondendo às perguntas de professores da Ufal, criticou o acesso à saúde na gestão JHC, citando a alta procura por cirurgias e exames sem que a prefeitura tenha como dar conta da demanda.

“Acabaram com o CORA e criaram o Pronto, mas a entrega de fichas para consultas e exames continua um problema sério, deixando milhares de pessoas sem acesso à procedimentos básicos”, comentou.

Cobertura do PSF e acordo da Braskem foram alvos de questionamentos

Ainda no debate promovido pela Rádio CBN, que também contou com a parceria da Tribuna Independente, o candidato do MDB, deputado federal Rafael Brito, deu destaque à atenção básica, quando o assunto foi saúde pública. Ele criticou a falta de atenção no atendimento aos programas de saúde já existentes.

“Apenas 36% da população de Maceió tem acesso ao Programa Saúde da Família [PSF], cuja cobertura é menor entre as capitais do País”, destacou Brito. Para reverter essa situação, ele propõe a construção de 40 policlínicas, espalhadas pelos bairros, para consultas, exames e pequenos procedimentos cirúrgicos.

Os candidatos Rafael Brito e Lobão foram questionados também sobre o que fazer com área de risco dos bairros atingidos pela mineração da Braskem. Para o deputado Rafael Brito, o Plano Diretor de Maceió precisa ser debatido pela população para evitar que a sua redação dê à mineradora o domínio sobre a zona de risco, onde foram desativados mais de 15 mil imóveis, afetando a vida de mais de 50 mil pessoas.

“Não pode deixara que a Braskem transforme a zona de risco em um condomínio de luxo, assim que o a situação do solo se estabilizar”, afirmou Brito. Segundo ele, o acordo da prefeitura com a Braskem tem que ser revisto e a área de risco tem que ser devolvida aos moradores dos bairros atingidos pelo afundamento do solo. “O poder público estaria cometendo um outro crime se devolver essa área à Braskem”, acrescentou.

Lobão também comunga com o mesmo entendimento. Para ele, a Braskem precisa resolver o problema do isolamento vivido pelos moradores dos Flexais, Quebradas e Rua Marques de Abrantes.

“A população dos Flexais não pode continuar isolada, sem acesso a nada e sem perspectiva nenhuma de melhorar de vida. Sou favorável às reivindicações deles, tenho esse compromisso. Tanto é que o lançamento de nossa campanha foi feito na comunidade do Flexal”, enfatizou Lobão.

Ele também defendeu a coleta seletiva de 100% do lixo de Maceió, para evitar o desperdício do material reciclável e reduzir a poluição dos canais que desaguam na Lagoa Mundaú, recuperando a produção do sururu. O candidato do Solidariedade defendeu ainda a construção de um Hospital Veterinário Municipal, para atender os animais domésticos da população carente; e a implantação da terapia canabinoide com distribuição gratuita de substância da canabis sativa para tratamentos de saúde.

COMBATE À FOME

O candidato Rafael Brito chamou a atenção também para o problema da fome na capital alagoana. Segundo ele, cerca de 240 mil pessoas abaixo da linha da pobreza estão passando fome em Maceió, sem que a prefeitura tenha um programa assistencial para fazer frente a essa demanda.

“Eu estive recentemente na Grota do Rafael conversando com os moradores e ouvi relatos de cortar o coração, depoimentos de pessoas que passam fome que nos deixa indignados, revoltados. Tudo isso, por falta de políticas pública da prefeitura. Isso é muito desumano”, desabafou o candidato do MDB.

Para evitar que a população de baixa renda continue passando fome na periferia de Maceió, Brito propõe o pagamento de uma bolsa assistencial mensal de R$ 150,00 por aluno do ensino básico da rede municipal de ensino. Além da assistência nutricional, realizada pelas esquipes do PSF, e da distribuição de cesta básicas às famílias cadastradas nos programas sociais do governo federal, a exemplo do Bolsa Família.