Política
Vereador é acusado de crime eleitoral
Antonio Hollanda prestou depoimento à Polícia Federal sob a acusação de compra de votos na eleição de 2016
A PF constatou que uma clínica médica e odontológica foi instalada na sede da Organização Não Governamental (ONG) para o Desenvolvimento de Maceió, a Pense Maceió, localizada no bairro do Vergel, umas das regiões mais pobres da capital. A investigação diz respeito a uma suposta troca de prestação de serviços por votos, no qual Antonio Hollanda, foi o maior beneficiário.
A Pense Maceió foi fundada, segundo seu Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), em 3 de junho de 2016, às vésperas da campanha eleitoral do ano passado.
Em coletiva realizada também na última quarta-feira, os delegados Bernardo Gonçalves – superintendente da PF no estado –, e Daniel Silvestre, delegado da Polícia Federal, falaram sobre a operação batizada com o nome da ONG. Seis mandados de busca e apreensão expedidos pela 3ª Zona Eleitoral do Estado de Alagoas foram cumpridos. A operação ocorreu após inquérito instaurado por requisição do Ministério Público Eleitoral.
Depoimentos de moradores do bairro do Vergel do Lago foram fundamentais para o andamento da operação. “Eles revelaram que, de fato, o consultório instalado nesse local era utilizado para fins eleitoreiros. O funcionamento desse consultório se dava na sede da ONG, que é presidida por pessoas que são vinculadas ao vereador e outro político parente desse vereador”, diz o superintendente da PF em Alagoas.
O vereador Antonio Hollanda (PMDB) pode chegar a perder o mandato caso o MP Eleitoral acate a denúncia embasada no inquérito instaurado pela Polícia Federal. A reportagem tentou contato com o vereador, mas não obteve sucesso.
O delegado Daniel Silvestre revelou ainda que a presidente da ONG é assessora parlamentar do vereador Antonio Hollanda. Disse também que o tesoureiro da instituição seria assessor parlamentar de um político que é parente do vereador.
A partir destas informações, a reportagem da Tribuna Independente apurou que Anízia Maria de Araujo Freire, nomeada assessora parlamentar do gabinete do vereador em janeiro deste ano, é a presidente da Pense Maceió. De acordo com o Diário Oficial do Município (DOM), portaria GP 006/17, ela está lotada como Assessora Parlamentar de Gabinete III, CCPG3.
A reportagem tentou contatar Anízia Freire, mas os telefones vinculados à Pense Maceió não atenderam às ligações. Um deles, de telefonia celular, foi passado como sendo de Eduardo Ferreira da Silva Junior, o Dudu, também nomeado na mesma portaria de Anízia Freire. Sua tipificação é Assessor Parlamentar de Gabinete I, CCPG1. Ele é tido como principal assessor de Antonio Hollanda.
Já o tesoureiro da Pense Maceió seria lotado no gabinete do filho de Antonio Hollanda, o deputado estadual Dudu Hollanda (PSD). O nome do tesoureiro não foi informado pelos delegados da Polícia Federal.
“Coincidências” entre as organizaçõesExistem ao menos três ONGs com o mesmo padrão de nome e atividade em Alagoas. Além da Pense Maceió, há a Pense Alagoas e a Pense Brasil. As razões sociais de todas elas são “Fórum para o Desenvolvimento”; uma “para o Estado de Alagoas”; e a outra “Para a Barra de São Miguel – Pense Brasil”.
A reportagem da Tribuna Independente apurou que a Pense Alagoas também possui ligação com os Hollanda. Postagens em redes sociais comprovam a relação, inclusive, com o vereador Antonio Hollanda, que é médico, realizando atendimentos. O deputado Dudu Hollanda (PSD) já fez inúmeras postagens enaltecendo o trabalho das ONGs Pense Alagoas e Pense Maceió.
A terceira ONG tem vinculação com o prefeito de Barra de São Miguel, José Medeiros Nicolau (PMDB), conhecido como Zezeco, que, aliás, foi apoiado por Dudu Hollanda em sua primeira eleição, em 2012.
A Pense Alagoas tem sede no Benedito Bentes e foi criada em fevereiro de 2014, ano eleitoral. Já Pense Maceió tem sede no Vergel do Lago, enquanto que a Pense Brasil está situada na Barra de São Miguel.
A reportagem da Tribuna Independente contatou um dos membros da Pense Alagoas, conhecido como “Markinho da Ong”. Questionado se teria relação com os Hollanda e se fazia parte da instituição, num primeiro momento negou fazer parte da Organização, finalizando a ligação, dizendo que só falava através de seu advogado.
Institutos também têm raio de atuação em conjuntos na parte alta de MaceióA Pense Maceió foi declarada como instituição de utilidade pública municipal pela Câmara de Maceió no dia 23 de março deste ano. Já a Pense Alagoas, desta vez pela Assembleia Legislativa do Estado (ALE), em maio de 2016. Em abril de 2016, a Pense Alagoas foi contemplada com R$ 300 mil em emendas parlamentares da ALE. O vereador Antonio Hollanda possui o instituto batizado com seu nome com unidades nos conjuntos Rosane Collor e Frei Damião, ambos na parte alta de Maceió, criados em época pré-eleitoral.
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