Interior
Museu Ambiental Casa do Velho Chico vai ganhar sede própria
Há apenas 400 metros de distância do rio São Francisco, na região do Baixo SF, em Traipu (AL), será executado um grande projeto, o Museu Ambiental Casa do Velho Chico. Ele foi aprovado recentemente pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) e a primeira reunião com os responsáveis pela empresa Métrica Engenharia para os encaminhamentos iniciais acerca da parte do projeto arquitetônico foi realizada no dia 09 de novembro, na casa de Antônio Jackson, membro do Comitê, que desde 1967 é apaixonado pelo Velho Chico e defende de todas as formas este precioso bem natural.
Antônio Jackson sonha com a construção de um local fixo para o Museu Ambiental Casa do Velho Chico desde 2001 e agora este sonho se tornará realidade. De acordo com Thiago Lana, coordenador técnico da Agência Peixe Vivo, que colaborou para que fossem feitos os ajustes desta etapa, “trata-se da elaboração de um projeto arquitetônico executivo e todos os projetos complementares que o CBHSF está fornecendo para a fundação do Museu Ambiental Casa do Velho Chico. Ele tem a duração aproximada de seis meses e hoje foi a entrevista inicial para que a empresa executora possa entender melhor sobre a ideia de implantação dele. Este projeto é de cunho educacional e ambiental. A construção vai possibilitar a acomodação de todas as peças colecionadas pelo Jackson que se encontram espalhadas em várias cidades. Também vai acomodar o museu itinerante do Velho Chico. O valor do investimento será de 104 mil reais nesta etapa”, disse.
O presidente do CBHSF, Maciel Oliveira, contou que a construção do Museu Ambiental Casa do Velho Chico é um grande marco para toda bacia do rio São Francisco e o Comitê tem muito orgulho em participar dessa história. “Esse grande sonho se transformou em realidade e o museu que é itinerante também tem atividades físicas e lúdicas, e esse espaço que será construído vai ser extremamente importante para a disseminação de educação ambiental para toda bacia. Pretendemos aprovar o Programa de Educação Ambiental ainda este ano e o museu está entre nossas prioridades”.
A realização de um sonho
Como dito anteriormente por Antônio Jackson, a ideia do museu surgiu em 2001, que, por acaso, foi o ano em que o rio São Francisco completou 500 anos da sua descoberta. “Fizemos uma exposição que foi visitada por 100 mil pessoas na ocasião e descobrimos que tínhamos um patrimônio que não era nosso. O museu nasceu em Traipu (AL), mas sua sede encontra-se em São Brás (AL). É importante frisar que o museu também já passou pelo município de Pão de Açúcar (AL), mas nossa intenção é trazer à cidade de Traipu em definitivo porque ficaremos independentes, as peças ficarão protegidas e todos poderão visitar o museu”, explicou.
Na oportunidade, Antônio Jackson enalteceu Anivaldo Miranda, coordenador da Câmara Consultiva Regional do Baixo São Francisco do CBHSF, que é o grande responsável por este projeto. “Ele é o grande mentor e nós iremos homenagear esse prédio com o seu nome como bom ambientalista que é este defensor do Velho Chico”.
Serão 19 painéis com temas sobre desertificação, assoreamento, queimadas, extinção de nascentes, introdução de espécies exóticas, salinização, a questão das barragens, dos aquíferos, do esgoto que deságua no rio, todos os problemas ambientais que afetam a vida do rio São Francisco e que trarão prejuízos para o planeta.
Segundo informações repassadas pelo Antônio Jackson, o museu terá acesso gratuito para que pessoas de todas as idades possam conhecer e entender um pouco melhor sobre o que está acontecendo com o Velho Chico. “Eu gosto muito das visitas das crianças porque elas questionam, tiram dúvidas, são educadas e isso me encanta. Tenho muita esperança que essa nova geração possa ter uma postura diferente em defesa das águas. A construção do museu será o ápice de uma ideia que surgiu há mais de 20 anos. Uma luta que eu travei em defesa do rio e que agora tem a grande possibilidade de se concretizar”, falou em tom emocionado.
Para Anivaldo Miranda, a construção de um museu temático no baixo São Francisco, tendo como foco, sobretudo, o próprio Velho Chico, as suas águas, a sua gente, o imaginário dos ribeirinhos, bem como a economia, a forma como as populações produzem e reproduzem a sua existência, os problemas e as ameaças que se abatem sobre a quantidade e a qualidade das águas e todos os desafios que cercam a gestão das águas, é de extrema importância.
“Ter um museu que trata desse assunto em uma região bastante carente em termos de iniciativas culturais permanentes é uma grande vitória da forma como o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco está aplicando os recursos destinados a cumprir as metas do plano diretor da bacia, que inclui também reforçar o aumento do conhecimento, o aumento da mobilização e da conscientização das populações ribeirinhas em torno da necessidade de defesa da qualidade das águas, bem como em defesa do aumento da sua quantidade em termos de recuperação hidroambiental. Eu quero aqui ressaltar que essa ideia saiu do papel e nesse sentido é preciso destacar o grande responsável por tudo isso, o companheiro Antônio Jackson que, há muitos anos em suas andanças pelos estados ribeirinhos como Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Bahia e Minas Gerais há tempos teve uma ideia de recolher materiais de diversos tipos que, segundo o critério do próprio Jackson, poderiam ser expressivos para a montagem de um processo lúdico, imagético, capaz de interessar as distintas gerações na discussão de tudo que se refere ao Rio São Francisco. Portanto, Jackson com os recursos do próprio bolso foi recolhendo móveis antigos, fotografias, publicações da época e outros materiais onde pudesse montar cenários que captam muito a curiosidade das crianças, dos jovens e que abordam de acordo com o Jackson o que vem acontecendo com o rio”.
A arquiteta da Métrica Engenharia, Vitória Gomide, pontuou que a equipe esteve com o Antônio Jackson, em Traipu (AL), para conversar e entender melhor o que ele espera desse projeto do Museu Ambiental Casa do Velho Chico. “Nossa intenção foi a de saber quais as necessidades e desejos para dar uma forma a essa edificação, no seu entorno, a fim de melhor acomodar todos os materiais que ele possui de exposição e que ele guarda durante todos esses anos. Buscaremos estruturar de uma forma que ele apresente aos visitantes da maneira mais interessante possível. A ideia é que ele leve de forma ainda mais clara a mensagem que ele sempre passou, que é a de preservação do meio ambiente, do rio São Francisco”, finalizou.
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