Política
Operadores ligados ao PMDB são detidos em Miami
Força-tarefa apura pagamento de propina de US$ 40 milhões em 10 anos
Jorge Luz e o filho dele Bruno Luz, alvos da 38ª fase da Operação Lava Jato, foram presos nesta sexta-feira (24), em Miami, nos Estados Unidos, de acordo com o delegado federal Maurício Moscardi.
A prisão foi possível, de acordo com o delegado, graças à cooperação internacional da polícia de imigração americana (Immigration and Customs Enforcement – ICE) com a Polícia Federal (PF) brasileira.
Segundo a PF, os dois haviam omitido informações às autoridades americanas e também estariam irregulares no país. O advogado Gustavo Teixeira informou que Bruno Luz foi abordado pela polícia americana quando saía de casa, prestou esclarecimento e informou que ele e o pai estavam com passagem de volta para o Brasil comprada.
Teixeira nega que os clientes tenham sido presos e diz que os investigados retornarão espontaneamente ao Brasil. A previsão é de que chegem ao Aeroporto Juscelino Kubitschek, em Brasília, no sábado (25).
38ª fase da Lava Jato
Os dois tiveram a prisão preventiva decretada na recente etapa da Lava Jato, deflagrada na quinta-feira (23). A força-tarefa da operação apura o pagamento de US$ 40 milhões de propinas durante 10 anos. Segundo as investigações, entre os beneficiários, há senadores e outros políticos, além de diretores e gerentes da Petrobras.
Jorge Luz e Bruno Luz são apontados pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal (MPF) como operadores financeiros ligados ao PMDB no esquema de corrupção e desvio de dinheiro dentro da Petrobras.
A defesa de Jorge Luz e Bruno Luz afirmou que os clientes já foram ouvidos em inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF) que envolvem pessoas com foro privilegiado, que os depoimentos foram prestados quando os dois já estavam fora do Brasil e que eles estão dispostos a colaborar com as investigações.
Ainda na quinta-feira, os advogados que defendem os suspeitos haviam informado ao juiz Sérgio Moro, responsável pelas ações da Operação Lava Jato na primeira instância, que os clientes se iriam se apresentar "no menor espaço de tempo possível".
As suspeitas
A suspeita é a de que Jorge e Bruno tenham atuado em pelo menos cinco episódios. Conforme o MPF, os dois faziam o meio de campo entre quem queria pagar e quem queria receber propina envolvendo contratos com a Petrobras. Para tanto, usavam contas no exterior, como na Suíça e nas Bahamas.
Ainda de acordo com o MPF, os operadores atuavam, principalmente, na Área Internacional da Petrobras, que tinha indicação política do PMDB. No entanto, em um dado momento, ambos passaram a solicitar propina para o PMDB também em outras diretorias da Petrobras.
Em nota, o PMDB informou que os operadores "não têm relação com o partido e nunca foram autorizados a falar em nome do PMDB".
Os mandados protocolados pela força-tarefa tiveram como base principal os depoimentos de colaborações premiadas reforçados pela apresentação de informações documentais, além de provas levantadas por intermédio de cooperação jurídica internacional.
A operação foi batizada de Blackout e, além dos dois mandados de prisão, teve 16 mandados de busca e apreensão expedidos.
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