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Polícia Científica confirma que professora morreu envenenada em São Brás

Análise em amostras biológicas da vítima encontrou dois tipos de produtos químicos de venda proibida, o que levou investigadores a descartarem suicídio

Por Aarão José / Ascom Polícia Científica 18/10/2024 19h17 - Atualizado em 18/10/2024 19h27
Polícia Científica confirma que professora morreu envenenada em São Brás
Resultado foi apresentado em entrevista coletiva nesta sexta-feira (18) - Foto: Maria Costa / Ascom Polícia Científica

As Polícias Científica e Civil divulgaram, nesta sexta-feira (18), o resultado do exame de toxicologia realizado no Laboratório Forense do Instituto de Criminalística, sobre o caso da professora Joice dos Santos Silva Cirino, de 36 anos. O laudo pericial apontou a presença das substâncias tóxicas sulfotep e terbufós na amostra biológica analisada.

O chefe do Laboratório Forense, Thalmanny Goulart, responsável pelo exame, explicou que o sulfotep é um fosfato orgânico que atua como um inibidor da colinesterase e, como tal, é altamente tóxico por todas as vias de exposição. Já o terbufós é uma substância da classe dos organofosforados inibidores da colinesterase, uma enzima que desempenha uma função crítica na transmissão dos impulsos das fibras nervosas.

O perito criminal explicou ainda que foram recebidos para exame pericial amostras de sangue, humor vítreo e conteúdo estomacal. A técnica instrumental para análise dessas amostras biológicas foi a cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas, que detectou a presença das substâncias.

“O uso do terbufós, bem como o sulfite, que é um contaminante de terra, são proibidos pelo Ministério da Agricultura para o combate, por exemplo, como raticidas. Precisamos alertar as autoridades da vigilância sanitária sobre a fiscalização do comercio ilegal desses tipos de produtos químicos que podem provocar a morte, e que só este ano já registrou três casos e seis no ano passado”, alertou o chefe do Laboratório.

O perito criminal Paulo Henrique Grepino analisou as amostras de alimentos coletados na casa da vítima, como um tipo de shake encontrado em um copo e no liquidificador. O exame deu negativo para presença de veneno nesse material, mas, a ausência contribuiu para afunilar as investigações da Polícia Civil sobre o caso.

A perita-geral Rosana Coutinho ressaltou a importância da integração entre as Polícias Científica e Civil, e segundo ela, o trabalho de um órgão complementa o outro. A Polícia Científica traz subsídios, provas técnicas para robustecer o inquérito e ajudar na investigação da Polícia Civil no esclarecimento dos fatos no processo judicial para que se possa fazer justiça, o que subsidia o juiz para ter a convicção no sentido de julgar de maneira correta o crime ocorrido.

Investigação da Polícia Civil

O delegado Rômulo Andrade, que preside o inquérito policial que investiga o caso, destacou a importância da prova técnica. Ele apresentou novidades sobre as investigações que apontou para um relacionamento abusivo que levou ao crime de feminicídio ocorrido no dia 09 de outubro, no município de São Brás.

“O laudo pericial é importante porque conseguimos comprovar cientificamente que a vítima foi morta por envenenamento. Através do resultado do exame de toxicologia, conseguimos descartar a hipótese de suicídio, e confirmamos que ela foi morta por uma outra pessoa”, afirmou o delegado.

Rômulo Andrade disse ainda que a vítima, antes de morrer, desconfiou que estava sendo envenenada, pois chegou a mandar áudios dizendo que, em caso de morte por veneno, o culpado seria o ex-marido, com quem estava em processo de separação. Depoimentos de testemunhas, entre eles familiares da vítima, também possuem relatos de que a professora sofria agressões verbais e físicas.

O chefe do Instituto de Criminalística de Maceió, Charles Mariano, destacou que outros vestígios serão periciados. “Além dos exames toxicológicos, de química forense e de local de crime, novas perícias que sejam necessárias, um deles no celular da vítima, serão realizados pelo IC”, confirmou.