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EUA cancelam visto temporário a 250 mil salvadorenhos que vivem no país

Os EUA decidiram conceder esta proteção aos salvadorenhos que estavam no país em fevereiro de 2001, após devastadores terremotos em El Salvador naquele ano

Por EFE 09/01/2018 01h46
EUA cancelam visto temporário a 250 mil salvadorenhos que vivem no país
Reprodução - Foto: Assessoria
O governo dos Estados Unidos decidiu nesta segunda-feira (8) cancelar o Status de Proteção Temporária (TPS, da sigla em inglês) para mais de 250 mil salvadorenhos, mas dará um período de 18 meses, até setembro de 2019, para que eles deixem o país ou busquem uma via alternativa para a regularização da estadia, informou um funcionário do alto escalão do Executivo à agência EFE. O Departamento de Segurança Nacional (DHS, da sigla em inglês) justificou a decisão ao afirmar que "já não existem as condições originais" provocadas pelos devastadores terremotos de 2001 em El Salvador, razão pela qual foi concedida a proteção a um total de 263.282 salvadorenhos até o fim de 2016, segundo dados oficiais divulgados para a Agência EFE. Ao ser questionado sobre se foram levados em consideração os altos níveis de violência no país centro-americano na hora de tomar a decisão, razão pela qual ativistas pediram a prorrogação do TPS, o funcionário enfatizou que só foram considerados os aspectos pelos quais a proteção temporária foi concedida e nenhum outro. O porta-voz insistiu que o período de 18 meses permitirá que os afetados pela medida "preparem sua partida" para seu país de origem ou busquem outra maneira de ficar nos Estados Unidos legalmente. O governo de El Salvador, a comunidade salvadorenha nos Estados Unidos e ativistas pró-imigrantes vinham batalhando sem descanso nos últimos meses pela manutenção do TPS, ou pelo menos para a sua prorrogação por seis meses, como o governo fez com o programa para os hondurenhos. O Executivo de Donald Trump, no entanto, decidiu aplicar sua linha dura migratória e encerrar o programa para os salvadorenhos, após ter feito o mesmo com o benefício para nicaraguenses e haitianos. Os EUA decidiram conceder esta proteção aos salvadorenhos que estavam no país em fevereiro de 2001, após os devastadores terremotos em El Salvador naquele ano, mas a medida deu proteção migratória a outros cidadãos do país centro-americano que tinham chegado décadas antes, nos anos 1980 e 1990, fugindo da guerra civil e de suas consequências. Permissão temporária Sob a Presidência do republicano George H.W. Bush (1989-1993), o Congresso dos EUA estabeleceu um procedimento que permitia ao governo conceder, de maneira extraordinária, uma permissão temporária de residência e trabalho aos cidadãos de países afetados por conflitos bélicos, epidemias e desastres naturais: o TPS. Esta permissão não abria caminho para a residência permanente, nem para nenhum outro status de regulamentação migratória, por isso, com a decisão do governo dos Estados Unidos de não prorrogá-la, seus beneficiários terão de retornar a seus países de origem ou correrão o risco de serem deportados, caso decidam ficar nos EUA de forma irregular. O argumento dos que defendem a manutenção do TPS 17 anos depois dos terremotos é que as condições em El Salvador, com enorme pobreza e criminalidade, não melhoraram para que os salvadorenhos que emigraram para os Estados Unidos possam retornar. Além disso, os ativistas lembram que mais de 51% dos salvadorenhos com TPS viveram nos Estados Unidos durante pelo menos 20 anos, segundo o Centro para os Estudos sobre a Migração.