Esportes

Por que o futebol brasileiro sofre com gramados tão ruins?

Por Assessoria 26/02/2024 11h25
Por que o futebol brasileiro sofre com gramados tão ruins?
Diversas questões climáticas impactam diretamente a qualidade dos campos de futebol - Foto: Imagem ilustrativa

No cenário mundial do futebol, o Brasil é reconhecido como a terra onde nasceu o "jogo bonito". Suas lendárias estrelas, como Pelé, Ronaldo e Ronaldinho Gaúcho, encantaram multidões com suas habilidades mágicas e jogadas criativas. No entanto, um aspecto peculiar continua a assombrar o país do futebol - a qualidade inconsistente dos gramados nos estádios.

As queixas acerca da condição dos campos de futebol no Brasil são tão frequentes que muitas vezes são consideradas meras "desculpas" por parte do time que perdeu um jogo ou campeonato. Contudo, essa visão simplista é bastante limitada. Na grande maioria das vezes, mesmo os gramados utilizados nas principais competições do futebol nacional deixam muito a desejar em termos de qualidade, ficando aquém do padrão necessário para esse nível de disputa.

É um problema muito complexo, que abrange fatores como condições climáticas, frequência de partidas e, sobretudo, uma certa negligência tanto por parte da Confederação Brasileira de Futebol quanto dos clubes. Não há uma ação efetiva para tentar, ao menos, aprimorar a situação dos campos, embora sua influência na qualidade do jogo seja inegável.

Quais as razões para os gramados do Brasil estarem tão desgastados?

Conforme mencionado, diversas questões climáticas impactam diretamente a qualidade dos campos de futebol. Desde o clima úmido da Amazônia até o clima árido do Nordeste, cada região apresenta seus próprios desafios para a manutenção adequada dos gramados esportivos. As chuvas intensas em determinadas áreas podem resultar em campos lamacentos, enquanto o calor intenso e a escassez de água em outras regiões podem levar à secura e ao desgaste prematuro da grama.

Além das razões climáticas, também existe um descaso considerável de quem comanda o futebol no Brasil. Muitos clubes optam por não fazer investimentos necessários para melhorar a infraestrutura do seu estádio. Apesar de atualmente os times possuírem contratos de patrocínio extremamente lucrativos com empresas diversas, indo desde o ramo de casa de aposta esportiva até mesmo instituições financeiras, há uma clara divergência de prioridades.

Esses patrocínios, apesar de fazerem diferença na receita do clubes, não têm o poder de traçar as diretrizes internas para destinar as áreas que os recursos irão ser aplicados. A decisão precisa vir de quem comanda o futebol e não de empresas de outro segmento.




O mesmo vale para estádios que estão sob os cuidados do poder público, que acabam se tornando verdadeiros “elefantes brancos” por causa de gestões públicas muito ruins. O caso do Maracanã é emblemático. Em tese, Flamengo e Fluminense possuem a responsabilidade de manter o estádio em condições de jogo, no entanto, eles não tem a posse do patrimônio (este pertence ao governo do estado do Rio de Janeiro), dessa forma, os outros grandes clubes do RJ, como o Botafogo e o Vasco da Gama, podem entrar com uma ação legal e mandar jogos no Maracanã, o que do ponto de vista jurídico é totalmente viável, mas acaba por sobrecarregar mais ainda o gramado do estádio, prejudicando os eventos que acontecem por lá.

Perigos aos atletas e possíveis lesões provocadas por gramados ruins

Não é somente na qualidade do espetáculo que as condições ruins dos gramados podem influenciar. Um gramado de má qualidade frequentemente apresenta irregularidades, buracos e áreas desgastadas. Essas superfícies instáveis podem levar a tropeços, escorregões e torções, à medida que os jogadores tentam driblar, passar ou chutar a bola.

A instabilidade no solo pode desestabilizar um jogador em movimento, gerando movimentos bruscos e imprevistos que colocam uma carga excessiva sobre músculos, ligamentos e articulações, aumentando o risco de lesões. Por essa razão, é crucial que os clubes e as ligas compreendam que ao aprimorar as condições dos campos, estão também protegendo a saúde de seus atletas.

Em suma, podemos dizer que para melhorar o nível do futebol brasileiro é preciso ir além das questões financeiras ou desempenho esportivo. Pensar o futebol é também entender que, dentro das suas nuances, existem pontos a serem priorizados. A questão dos gramados é um desses pontos que não podem ser mais negligenciados. A mudança é mais do que necessária.