Política
Cícero Almeida diz que disputou eleição na defensiva
Derrotado nas urnas em Maceió, o peemedebista delata que vereadores compraram votos de forma livre e aberta
A derrota nas urnas no segundo turno da eleição em Maceió não afasta Cícero Almeida (PMDB) do compromisso junto à população. É o que o próprio deputado federal assegura ao ser entrevistado pela reportagem da Tribuna Independente para uma avaliação da disputa que culminou com a vitória de Rui Palmeira (PSDB) e seu consequente retorno às atividades na Câmara dos Deputados, em Brasília. Entre os assuntos abordados, Cícero destacou que desde 2008 a “Máfia do Lixo” foi uma articulação política contra as suas pretensões.
Tribuna Independente – Em sua avaliação, houve equívoco em sua campanha no primeiro turno que só puderam ser corrigidos no segundo turno, com a chegada de um novo marqueteiro?
Cícero Almeida – Com pequenas observações acredito que houve, mas eu não quero atribuir e acho que quando você perde, perde todo mundo e quando você ganha, acontece o mesmo. A minha preocupação foi fazer um bom segundo turno e nós fizemos. Eu continuo respeitando o voto do eleitor.
Tivemos uma votação histórica contra todos os poderes, além da máquina da prefeitura que funcionou a todo vapor. Quem vai pagar por isso é a população porque o prefeito não está mais preocupado com a eleição. Agora é a preocupação dele é como tirar desta população tudo o que ele gastou na campanha.
Eu saio com a certeza de dever cumprido. Quero agradecer pelos quase 160 mil votos e para você ter ideia da minha satisfação, essa votação eu não troco pelas duas eleições da forma que o prefeito ganhou.
Tribuna Independente - Cícero Almeida considerou sua campanha agressiva?
Cícero Almeida - Não. Eu fui agredido do começo até o fim. O time que é atacado e não se defende logicamente a tendência dele é ser rebaixado e eu só me defendi. No momento certo, principalmente no segundo turno, eu mostrei a Maceió que eu consegui reconstruir, que eu não mostrei através da mídia, mas sim pelo guia eleitoral. O Cícero quem fez pegou em Maceió porque tudo que nós mostramos, foi tudo que nós fizemos. Foi muito bom esse momento porque Maceió inteira sabe que teve um grande prefeito durante o período de 2005 a 2012. O título de melhor prefeito nos últimos 50 anos foi dito pelo Fernando Collor, Teo Vilela, Ronaldo Lessa, só não foi dito pelo prefeito, claro, porque ele não reconhece. Ele vai ter que lutar muito para conquistar esse título.
Tribuna Independente - Como foi colocar uma campanha na rua sem doações de empresas?
Cícero Almeida - Eu nunca tive dificuldades. A nossa eleição de 2008, ao contrário do que disse o prefeito que foi uma eleição milionária, e ele mentiu, foi uma eleição pé no chão como todas as outras. Eu nunca comprei vereador, nunca comprei consciência de ninguém. Dentro da medida do possível, tivemos uma boa contribuição do fundo partidário e vamos fechar as nossas contas com muita transparência. A mudança da lei foi um complicador para aqueles que faziam campanha em cima de doações de grandes usineiros, e nesse aspecto ela foi disciplinadora, mas não impediu que eles fizessem isso.
Nós tínhamos vereadores que compraram votos abertamente, que são conhecidos e que deviam respeitar a população até porque tem serviços prestados. Foi a campanha mais aberta que nós vimos neste sentido. O voto teve um valor especial de R$ 50,00 a 200,00. Às vezes até de R$ 300,00. Isso é decepcionante.
Tribuna Independente - Em 2018, Almeida afirmou que vai disputar uma cadeira na Assembleia Legislativa Estadual. Está insatisfeito com a Câmara?
Cícero Almeida – Brasília nunca foi meu foco, eu fui para lá dentro de uma composição política, e depois esse grupo político foi desfeito e eu tive que seguir o meu caminho. Existia esse vago perante o governo federal. Está sendo um grande estágio e eu vou aproveitar o máximo agora esses dois anos para ajudar cada vez mais o meu Estado. Não tenho interesse de diálogo com atual prefeito até porque a forma discriminatória e desrespeitosa que ele me tratou durante o processo, ele não é digno de ter a minha amizade. Eu quero que ele siga o caminho dele e faça uma grande administração que ele não fez nos últimos quatro anos.
Tribuna Independente – Voltar a ALE conta com o apoio do governador Renan Filho e do senador Renan Calheiros?
Cícero Almeida - Essa é uma decisão pessoal. O apoio ao governador Renan Filho já está declarado: ele é o meu governador em 2018 assim como o senador Renan Calheiros é o meu senador. Estes dois compromissos estão firmados. Não foi sequer discutido com eles, até porque eu já cheguei numa idade que é suficiente para que eu possa tomar as minhas próprias decisões, a não ser que surja algo novo no meio do caminho.
Tribuna Independente – Máfia do Lixo, esse foi um assunto recorrente durante a campanha. Existe alguma preocupação do deputado sobre esse processo?
Cícero Almeida – Eu posso dizer que o processo do lixo foi uma articulação muito suja feita por um promotor de justiça com anuência do ex-governador que se articularam para tentar me derrubar. Isso vem desde 2008. Eu estou com a consciência tranquila do que eu fiz, do que a minha equipe fez. Nós tomamos as decisões que deveriam ser tomadas, encontramos uma cidade abandonada, suja, parcialmente destruída. Foi feito um contrato emergencial respaldado por todos os setores do município de Maceió e a única coisa que tem lá é uma assinatura minha, nada mais.
Eles trazem isso desde 2006, já era para estar prescrito. Trouxeram em 2008 e não trouxeram em 2010 porque eu apoiei o Teo (Vilela). Posteriormente de uma forma covarde, o ex-governador se articulou para que nós fossemos derrotados aqui no Tribunal de Justiça. Quem pode falar desse processo seriam duas pessoas: James Magalhães e o promotor Luciano, atualmente aposentado. Eu fico com o pronunciamento dele que representou o Ministério Público, ele sabe tudo o que aconteceu nos bastidores, sabe toda articulação que foi feita contra mim. Vou continuar trabalhando pela minha cidade, e se tivesse que fazer novamente com a consciência tranquila como eu fiz, para cuidar da minha cidade, eu faria tudo de novo. A interpretação dada pelo promotor e pelo tribunal é equivocada. Primeiro o promotor dá conta do desvio de R$ 200 milhões, e em seguida o TJ identifica R$ 15 milhões, quem é que está falando a verdade?
Se existe Máfia, eu acredito que o atual prefeito deveria ser punido severamente porque ele continua com as mesmas empresas, continua pactuando dívidas para com elas e a última que foi de R$ 56 milhões.
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