Quem passa de carro pelo trecho litorâneo da área urbana de Japaratinga, um prolongamento da AL-101 Norte, logo depois da praia de Bitingui, quase não percebe um dos casos mais exitosos de estudo, análise, proteção e recuperação de praia de Alagoas, que vem sofrendo muito nos últimos anos com o avanço do mar sobre a costa, colocando em risco, segundo estudos, quase 70 por cento das faixas recreativas das praias do Estado. Mas o próprio município de Japaratinga apresenta, ainda, outras praias em risco, como o Boqueirão, nas proximidades da foz do rio Manguaba, que já perdeu mais de 200 metros de área e de mangue, além da famosa Barreiras do Boqueirão, onde ficam as conhecidas bicas.

No entanto, esse caso, de uma das praias de Japaratinga, que ameaçava engolir a área de restinga, o sopé da falésia e a própria rodovia, completou 20 anos no último mês de agosto e se tornou num dos casos de maior sucesso de recuperação de praia do Nordeste. Para o engenheiro Marco Lyra, especialista em recuperação de praias e CEO da Ocean Protections, empresa alagoana que aprimorou a tecnologia conhecida como bagwall, o dissipador de energia instalado em 2003 em Japaratinga, a importância do monitoramento das obras de defesa costeira é fundamental para avaliação da eficácia da alternativa de engenharia utilizada no controle da erosão costeira.

Segundo ele, no caso da obra do bagwall em Japaratinga, a obra foi monitorada no pós-obra no período de agosto de 2003 a agosto de 2008, comprovando que o processo erosivo foi controlado no sopé da falésia, protegendo a rodovia AL-101 Norte. "Em agosto deste ano, a obra completou 20 anos da sua construção, sem custo de manutenção. Mais um caso exitoso registrado em Alagoas. Assim, podemos observar que o processo erosivo existente não foi transferido para as áreas vizinhas tanto a norte quanto a sul. A estrutura dissipativa do bagwall instalada na praia, indica que no trecho intervencionado, o perfil da praia emergiu e a praia continua em recuperação", afirmou o engenheiro