Polícia

Oficial da Polícia Militar agride advogada

Militar da reserva é apoiador da candidatura de Jairzinho Lira, que o afastou da campanha; PM/AL ordenou detenção do policial reformado

Por Thayanne Magalhães - repórter / Tribuna Independente 04/10/2024 09h33
Oficial da Polícia Militar agride advogada
Ozelito Martins é policial militar da reserva e já se candidatou a vereador em Lagoa da Canoa durante as eleições municipais de 2016 - Foto: Divulgação

A pequena cidade de Lagoa da Canoa, localizada no Agreste alagoano, tem sido vivido momentos de tensão na reta final da campanha eleitoral. Por lá, disputam à prefeitura Edilza Alves (PP), Jairzinho Lira (MDB) e Jarbinhas Barros (PSD). Na madrugada de ontem (3), um episódio de agressão física a uma advogada foi denunciado pela prefeita Tainá Veiga (PP), e atribuiu o caso a um policial militar reformado, que apoia Jairzinho Lira.

Trata-se do tenente-coronel da reserva da Polícia Militar, Ozelito Martins da Rocha, que foi preso em flagrante ainda na quinta-feira (3) após agredir a advogada Alice Rikelly da Silva Teles. Alice, que é assessora da prefeita Tainá Veiga e advogada da coligação “Para Frente Canoa”, foi atacada verbal e fisicamente pelo oficial. Vídeos do momento do ocorrido mostram o militar insultando a advogada, dizendo: “advogada para mim é merda, agora me filma”, antes de partir para a agressão física.

Segundo Edilza Alves, Alice Rikelly foi perseguida e atacada na frente de policiais militares, que, conforme a candidata, não tomaram providências. O clima de intimidação foi reforçado pela presença de homens armados, gerando ainda mais temor.

Além da agressão à advogada, outros membros da coligação “Para Frente Canoa” foram ameaçados. Edilza afirmou que dois apoiadores foram intimidados por um homem armado identificado como César. A candidata expressou sua indignação, afirmando que a situação em Lagoa da Canoa é inaceitável, sendo um município historicamente pacífico e de pessoas trabalhadoras. Ela questiona a falta de atitude da Polícia Militar de Alagoas e da Justiça eleitoral sobre o caso.

“É inadmissível que esse estado de coronelismo e violência esteja acontecendo em Lagoa da Canoa, que é um Município ordeiro e de famílias pacíficas e trabalhadoras. Já solicitamos as autoridades as providências necessárias contra este ato contrário à democracia, contra a nossa liberdade e que não respeita nem o momento de maior luto que estamos passando”, escreveu a candidata em suas redes sociais.

A prefeita Tainá Veiga também se manifestou publicamente sobre o caso, questionando até quando os moradores da cidade continuariam a sofrer com perseguições e ameaças. Em sua conta no Instagram, Tainá ressaltou que a situação já ultrapassou a esfera política e agora se trata de um grave caso de violência.

O tenente-coronel Ozelito, que trabalha como assessor do candidato opositor Jairzinho Lira, foi levado para a Academia da Polícia Militar, em Maceió, onde permanece detido. A Polícia Militar de Alagoas divulgou uma nota sobre o caso, informando que o oficial será investigado pela Corregedoria.

Nas redes sociais, o candidato Jairzinho Lira disse que “afastou os apoiadores supostamente envolvidos na confusão e que sempre defendeu a paz e combate à violência contra a mulher”.

RESPOSTA DA PM

Em resposta ao ocorrido, o Comando Geral da Polícia Militar de Alagoas ordenou a detenção do tenente-coronel Ozelito Martins da Rocha, que está sob a custódia da Corregedoria da PM. A guarnição que estava presente no momento da agressão também foi encaminhada ao 3º Batalhão de Polícia Militar, em Arapiraca, para prestar esclarecimentos.

A Secretaria de Segurança Pública de Alagoas informou que antecipou a implementação do Plano de Segurança para as eleições, com deslocamento de tropas para o interior do estado. Cada local de votação terá uma guarnição policial, e a Polícia Civil também estará presente em todas as regiões para atender eventuais demandas.

REPÚDIO

A Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Alagoas, juntamente com suas Subseções, emitiu uma nota de repúdio contra a agressão sofrida pela advogada Alice Rikelly. A OAB condenou o ato de violência, destacando que ele atinge não só a vítima, mas toda a classe advocatícia. A entidade garantiu que acompanhará o caso de perto e exigirá a responsabilização do agressor. As Subseções envolvidas reiteraram seu compromisso com a defesa das prerrogativas da advocacia e afirmaram que continuarão vigilantes para que o exercício da profissão seja realizado de maneira segura e independente.