Mundo
Israel repassou informação confidencial que Trump compartilhou com Lavrov
Trump defende "direito absoluto" de compartilhar informação secreta com russos
O jornal baseou sua informação em dados apresentados por um funcionário e um ex-funcionário acostumados com a forma com a qual os EUA obtêm esses tipos de relatórios, e não citou seu nomes.
O "NYT" e o "Washington Post" informaram nesta segunda que na quarta-feira passada, quando Trump se reuniu na Casa Branca com o ministro de Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, ele compartilhou uma informação confidencial sobre um plano do grupo Estado Islâmico (EI) de uso de laptops em voos comerciais.
Trump admitiu nesta terça que compartilhou com a Rússia informação sobre o terrorismo islâmico, mas assegurou que tem "o direito absoluto" de fazer isso, sem qualquer confirmação oficial sobre de onde procedia a informação compartilhada.
O presidente americano tem autoridade para "desclassificar" informações consideradas confidenciais. Mas, para a maioria dos funcionários do governo, a revelação de informações secretas seria considerada um ato ilegal.
Segundo o "NYT", a possibilidade que os EUA tenham compartilhado informação tão delicada com a Rússia pode prejudicar a relação entre Washington e Jerusalém. O jornal lembrou que o Irã, um dos principais inimigos de Israel, é um dos aliados mais estreitos da Rússia no Oriente Médio.
Consultado pelo "NYT", o embaixador de Israel nos EUA, Ron Dermer, não confirmou que seu país tenha sido o que entregou a informação que Trump compartilhou com Lavrov, mas destacou a colaboração entre Estados Unidos e Israel.
"Israel confia plenamente em nossa relação com os Estados Unidos para compartilhar informação de inteligência e espera que essa relação se aprofunde nos próximos anos", acrescentou o diplomata.
As fontes do "NYT" disseram ainda que Israel já tinha pedido aos Estados Unidos que fossem cuidadosos com os dados de inteligência aos quais Trump tem acesso.
Mais detalhesNesta terça, o comitê de inteligência do Senado dos EUA solicitou à Casa Branca informações sobre os relatos de que Trump deu informações de inteligência secretas a autoridades do governo russo, de acordo com Becca Watkins, porta-voz do presidente do comitê, senador Richard Burr.
Investigadores do Congresso devem solicitar cópias de todas as anotações feitas durante o encontro de 10 de maio entre Trump e autoridades russas.
ImpeachmentO encontro com Lavrov e Kislyak aconteceu um dia depois de Trump demitir o então diretor do FBI, James Comey, que comandava as investigações sobre a suposta interferência russa nas eleições de 2016. A demissão causou uma tormenta política sobre a Casa Branca.
Nesta segunda, o congressista democrata Al Green defendeu um processo de impeachment contra Trump por obstuir a Justiça com a demissão. Ao justificar sua decisão, o presidente disse que Comey não conseguia "liderar efetivamente", que uma nova liderança era necessária e que seguia recomendações do procurador-geral, Jeff Sessions, e do vice-procurador-geral, Rod Rosenstein.
Uma pesquisa publicada nesta terça pela empresa Public Policy Polling aponta que 48% dos americanos querem o início de um processo de impeachment contra o presidente. A porcentagem é maior do que os 41% que se opõem a Trump responder a um julgamento político, algo que só ocorreu em duas oportunidades na história do país. A pesquisa tem margem de erro de 3,7%
O Congresso iniciou, mas nunca finalizou, o "impeachment" dos presidentes Andrew Johnson (1829-1837) e Bill Clinton (1993-2001), enquanto a possibilidade do julgamento político forçou a renúncia de Richard Nixon em 1974.
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