Política

Candidatos derrotados não apoiam ninguém no segundo turno de Maceió

Candidatos que não foram ao segundo turno decidiram não informar sobre apoios

Por Texto: Carlos Amaral com Tribuna Independente 20/11/2020 09h09
Candidatos derrotados não apoiam ninguém no segundo turno de Maceió
Reprodução - Foto: Assessoria
Segundo turno é outra eleição. Só tem dois candidatos, com o mesmo tempo de rádio e tevê, e só dura 15 dias. A corrida desenfreada pela Prefeitura de Maceió, agora disputada por Alfredo Gaspar (MDB) e JHC (PSB), tem como primeiro passo – ou um dos primeiros – arregimentar mais apoios, seja dos adversários que ficaram pelo caminho, seja de vereadores eleitos e daqueles que morrem na praia. Isso ganha peso a mais nesta eleição em Maceió porque os postulantes à sucessão de Rui Palmeira (sem partido) terminaram o primeiro turno quase empatados, com uma leve vantagem para o emedebista: 110.234 votos contra 109.053. Ou seja, 1.181 votos de diferença. Contudo, até o fechamento desta reportagem, nenhum dos derrotados à Prefeitura declarou apoio para o segundo turno. O terceiro colocado, deputado estadual Davi Davino Filho (PP), cuja votação foi de 97.409 votos, até o fechamento desta reportagem não havia declarado apoio a nenhum de seus adversários no primeiro turno. Assim como quarto colocado, Josan Leite (Patriota), que obteve 23.925 votos. O PSOL, partido da ex-reitora da Ufal Valéria Correia – quinta colocada no pleito, com 13.568 votos – decidiu pela defesa do voto nulo. Em nota, a legenda afirma que “a conjuntura só nos mostra que não temos alternativa para o segundo turno, tendo em vista que as duas candidaturas que se apresentam não se coadunam com os nossos princípios éticos, políticos e ideológicos, nem tão pouco com a nossa concepção de sociedade e de cidade. São candidaturas com vínculos bolsonaristas, que só reafirmam seus acordos e pactos com as oligarquias políticas de Alagoas e com o grande capital, em detrimento da vida da população maceioense”. Já Cícero Almeida (DC) diz à reportagem “estar analisando” se apoia ou não um dos candidatos no segundo turno e que “se o partido quiser, pode apoiar quem achar que deve”. Ele teve 9.905 votos. O PT, cujo candidato à Prefeitura foi Ricardo Barbosa e que obteve 8.905 votos, optou por não indicar voto nem em JHC nem em Alfredo Gaspar. A UP, de Lenilda Luna, também defende o voto nulo no segundo turno. Ela obteve 4.875 votos. O PCdoB, de Cícero Filho – 3.427 votos – também não se manifestou até o fechamento desta edição, assim como o PMN, de Corintho Campelo, cuja votação foi de 507 votos. Após o fechamento da edição da Tribuna Independente, Davi Davino informou que não vai apoiar nenhum dos dois candidatos que disputam o segundo turno na capital. Entre vereadores, MDB tem vantagem Se entre os candidatos a prefeito não há declarações de voto no segundo turno, entre os que disputaram uma cadeira na Câmara Municipal de Maceió a postura tem sido diferente. Entre os eleitos, aqueles ligados aos que ainda brigam pela Prefeitura seguem em campanha. Nesse recorte, Alfredo Gaspar apresenta vantagem, uma vez que seu partido, MDB, elegeu cinco parlamentares. O Podemos, do candidato a vice, Tácio Melo, elegeu três. Teca Nelma, eleita pelo PSDB, também vota no emedebista, apesar de seu partido estar coligado com JHC. Fora isso, o ex-procurador-geral de Justiça conta ainda com o apoio dos eleitos dos partidos coligados. Os três eleitos pelo PSC; o eleito do PTC; também com a vereadora do PRTB; Dos três eleitos do PSD, apenas um declarou voto em Alfredo Gaspar. No caso do PSC, um de seus eleitos chegou a ter uma foto ao lado de JHC – fazendo o número quatro com as mãos – divulgada. Contudo, na quinta (19), Cal Moreira, divulgou nota em que afirma voto para o emedebista. [caption id="attachment_412307" align="aligncenter" width="484"] Cal Moreira, eleito para o cargo de vereador, chegou a apoiar JHC e agora está com Alfredo Gaspar (Foto: Divulgação)[/caption] Já JHC, em princípio, conta com apoio de menos vereadores eleitos, apesar de o mais votado – delegado Fábio Costa – ser de seu partido. Ele conta, até o fechamento desta edição, com os três eleitos do PSB e de Gaby Ronalsa, eleita pelo DEM. Os eleitos por partidos que compuseram a coligação de Davi Davino Filho, até o término desta reportagem, não haviam se manifestado sobre apoio no segundo turno. Declaração pública pode não ser fator determinante As tão esperadas declarações de apoio no segundo turno jogam menos peso que muita gente acredita. Ao menos na avaliação do cientista político Ranulfo Paranhos. “No segundo turno, o candidato ao Executivo, normalmente, declara voto a um dos concorrentes que avançaram na disputa. Essa é uma decisão que por vezes é partidária, por veze, isolada. Esse é uma decisão que ajuda a guiar a base eleitoral. Inclusive, o eleitor desse candidato derrotado pode esperar de seu candidato um argumento para escolher o candidato do segundo turno. Isso funciona, mas não transfere votos como muita gente espera”, comenta. Mesmo assim, ressalta, isso precisa ser feito com certa agilidade, pois pode gerar até mesmo efeito reverso e prejudicar politicamente o declarante. “Quando demora muito, gera erro. Por exemplo, a Marina em 2014. É o que me parece ocorrer agora com o Davi Filho”, diz Ranulfo Paranhos. Já entre os candidatos a vereador, o cientista político não acredita em engajamento no segundo turno. Segundo ele, eleitos e não-eleitos passam a ter outras prioridades. “Todos os candidatos precisam de incentivo. Enquanto disputam o pleito, eles tentam se eleger, mas quando a eleição acaba, os eleitos vão resolver suas pendencias e os que perderam entram em estado de frustação. Ou seja, em ambas as situações, quem ainda vai para campanha é uma parcela muito pequena”, afirma. “Fora o desgaste de uma campanha para vereador, que é muito alto. Se pode até declarar apoio, mas daí a participar de forma intensa, via de regra, é bem mais difícil”, completa Ranulfo Paranhos.