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Igrejas históricas viram pontos turísticos no Litoral Norte alagoano

Construções da época colonial entram para os roteiros incluídos por agências de receptivos na região

Por Texto: Claudio Bulgarelli – Sucursal Litoral Norte com Tribuna Independente 21/04/2018 14h27
Igrejas históricas viram pontos turísticos no Litoral Norte alagoano
Reprodução - Foto: Assessoria
Na Europa, as igrejas históricas, com 1000 anos de fundação ou mesmo com 500 anos, atraem milhares de turistas em busca de sua arquitetura e sua história. Em Bolonha, norte da Itália, por exemplo, a Basílica de San Petronio, construção iniciada em 1390 e que deveria ser maior que a Basílica de São Pedro, em Roma, recebe mais de um milhão de turistas por ano. No Brasil esse tipo de turismo se baseia, sobretudo, numa forma de turismo conhecido como turismo religioso. Mas o Litoral Norte de Alagoas, com um significativo número de igrejas históricas do período colonial, tem se tornado ponto obrigatório de visitações, em roteiros incluídos por agências de receptivos e criados sob medida pelas associações de bugueiros, dando mais opções para o turista. De Paripueira a Maragogi, cortando o litoral, mas mesmo Porto Calvo e Matriz de Camaragibe, ao longo da BR 101, são mais de 10 igrejas construídas entre 1650 e 1800, que viraram ponto de atração turística. Algumas preservadas e restauradas, outras abandonadas e consumidas pelo tempo, mas todas com um grande valor cultural, que contam um importante período da história de Alagoas, como a fase da ocupação holandesa. Nosso passeio começa por Paripueira, o primeiro município da Costa dos Corais, onde sua igreja, a de Santo Amaro, bem próximo da praia, tem atraído um bom número de turistas, sobretudo depois da reforma e de uma nova pintura. Recuperada, a pequena capela virou cartão postal. A construção, provavelmente do século XVII, revela a sala dos milagres e as imagens de Cristo crucificado. Assim todos querem uma lembrança da igreja com a nova roupagem, que a deixou belíssima. Na época colonial, o território de Paripueira pertencia eclesiasticamente à Freguesia de Santo Antônio do Meirim de Ipioca, fundada em 17 de julho de 1713. Provavelmente, a capelinha hoje existente, seja uma construção dos padres missionários beneditinos. A Freguesia de Maragogi data de 1717, cujo padroeiro era São Bento. Paripueira hoje é Paróquia desde 2 de dezembro de 1979. Igreja de Santo Amaro em Paripueira (Foto: Claudio Bulgarelli) Santo Amaro nasceu em Roma e entrou muito cedo para a vida religiosa. Filho espiritual e grande amigo de São Bento tornou-se um beneditino com apenas 12 anos de idade. Foi apontado, desde muito cedo, como um exemplo de silêncio e também de correspondência às exigências da vida monacal. São Gregório foi quem deixou o testemunho de que, certa vez, São Bento, por revelação, soube que um jovem estava para se afogar em um açude. Disse ao então discípulo Amaro que fosse ao encontro daquele jovem. Ele foi. Sem perceber, com tanta obediência, ele caminhou sobre as águas e salvou aquele jovem; depois que ele percebeu que havia acontecido aquele milagre. Retribuíram a ele, mas, claro, ele atribuiu a São Bento, pois só obedeceu. Barra de Santo Antônio e seu templo de 1753 Na Barra de Santo Antônio, em 1753 foi construída na Ilha da Croa a capela que deu origem à Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição. Em 1880, o Almanak da Província de Alagoas registra que na Barra de Santo Antônio Grande existia uma capela e o povoado pertencia à Freguesia de Nossa Senhora da Conceição, que também abrangia Matriz de Camaragibe e São Luís do Quitunde. Somente no dia 11 de outubro de 2014 é que a comunidade do município da Barra de Santo Antônio foi elevada à paróquia, que tem como patronos Nossa Senhora da Conceição e Santo Antônio. No período da dominação holandesa da capitania de Pernambuco, entre 1624 e 1654, Passo de Camaragibe foi palco de algumas batalhas entre forças flamengas e lusas. A primeira ação holandesa em Camaragibe se deu em outubro de 1632, quando tropas comandadas por Lichtardt e guiadas por Calabar desembarcaram em Barra Grande (Maragogi), passaram por Porto de Pedras e depois se apoderaram do gado de Camaragibe, tocando fogo em tudo que podiam levar. Em seguida foram para o Porto do Francês (Marechal Deodoro). Não há data precisa sobre a instalação da freguesia criada sob a invocação de Bom Jesus e transferida para Nossa Senhora da Conceição, padroeira do município. É provável que tenha sido em 1749. Terceiro mais antigo santuário de Alagoas A terceira mais antiga igreja de Alagoas, e a que recebe mais turistas na Rota Ecológica, paróquia situada na cidade de São Miguel dos Milagres e que foi fundada entre os séculos XVII e XVIII, está sendo restaurada, para alegria dos turistas. Estão sendo trocadas as madeiras juntamente com as telhas, para a reforma do telhado da igreja. Em seguida receberá uma nova pintura, com a tinta doada pela empresa Ibratim. A previsão é de que até o aniversário de emancipação política da cidade, em 7 de junho, a igreja esteja novamente aberta para visitação. A colonização de São Miguel dos Milagres teve início durante a invasão holandesa. Os moradores de Porto Calvo, que na época era conhecido como Santo Antônio dos Quatro Rios se escondiam em abrigos considerados seguros, para que pudessem observar o movimento dos invasores. O motivo da ocupação do município deveu-se em grande parte a economia açucareira do local. Na época da invasão a região, que hoje é chamada de São Miguel dos Milagres, serviu para holandeses, portugueses e os espanhóis, como ponto de observação para uma extensa área de terra até o mar. Com o tempo foi possível avistar no local, a formação de engenhos. Grande parte da população existente no município de São Miguel dos Milagres se deve a muitos que fugiram durante a invasão holandesa em Porto Calvo. Como os portugueses, os escravos e índios. A colina que serviu de refúgio para os fugitivos de Porto Calvo, foi construída no ano de 1900 é conhecida como Cruzeiro de São Miguel dos Milagres, lugar onde possui uma vista deslumbrante, onde é possível avistar o mar de seu azul-turquesa. A igreja do município também serviu de refúgio para os portugueses, escravos e índios. Os fugitivos construíram abrigos na igreja Mãe do Povo (Nossa Senhora Mãe do Povo), que se encontra até hoje, localizada alguns metros de distância da colina do cruzeiro. As imagens vistas na igreja são todas de madeira de lei trazida de Portugal. As paredes tiveram sua construção formada por pedras. Já houve a queda do teto duas vezes, no entanto, em nenhum desses acontecimentos, as paredes foram abaladas.