Política

'Ex-aliado' de JHC diz não ter candidatura 'laranja'

Rony Camelinho já foi lotado na gestão do prefeito de Maceió e garante que não tem mais ligações com a família Caldas

Por Emanuelle Vanderlei - colaboradora / Tribuna Independente 15/08/2024 10h38 - Atualizado em 15/08/2024 16h47
'Ex-aliado' de  JHC diz não ter candidatura 'laranja'
Rony Camelinho diz que é candidato e pretende chegar ao segundo turno contra o prefeito JHC - Foto: Reprodução

Já no final do prazo das convenções, sem nenhum sinal anterior, surgiu mais um candidato à Prefeitura de Maceió. Ronny Camelinho (AGIR) anunciou nas redes sociais que vai à disputa já com a candidatura registrada na justiça eleitoral. Com fortes relações na família Caldas em Ibateguara, cidade localizada na zona da mata alagoana, ele explica que comunicou ao prefeito JHC (PL) e não foi desestimulado.

O elemento surpresa, segundo ele, foi uma maneira de se proteger. “Estava tentando registrar, e quem não tem poder aquisitivo até para registrar uma candidatura é uma luta. Se eu ‘boto’ o nome antes, iriam criar um fato. Eu conheço muito, podiam tomar meu partido. Você viu que fizeram com o Ricardo Barbosa [PT], eliminaram a candidatura dele”, disse.

A proximidade com o atual favorito das eleições é o principal assunto que tem sido mencionado desde que seu nome foi anunciado. “Ele é meu conterrâneo, como Rafael Brito [candidato do MDB à prefeitura] tem uma ligação muito forte com os Calheiros de anos. Os Caldas são da minha cidade natal. Eu comuniquei ao prefeito que tenho esse sonho de ser candidato, e ele não fez objeção nenhuma. Ao contrário, os outros proibiam você ser. O JHC não fez objeção nenhuma quando eu disse que era um sonho ser candidato a prefeito e defender os deficientes nessa luta desigual”.

Apesar das aparências, e de assumir que precisou comunicar a decisão ao amigo, ele garante que não é laranja do prefeito. “A candidatura é para valer. Eu vou para onde quiserem me levar, eu sou igual ao Pablo Marçal, quem não aguentar corra, quem não quiser cair se deite. Nós não somos aliados, amizade é uma coisa, politicamente é outra coisa. Ele tem os ideais dele e eu tenho os meus”. De forma irreverente, ele fala até em vencer Caldas. “Se eu for no segundo turno, eu derroto o JHC mesmo. Pode apostar, se eu for para o segundo turno, aí vai para os pênaltis”.

NOMEADO NA GESTÃO

Vale lembrar que ele esteve dentro da gestão municipal desde 2022, quando atuou na Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT), e depois transferido para a Arser em 2023. Ele abriu mão de um gordo salário, que chegou a R$ 7.310. “Trabalhei, prestei um grande serviço um bom serviço na Arser. Mas ele não fez objeção nenhuma, quando eu disse era candidato. Deixei para ser candidato. Muitos não fariam o que eu fiz, eu deixei o emprego, para ser candidato”.

Pessoa com deficiência, Ronny afirma que sua plataforma será voltada para esse público, que ele vê como uma minoria esquecida pelo poder público. “Tenho deficiência há 52 anos, eu tenho 56 de vida. E somos uma minoria que é esquecida quando passa eleição. A rotina da eleição em Alagoas no Brasil é saúde, educação segurança e social, nenhum desses quatro funciona. Então a minha luta é a luta da minoria, é a luta do espectro autista hoje, nós temos 4 mil autistas registrados. Quer dizer deve ter muito mais deve ter 10 mil. Nós temos aqui em Maceió 108 mil deficientes, e eu sou um deles”.

Suas propostas também ficam nesse setor. “Nós temos aqui centenas de atletas paraolímpicos que não tem um estádio para treinar, um espaço de lazer, um centro para autista com atendimento decente. Então a minha luta hoje por essa minoria que é esquecida, é rejeitada. Pelo preconceito o deficiente não pode ter família, deficiente não pode trabalhar, o deficiente não pode, por exemplo, lançar candidatura, ele tem que estar escondido por trás da parede e comigo não funciona dessa forma”. Ele avalia que JHC foi mais um que falhou com esse setor.

‘PREFEITO SHEIK’

Com pouca experiência eleitoral, Rony Camelinho se recusou a começar tentando vaga na Câmara Municipal. “Você vai em cima de 25 vereadores, cada um pega o seu rumo, e você fica um patinho feio na água sozinho. Eu me candidatei a prefeito com esse intuito de chamar atenção das autoridades que essa classe é esquecida. O natural é esquecido que é saúde, educação, assistência social e segurança. Depois que se elege esquece”.

Ele explica por que tem se apresentado com uma fantasia de árabe. “Essa roupa de Shake é uma crítica. Você sabia que é uma crítica? É uma crítica aos políticos. Principalmente alagoanos, que quando ganham viram Shakes, desaparecem da sociedade, só pensam no financeiro com sua negociata por trás dos balcões, dos escritórios, e o povo é massa de manobra, o povo é esquecido ali. Nós temos valor agora, pelo voto. Outra coisa, eu não compro voto de ninguém. Eu quero que a sociedade me veja como exemplo, como a luta”.