Política

MDB segue sem conseguir eleger prefeito em Maceió

Partido continua sem uma liderança na capital que agregue a confiança do eleitor

Por Carlos Amaral 05/12/2020 10h52
MDB segue sem conseguir eleger prefeito em Maceió
Reprodução - Foto: Assessoria
O partido tem um senador – dos mais influentes de Brasília há décadas –, o governador do estado, um deputado federal, cinco deputados estaduais, oito vereadores em mandato e cinco eleitos no último dia 15 de novembro. A legenda é a maior de Alagoas praticamente desde sempre. Nestas eleições, elegeu 38 prefeitos – contando com Arapiraca – e 307 vereadores no estado. Contudo, todo esse poderio não tem sido suficiente para que o MDB consiga eleger o prefeito da capital alagoana. O único foi Djalma Falcão, em 1985. Na avaliação do cientista político Ranulfo Paranhos, o que falta ao MDB é um nome que consiga cair no gosto do eleitor – em outras palavras – maceioense. Em sua avaliação, o que mais se leva em consideração na hora de votar em eleições locais tem sido a personalidade do candidato. “De maneira geral, as eleições funcionam mais em torno de personalismo que partido político. Então, há uma personalização muito maior em torno da escolha que os eleitores tendem a fazer. Ao agregar valor na hora de escolher, se busca na personalidade do político a solução dos problemas. Não se entende ainda, de forma geral, que a relação partidária e seu conjunto de ideias têm muito valor”, comenta Ranulfo Paranhos. Na eleição deste ano, o MDB lançou o ex-procurador-geral de Justiça Alfredo Gaspar que terminou o primeiro turno à frente na disputa, mas acabou derrotado por JHC (PSB) no segundo turno. Ainda segundo o cientista político, a discussão em torno de espectro ideológico dos partidos dos candidatos tem ganhado alguma relevância quando a eleição é para a Presidência da República. Contudo, afirma, tanto para prefeituras quanto para governos estaduais, isso é secundarizado. “Isso até começa a ganhar mais força, mas isso pertence a uma discussão para presidente da República, por exemplo. Mas não tem muita influência para Governo do Estado e menos ainda para prefeito. Quando se discute presidente da República faz sentido debates sobre ser de extrema-direita e querer uma bomba atômica ou ele é de extrema-esquerda e quer revolução armada, num exemplo caricato. Esse exagero para entendimento, apenas. Quando se discute localmente, a representação dos partidos acaba não sendo tão importante”, diz Ranulfo Paranhos. A reportagem contatou a assessoria do deputado estadual Galba Novaes, presidente do MDB em Maceió, para saber sua avaliação sobre essa dificuldade do partido em eleger o prefeito da capital alagoana e se há alguma discussão interna de como superar esse problema. Contudo, não houve resposta até o fechamento desta edição. ÚLTIMO PREFEITO Para Djalma Falcão, único eleito pelo MDB em Maceió, partido se descaracterizou. O ex-prefeito de Maceió faleceu em março de 2017, mas no mês anterior, ele concedeu longa entrevista à Tribuna Independente. Na ocasião, ele afirmou que o partido – então PMDB – havia se descaracterizado e, por isso, perdido identidade. “Nossa campanha mobilizava as pessoas e foi uma vitória bonita, com uma grande ‘boca de urna’. Mas desde então o PMDB se descaracterizou. O [José] Sarney inchou o partido e o transformou num ‘bonde’, abrindo as portas para os egressos da ditadura, que estão todos aí, como esse Romero Jucá. O Sarney também veio da ditadura. Essa gente só vive de governo”, afirmou Djalma Falcão à Tribuna na edição de 4 e 5 de fevereiro daquele ano. Leia a íntegra da entrevista de Djalma Falcão à Tribuna, clicando aqui.