Política
Sinteal chama de facista deputado que pediu punição para professor
Entidade critica declarações de Bruno Toledo sobre professor de São José da Tapera

Dada a repercussão do pronunciamento feito pelo deputado Bruno Toledo (Pros) na sessão de terça-feira (12) na Assembleia Legislativa do Estado (ALE), o Sindicato dos Trabalhadores da Educação de Alagoas (Sinteal) repudiou a declaração do parlamentar.
No plenário, Toledo sugeriu uma punição ao professor Daniel Macedo, de uma escola estadual do município de São José da Tapera, por ter, segundo o parlamentar, desobedecido o artigo 12 do Plano Estadual de Educação que veda a utilização, nas escolas da rede pública e privada de Alagoas, de materiais que promovam, comportamentos ligados à identidade de gênero. O professor promoveu um projeto sobre o tema.
Para a reportagem da Tribuna, o secretário de comunicação do sindicato, Lucas Soares, classificou o posicionamento de Toledo como típico do fascismo e da ditadura.
“Quer cercear o direito de ensinar e aprender. Tipicamente uma postura autoritária, que não dialoga e não tenta entender a importância do ensinar e de não ter preconceito. Numa posição mais pessoal dele, do que qualquer coisa, como ele mesmo fala. E que isso não é função de deputado, é função na verdade da Secretaria de Educação que é fiscalizar as questões didáticas”.
Para Soares, o parlamentar está querendo mais se promover do que construir algum diálogo. Ele criticou ainda o fato de Toledo ter exposto o nome do professor em plenário. “Se ele quisesse construir um diálogo, teria provocado a Secretaria de Educação, o fórum de educação e reuniria o Conselho Estadual de Educação”, salientou.
Questionado se o sindicato defende que assuntos como a ideologia de gênero possam ser discutidos em sala de aula, o secretário de comunicação disse que o que não pode haver é cerceamento de conhecimento.
“Independentemente se é de ideologia ou não, nós queremos deixar claro que não concordamos com cerceamento de pensamento. Democracia pressupõe que você tem a liberdade de ensinar e de aprender. E na verdade o que ele [Bruno Toledo] está fazendo é um ataque à democracia. Um típico conservador de direita e tradicionalista, que lembra os antigos coronéis”.
Sobre a punição sugerida pelo deputado contra o professor, Soares ressalta que Toledo “não tem esse direito, nem esse poder”, e acrescenta “nós vamos defender o professor em todas as instâncias. Estamos do lado dos trabalhadores e trabalhadoras e dos direitos deles e a liberdade de ensinar”, citando ainda a liminar concedida pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5537 para suspender a integralidade da Lei 7.800/2016, de Alagoas, que instituiu o programa Escola Livre no estado.
“A ADI que está no Supremo deixa muito claro que quando o ministro barroso lança o parecer dele sobre o projeto aqui de Alagoas, ele deixa claro que as pessoas devem ter direito de ensinar e aprender. E na verdade o Bruno Toledo que é um dos defensores desse abuso que é a Escola Livre deixa claro a posição autoritária dele e é uma posição que tira o direito de aprender da criança sobre os temas transversais”.
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