Interior

Levantamento mostra que homens sofrem mais violência no Agreste

Segundo os estudos, de cada cinco casos de violência doméstica, quatro são referentes ao homem

Por Assessoria 13/11/2017 15h17
Levantamento mostra que homens sofrem mais violência no Agreste
Reprodução - Foto: Assessoria
Os dados mais recentes do Hospital de Emergência Daniel Houly, em Arapiraca, mostram que os homens são as maiores vítimas da violência. O HE do Agreste faz parte da rede de hospitais mantida pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), sendo a principal referência no interior de Alagoas, nos casos de traumas de média e alta complexidade. Com uma média anual de 46 mil atendimentos, o hospital atende, em sua maioria, pessoas vítimas de agressões e de acidentes no trânsito. De acordo com a psicóloga Mônica Leal, as mais recentes pesquisas internacionais e locais mostram que os homens também sofrem mais violência doméstica do que as mulheres. Segundo os estudos, de cada cinco casos de violência doméstica, quatro são referentes ao homem. “O fato é que a maioria deles tem vergonha e medo de fazer a denúncia na delegacia. Na verdade, eles ficam constrangidos por que a maior parte dos profissionais nas delegacias é de uma cultura machista, culpabilizando sempre o homem”, explica Mônica Leal. A psicóloga do Hospital de Emergência do Agreste aponta, ainda, para o fato de que a maioria da violência doméstica conta os homens são de origem psicológica, o que, segundo ela, muitas vezes inviabiliza as provas. “Devido a isso, e a outros fatores, os homens se suicidam 80% mais do que as mulheres. Essas, por sua vez, tentam mais o suicídio”, acrescenta. Perfil Estudos do Ministério da Saúde apontam que os homens jovens, na faixa etária entre 20 e 24 anos, fazem parte do grupo de maior risco ao suicídio. Uma mulher sofre acidente de trânsito para cada grupo de cinco homens, que também fazem mais uso de bebidas alcoólicas e drogas. “A cultura masculina baseia-se em ser competitivo, sexualmente potente, ter autocontrole, ser bom provedor e fazer-se respeitar pela mulher. Tudo isso gera uma cultura da violência doméstica”, relata a psicóloga, citando que o Brasil ocupa a décima posição mundial em homicídios por arma de fogo. A maioria das vítimas é do sexo masculino, ou seja, 94,4% da média nacional, segundo dados do Mapa da Violência de 2017. No caso de acidentes no trânsito, Alagoas está em 12º lugar no país, e Arapiraca figura na décima primeira colocação entre os municípios acima de 20 mil habitantes no Brasil. “Os negros também são as maiores vítimas da violência no Brasil e em Alagoas. Estamos no mês de novembro, onde é abordada com mais ênfase a questão da saúde do homem ", lembra Mônica Leal. Para ela, a cultura masculina é muito violenta em todas as esferas. “É preciso ampliar as políticas públicas nas áreas da saúde, educação e de segurança, aliando esse trabalho nas escolas e com maior quantidade de campanhas, inclusive para o desarmamento com apoio da mídia”, enfatiza a psicóloga, que também integra o Núcleo de Segurança do Paciente (NSP), um grupo multissetorial que realiza palestras duas vezes por semana, há mais de um ano, sobre temas como a violência doméstica, homicídio, violência no trânsito, suicídio, além de traumas provocados por acidentes domésticos ou no trabalho.