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Dezenas de manifestantes e 13 policiais morrem em protestos no Cazaquistão

Rússia e outros países próximos enviaram tropas ao Cazaquistão, que vive onda de protestos contra o aumento no preço dos combustíveis que culminou na derrubada do governo.

Por G1 06/01/2022 11h42
Dezenas de manifestantes e 13 policiais morrem em protestos no Cazaquistão
Reprodução - Foto: Assessoria

Dezenas de manifestantes e 13 agentes de segurança morreram em confrontos no Cazaquistão, país que vive uma onda de manifestações que culminou na dissolução do governo. Segundo a TV estatal, dois policiais foram encontrados decapitados.

A população atacou prédios públicos em Alamy, e as forças de segurança não conseguiram controlar os protestos na maior cidade e capital econômica do país, nem mesmo após o governo voltar atrás do aumento dos combustíveis que originou a revolta popular.

Cerca de 2 mil pessoas foram detidas apenas em Alamy, segundo o Ministério do Interior, e mais de 300 policiais ficaram feridos. Os protestos já são os maiores desde a independência do país em 1991, quando a União Soviética entrou em colapso.

Os manifestantes chegaram a tomar o aeroporto da cidade, segundo a agência de notícias Reuters, mas na tarde desta quinta-feira (6) o local estava de novo sob controle dos militares. O comércio foi saqueado e carros incendiados estão espalhados pelas ruas.

O presidente Kassym-Jomart Tokayev declarou na terça (4) estado de emergência e um toque de recolher no país que não foram respeitados. Ele também prometeu abaixar o preço dos combustíveis para "garantir a estabilidade no país" e dissolveu o próprio governo, mas não renunciou.

Protestos e 'força de paz' Os protestos explodiram no domingo (2), após o governo dobrar o preço do gás GLP e de outros combustíveis no dia anterior, e se espalharam pelo país. As manifestações também passaram a refletir outras insatisfações da população com o governo e a abraçar outras reivindicações, como a mudança do regime político, a eleição direta dos governos locais, o fim das prisões arbitrárias e a redução da desigualdade.

Em meio aos distúrbios violentos, a Rússia anunciou nesta quinta (6) o envio de uma "força de paz" que inclui militares de Armênia, Belarus, Quirguistão e Tadjiquistão, países que integram a OTSC (Organização do Tratado de Segurança Coleta) junto com o Cazaquistão.

Um comunicado da OTSC diz que o principal objetivo dos soldados "será a proteção de importantes instalações estatais e militares e auxiliar as forças da lei e da ordem (...) na estabilização da situação".

Homem caminha em frente ao prédio da Prefeitura de Almaty, a maior cidade do Cazaquistão, que foi incendiado durante protestos desencadeados pelo aumento do preço do combustível e que culminaram na queda do governo, em 6 de janeiro de 2022 — Foto: Pavel Mikheyev/Reuters

O Cazaquistão

O Cazaquistão é o 9º país do mundo em extensão territorial, mas tem uma população relativamente pequena (18,8 milhões de habitantes). Sua capital é a cidade de Nursultan, e a mais populosa é Almaty.

Rico em petróleo, gás e urânio e responsável por 60% do GLP da Ásia Central, o Cazaquistão é a maior das ex-repúblicas soviéticas e a nação mais influente da região. O país também faz fronteira com a Rússia ao norte e a China a leste.

O país se tornou independente em 1991, em meio ao colapso da União Soviética, e tem um governo considerado autoritário. Antes de Kassym-Jomart Tokayev, o país foi governado por três décadas por Nursultan Nazarbayev, ex-presidente de 81 anos que dá nome à capital.

Nazarbayev só deixou o poder em 2019, em meio a protestos antigoverno — que ele tentou conter renunciando. Ainda assim, indicou seu sucessor, o atual presidente Tokayev, em uma eleição que foi alvo de críticas de observadores internacionais.

Embora não esteja mais no poder, Nazarbayev continua sendo uma figura influente no país, e analistas afirmam que ele é o alvo principal dos atuais protestos. Aliado do presidente da Rússia, Vladimir Putin, Nazarbayev era até quarta o presidente do poderoso Conselho de Segurança do país.