Política

Reforma de JHC mira reeleição e se projeta para 2026

Cientistas políticos avaliam condições políticas do prefeito de Maceió ao trazer para seu grupo ex-adversários e parlamentares

Por Thayanne Magalhães com Tribuna Independente 03/05/2023 10h01
Reforma de JHC mira reeleição e se projeta para 2026
Prefeito de Maceió, JHC construiu base com indicados para cargos visando fortalecer a sua reeleição - Foto: Itawi Albuquerque / Secom Maceió

O prefeito de Maceió, JHC (PL), demonstrou, na última sexta-feira (28), o quanto está atento às condições políticas com vistas à sua reeleição. Na reforma administrativa, o gestor da capital trouxe para a sua administração uma série de políticos de mandato – vereadores e deputados estaduais e federais –, que indicam novos secretários. Neste ‘blocão partidário’, tem espaço até para ex-adversários políticos, como é o caso de Alfredo Gaspar, hoje, deputado federal pelo União Brasil.

À reportagem da Tribuna Independente, analistas políticos avaliam o cenário construído pelo prefeito de Maceió neste enfrentamento a grupos políticos que pretendem lançar candidatos à gestão na capital. Para o professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), e cientista político Ranulfo Paranhos, JHC deixa claro que a sua estratégia é a reeleição e mira, também, o Governo de Alagoas em 2026.

“Nesse caso, JHC não planeja só se reeleger para prefeito, mas planeja estabelecer um bloco coeso para garantir a rodada de 2026. No âmbito municipal, o prefeito percebe que já domina, tenta a reeleição e se projeta para a arena estadual. Se no projeto da arena municipal, ele coloca o senador Rodrigo Cunha [União Brasil], ele abre espaço para a arena federal beneficiando a própria mãe, Eudócia Caldas [PSB]. E daí há a possibilidade de ele fortalecer um grupo que já existe, que é o de Arthur Lira [PP], ou fazer frente ao grupo de Renan Calheiros [MDB]”, opina o especialista.

Caso não haja aliança, é possível que em 2026 Alagoas tenha três candidatos com chance de vencer as eleições. “Serão Renan Calheiros, Arthur Lira e JHC na disputa e, quanto maior o número de disputantes com capacidade de vitória, menores as chances de cada um. Então, o cenário mais correto seria que dois grupos disputassem uma possibilidade para a junção, no caso JHC e Arthur Lira”, continua.

Ranulfo lembra que não há nenhum grupo político se movimentando ainda para fazer oposição a JHC no ano que vem. “O prefeito se fortalece para a reeleição e normalmente você tem duas variáveis que explicam. Nesse caso, do JHC, a primeira delas é que no cenário atual não tem ninguém fazendo pré-campanha, então, esse já seria o momento para que os candidatos que seriam oposição, começassem a colocar o nome na rua. A segunda variável é a eleição de Paulo Dantas [MDB], que fortalece o grupo dos Calheiros, mas ele não tem uma projeção para 2024”, analisa.

O cientista político lembra ainda que JHC tem a “máquina na mão”, que já faz com que ele “largue na frente” na corrida pela reeleição. “Quando tem um cenário que ninguém se apresenta como concorrente, é propício para o realinhamento dos grupos. E ele está com a máquina na mão, o que é muita vantagem”, continua.

Ranulfo diz ainda que o que JHC está fazendo, é o que políticos pragmáticos fazem. “As alianças são para as disputas eleitorais e ele planeja uma aliança agora, trazendo novos nomes para compor a máquina pública da Prefeitura de Maceió. Essa aliança é projetada para 2024, aumentando o arco de partidos ou enfraquecendo o principal partido opositor, que é o MDB ou, quem sabe, trazendo o MDB. Isso só o tempo dirá”, cogitou o cientista.

De todo modo, Ranulfo Paranhos reforça que são projeções. “Sempre visando o que pragmaticamente a gente pode fazer na próxima rodada. Em 2024 e talvez em 2026 isso pode dar com os ‘burros n’água’, mas político pragmático se projeta, projeta alianças com prazos, destino na correlação de força, quem vai ter o quê dentro dessa aliança e aí disputam essas eleições. Acho que é muito pragmático e enquanto grupo político, está muito correto. Aqueles que querem fazer oposição ao JHC é que já deveriam estar colocando o carro na rua. Esses sim, estão perdendo tempo”, concluiu.

Atual gestor está cotado como favorito e “imbatível” em Maceió

A professora da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), e cientista política Luciana Santana, também entende que o atual momento político do prefeito de Maceió, JHC (PL), é de favoritismo na disputa pela reeleição.

À Tribuna Independente, Santana ressalta que, até o momento, não há um candidato que confronte o gestor da capital alagoana.

“Hoje eu diria que JHC é o candidato favorito para reeleição da Prefeitura de Maceió de forma imbatível. Não vejo nenhum candidato que possa batê-lo na capital. Quanto a esse objetivo, ele vai ser exitoso”, opina Luciana Santana.

De acordo com a cientista política, o prefeito JHC conseguiu atrair uma base de políticos para fortalecer o seu projeto de eleição, que também pode culminar em intenções ao Governo de Alagoas.

“Talvez, ele [o prefeito JHC] queira tentar o Governo de Alagoas [em 2026], e para que atinja o objetivo, precisa mostrar que tem apoio e ele está fazendo isso, ampliando sua rede de apoio que passa por negociações pelo Legislativo e por atores políticos estratégicos para 2026. Por isso que a gente está vendo deputados federais sendo atraídos para essa base, participando dessa coalizão de apoio, vários vereadores de vários partidos, inclusive do MDB, esse que hoje seria oposição ao governo estadual”, continua a especialista.

Luciana Santana reforça, ainda, que o prefeito também está atento a uma outra discussão, que se trata de quem será o vice. Hoje, o prefeito JHC está sem a figura do vice-prefeito, já que Ronaldo Lessa foi eleito na chapa do governador Paulo Dantas (MDB).

“Então, isso tudo faz parte dessa estratégia, ampliar o capital político com esse blocão, pensando em 2024 e 2026. Quanto às eleições para o governo, tem que ver quem vai ser colocado como vice, a avaliação do atual governador e quem são os outros atores. Então fica difícil antecipar. De toda maneira, na capital, JHC está mostrando muita força e muita vitalidade com esse blocão”, concluiu.