Política

Líder dos sem-terra quer ser vereador em Jequiá da Praia

Marrom tem histórico de militância pela reforma agrária e já se candidatou a cargos eletivos em outras eleições municipais

Por Ricardo Rodrigues - colaborador / Tribuna Independente 10/08/2024 09h34 - Atualizado em 10/08/2024 09h59
Líder dos sem-terra quer ser vereador em Jequiá da Praia
Marrom reside em um assentamento em Jequiá da Praia, no Litoral Sul do estado, e vai disputar o cargo de vereador do município - Foto: Alagoas 24 Horas / Arquivo - Cortesia

O líder dos sem-terra, que há 34 anos milita no movimento em defesa da reforma agrária, deixou os panfletos de lado e hoje utiliza as mídias sociais como estratégia de divulgação da luta por uma sociedade mais justa, mais humana, onde as pessoas tenham acesso à terra para morar, viver com dignidade e produzir alimentos de qualidade. Em sua última postagem no Instagram, na quinta-feira (8), ele apareceu sendo fotografado, para usar as fotos na campanha a vereador de Jequiá da Praia, no Litoral Sul de Alagoas.

“Iniciei o dia como ensaio fotográfico para a eleição de 2024. Vamos em frente nessa luta e rumo à vitória”, postou Marcos Antônio da Silva, conhecido como “Marrom”, apelido que adquiriu no Movimento dos Terra (MST), em 1990. Secretário agrário do diretório estadual do PT, ele coloca toda sua experiência de luta nos movimentos sociais à disposição dos eleitores, na disputa por uma vaga na Câmara Municipal de Jequiá da Praia, onde mora há dez anos, no Assentamento Rua Nova.

Na sua plataforma eleitoral, ele se coloca como candidato a vereador, com o apoio do deputado federal Paulão e faz questão de dizer que entrou nessa disputa pelo “partido do presidente Lula”. Com a experiência de quem já disputou outras três eleições, sem que tenha logrado êxito, ele diz que vive o seu melhor momento político e está confiante na conquista do mandato parlamentar. Hoje com 55 anos, casado, pai de 4 filhos e 5 netos, Marrom se diz feliz da vida e prepara para ser feliz nas urnas.

“Fui candidato a vereador em 2008 e a vice-prefeito em 2010, numa eleição concorrida em Joaquim Gomes. Também concorri a vereador de Maceió em 2016, mas não ganhei. Este ano, com certeza será diferente, sou candidato a vereador por um município pequeno, mas do qual muito me orgulho e vou fazer de tudo para ajudar as pessoas a mudar de vida, sempre para melhor”, prometeu. Em Maceió, foi uma das vítimas da Braskem, no bairro do Pinheiro, onde morou, antes de se mudar de vez para Jequiá.

Além da militância no PT, Marrom é, atualmente, coordenador nacional da Frente Nacional de Luta (FNL/AL). No entanto, está no movimento agrário desde 1990, já foi coordenador do MST, MLST e MVT. Nesse meio a sua liderança é inquestionável. “Gostaria muito que o Marrom fosse eleito, pois a candidatura dele está dentro do campo progressista, dos movimentos sociais, portanto se eu morasse em Jequiá, o meu voto seria dele”, afirmou Carlos Lima, coordenador nacional da CPT.

De origem humilde, Marrom nasceu na maternidade Santa Monica, em Maceió, no ano de 1969, mas ele é da filho natural da Zona da Mata alagoana, descendente de índios da comunidade Wassu Cocal, de Joaquim Gomes, onde sua mãe nasceu. Seu pai trabalhou como portuário do Porto de Maceió, onde ele viveu sua infância e adolescência, entre idas e vindas à sua terra natal, principalmente nas férias. Entrou na luta pela reforma agrária ainda muito novo e não teve tempo de estudar.

“Só agora depois de avô, tenho pensado em retomar os estudos e fazer uma faculdade”, afirmou. Segundo ele, a militância política e social ocupa muito o seu tempo. Nessa militância, além das ocupações às fazendas improdutivas, na luta pela reforma agrária, ele destaca sua participação nas manifestações que derrubaram o governador Divaldo Suruagy, no 17 de julho de 1997. “Eu estava lá, na praça e ajudei a derrubar as grades, até começar o tiroteio”, lembrou, com uma pitada de orgulho.