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Familiares de tripulantes de submarino desaparecido criticam ministro da Argentina

Ministro da Defesa reconheceu morte de tripulantes em entrevista na TV

Por G1 05/12/2017 15h32
Familiares de tripulantes de submarino desaparecido criticam ministro da Argentina
Reprodução - Foto: Assessoria

Alguns parentes dos 44 tripulantes do submarino militar desaparecido no Oceano Atlântico há 20 dias criticaram nesta terça-feira (5) o ministro da Defesa da Argentina, Oscar Aguad, que reconheceu nesta segunda em uma entrevista na TV que os tripulantes estão mortos.

O ARA San Juan desapareceu com 44 tripulantes a bordo no dia 15 de novembro, quando navegava pelo Golfo de São Jorge. O submarino havia zarpado no domingo 11 de novembro de Ushuaia para retornar a Mar del Plata, sua base habitual. Em sua última comunicação, informou que uma entrada de água pelo sistema de ventilação provocou um princípio de incêndio na casa de baterias.

Em entrevista, Oscar Aguad foi questionado sobre o motivo pelo qual a busca por sobreviventes foi dada por encerrada. O ministro explicou que foi constatado que "as condições do ambiente extremo" no fundo do mar, durante tanto tempo de buscas sem sucesso, "eram incompatíveis com a existência de vida humana".

"Quer dizer que estão todos mortos?", questionou o jornalista, ao qual Aguad respondeu: "Exatamente".

"Quer dizer que estão todos mortos?", questionou o jornalista. "Exatamente", respondeu o ministro Oscar Aguad.

Na última sexta-feira (1º) Aguad já havia dito em uma reunião com os familiares dos tripulantes que pelo tempo de buscas que passou, não havia condições de haver vida.

À agência Efe, Jorge Villarreal, pai do tenente Fernando Ariel Mendoza, disse que as afirmações do político foram "assustadoras". Ele também questionou os controles de segurança antes do início do percurso da embarcação, que deixou de dar sinais dois dias depois de partir de Ushuaia.

Já para Marta Vallejos, irmã do operador de sonar Celso Oscar Vallejos, é preciso ter provas para fazer tal declaração.

"Se ele diz que estão mortos... ok, mas tragam para gente os corpos nas condições que estiverem. Para falar de algo é preciso ter provas. Ele se baseia em tecnicismo, mas minha visão é outra. Não tenho esperança, a palavra é fé. As pessoas têm que se orientar pela fé. Se os 33 mineiros do Chile conseguiram sair sãos e salvos depois de 70 dias por que eles não? Onde está escrito? Quem disse?", ressaltou ela à "FM Delta", que está há 10 dias em jejum como "sacrifico para Deus fazer um milagre".

"Se ele diz que estão mortos... ok, mas tragam para gente os corpos nas condições que estiverem", diz irmã de tripulante.

Na entrevista, o ministro da Defesa também falou sobre os avisos que o comandante do submarino deu aos superiores em terra na noite anterior ao sumiço para informar que tinha entrado água por um duto de ventilação, que passou pelo compartimento das baterias e provocou um princípio de incêndio. Segundo a Marinha, esse problema foi resolvido e o próprio comandante decidiu continuar a viagem.

O ministro admitiu que o ARA San Juan já tinha passado um "incidente similar" há algum tempo, mas que antes da missão "todos os controles" foram feitos e o capitão disse que o veículo estava em "perfeitas condições" de navegar. Segundo ele, o capitão também informou em um relatório que o problema com o duto de ventilação (snorkel) deveria ser analisado na revisão que o submarino faria em 2018.