Interior
Manifesto toma conta de Delmiro Gouveia para reabertura de fábrica têxtil
Operários da Fábrica da Pedra estão desesperados com o fechamento da empresa
Operários da Fábrica da Pedra (indústria têxtil) estão desesperados com o fechamento da empresa desde 28 de março do ano passado. Na tarde desta segunda-feira, centenas deles com familiares fizeram um manifesto na porta da indústria e depois saíram pelas ruas com faixas e cartazes, sobretudo, cobrando providências, para que o governador Renan Filho cumpra a promessa de reativar a empresa no primeiro trimestre deste ano, já que segundo eles, Renan teria prometido no ano passado.
O problema da Fábrica está centrado numa dívida de mais de R$ 2.5 milhões junto com a Eletrobras, razão de seu fechamento, uma vez que o sistema de energia elétrica foi cortado. Na oportunidade foram demitidos 150 funcionários e 420 continuam de férias coletivas até hoje.
O prefeito Padre Eraldo está engajado nesta campanha, tanto que veio nesta segunda a Maceió, tratar justamente do assunto com o governador Renan Filho. Os trabalhadores também estão contando com o apoio do deputado estadual Inácio Loiola, que marcou presença lá em Delmiro durante o manifesto de hoje.
Histórico
Delmiro Gouveia foi um herói em seu tempo. De sua visão empresarial originou-se, no início do século XX, a formação do primeiro polo industrial do Nordeste brasileiro, junto com a implantação da primeira indústria têxtil no Sertão alagoano. A Cia. Agro Fabril Mercantil começou a funcionar em 05 de junho de 1914, no dia em que comemorava mais um aniversário do seu fundador, na distante Vila da Pedra, hoje município de Delmiro Gouveia. Os primeiros carretéis vieram da Finlândia. A primeira compra de algodão do Egito. Depois veio a utilização do algodão Seridó, plantado nas terras da região.
Mas, em outubro de 1917, Delmiro Gouveia foi brutalmente assassinado. Com sua morte o controle da Cia Agro Fabril Industrial passou aos irmãos Menezes, até que, no final dos anos 80, após sucessivas crises financeiras, foi adquirida pelo Grupo Cataguases, passando a chamar-se Multifabril Nordeste S/A. Essas crises voltaram a se repetir periodicamente levando a fábrica a ter a sua produção radicalmente reduzida, com o risco de ter as suas portas fechadas.
Em 1992 o Grupo Carlos Lyra, tradicional grupo empresarial no segmento da agroindústria, de açúcar, álcool e de fertilizantes, com forte participação na economia nacional, aceitou o desafio de não deixar parar a única e tradicional indústria da região. Tendo assumido o controle da empresa, deu-lhe o nome da FÁBRICA DA PEDRA S/A Fiação e Tecelagem. O grupo que até hoje continua no comando, chegou a equipar a fábrica com os mais avançados maquinários do mundo, cuja indústria atendia aos grandes magazines do Brasil, como C&A, Casas Pernambucanas, Renner e exportava seus produtos para boa parte da América do Sul.
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