Política
Deputado federal Paulão é ameaçado por bolsonaristas em Maceió
Em grupo de WhatsApp, manifestantes defendem marcar encontro com parlamentar para agredi-lo

O deputado federal reeleito em Alagoas, Paulão (PT), tem sido ameaçado por participantes dos atos antidemocráticos que acontecem em frente ao Quartel do Exército, na Avenida Fernandes Lima, no Farol, em Maceió, desde o dia 31 de outubro, um dia após Luiz Inácio Lula da Silva ser eleito presidente da República de forma democrática.
“Vamos marcar um encontro para dar uma pisa nesse Paulão! Vamos meter a mão na cara dele. Deputado federal e bosta é a mesma coisa!”, diz um dos manifestantes em áudio divulgado em redes sociais. Ele foi identificado apenas como Reis e postou o áudio com a ameaça em um grupo de WhatsApp que reúne militantes bolsonaristas.
Em resposta, um outro integrante do grupo criminoso diz que é voluntário para a empreitada criminosa.
“Já mandei encomendar no Seo Deda duas tabicas de cipó fogo para ir a esse encontro. Eu corto o cipó pela cara dele e uso gás de pimenta! Pode dar o problema que der. Pode dar repercussão nacional, mas sou voluntário para dar uma pisa nesse Paulão!”.
Ainda no grupo de WhatsApp, outro membro se identifica como policial militar e desafia o deputado Paulo Fernando a chamá-lo de hiena. “Só quero ser policial militar até essa data. Desafio o Paulão a me chamar de hiena para ver o que vai acontecer com ele”, ameaça o militar.
Os áudios estão circulando em grupos de WhatsApp, e já foram encaminhados aos órgãos de segurança pública de Alagoas.
A reação dos integrantes das manifestações antidemocráticas veio após crítica do parlamentar, feito e pronunciamento na Câmara Federal na última segunda-feira (7).
“Em Alagoas, um bando de hienas que não conseguem conviver com a democracia está em frente ao quartel. Isso é muito grave porque uma parcela [dos manifestantes] são militares da ativa ou da reserva. Até hoje não houve uma posição mais decisiva do Ministério Público Estadual e também a nível federal, porque esses órgãos são responsáveis pelo controle das polícias no Brasil”, disse Paulão na ocasião.
ASSOCIAÇÃO ADMITE CRIME
A Associação dos Oficiais Militares de Alagoas (Assomal) emitiu nota na qual admite que há militares da reserva e da ativa no protesto que há quase 10 dias ocupa o canteiro da Avenida Fernandes Lima.
“O deputado Paulão denominou como hienas [sic] os militares da ativa e da reserva, como também, todo e qualquer cidadão por participar de manifestação pacífica, voluntária e espontânea”, reclamou a Assomal.
Ao confirmar que há policiais militares da ativa e da reserva na manifestação golpista, a entidade estaria confirmando o crime, afinal, a manifestação da extrema-direita tem sido tratada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), conforme decisões de seu presidente, ministro Alexandre Moraes, como ação criminosa.
Na divulgação da nota, a entidade traz uma foto do deputado Paulão com a expressão “cancelado”, marca das milícias após o assassinato de suas vítimas.
QUEM FINANCIA?
Terminou nessa quarta-feira (9) o prazo de 48 horas estabelecido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para que as polícias Militar (PM), Civil (PC), Federal (PF) e Rodoviária Federal (PRF) informem se identificaram líderes, organizadores e financiadores dos atos criminosos que ocorrem desde a derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL), que tentava a reeleição.
Em Alagoas, além da manifestação, os órgãos de informação e de segurança estão investigando os autores de ameaças feitas contra Paulão.
MP/AL não identifica responsáveis por atos
Manifestantes bolsonaristas insatisfeitos com o resultado da eleição presidencial continuam em frente ao quartel do Exército na Avenida Fernandes Lima defendendo intervenção militar, que é considerado inconstitucional, e “intervenção federal com Bolsonaro no poder”.

Em 2 de novembro, o Ministério Público do Estado (MP/AL), criou um grupo de trabalho para investigar quem são os responsáveis pelo movimento antidemocrático que insiste em defender intervenção militar nos últimos 11 dias, além de causar transtornos para os moradores da região e no trânsito da via mais movimentada de Maceió.
A reportagem da Tribuna Independente procurou o MP/AL para saber se o grupo de trabalho chegou a alguma constatação referente aos manifestos inconstitucionais, no entanto a assessoria do órgão informou que “até o momento ninguém foi responsabilizado criminalmente pelos atos”.
Fica evidente nas respostas do Ministério Público Estadual que ainda não há uma resposta sobre quem são os responsáveis pelas manifestações antidemocráticas e nem quando o poder público irá finalmente encerrar os atos considerados inconstitucionais.
O Ministério Público Estadual reforçou, apenas, que o promotor de Justiça Lucas Sachsida Junqueiro Carneiro, porta-voz do grupo de trabalho recomendou às forças de segurança que elas cumpram a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), no sentido de impedirem o bloqueio total de ruas e rodovias. A orientação principal do MP/AL é que todos respeitem o legítimo resultado das urnas e o direito de ir e vir de todo e qualquer cidadão e, consequentemente, o regime democrático ao qual o Brasil está consignado.
“Nossa exigência é para que os protestos sejam contidos naquilo que ficar caracterizado como excesso e que estiver, de alguma forma, suprimindo outros direitos fundamentais. O direito de manifestação e reunião é assegurado constitucionalmente, entretanto, deve ser pacífico e ordeiro. O Ministério Público deve respeitar e fazer valer o processo democrático. A ponderação e proporcionalidade na atuação de todos os envolvidos garantirá a ordem pública e a volta à normalidade”, declarou Lucas Sachsida.
O promotor de Justiça também informou que o Ministério Público já está trabalhando para identificar os líderes dos atos, de forma que a conduta deles seja apurada. “E, para além disso, estamos apurando se tem algum manifestante que está fazendo o uso indevido do patrimônio público ou do cargo público que detém”, completou.
O chefe do MP/AL, Márcio Roberto Tenório de Albuquerque, reforçou a mensagem de que é preciso respeitar o resultado do pleito de 30 de outubro.
“O Ministério Público, como instituição democrática que é, confia na segurança das urnas eletrônicas e reconhece a escolha feita por milhões de brasileiros. Então, é nosso dever respeitar essa decisão coletiva que, frise-se, ocorreu dentro dos princípios fundamentais que regem todas as legislações, passando pelas normas eleitorais e pela Constituição da República”, destacou ele.
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