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Flutuar: entenda o verbo que Tite tanto fala e pode levar Seleção ao hexa

Movimentação de fora para dentro, da ponta para o meio, é isso que o técnico quer dizer com ‘flutuação’; com Willian e Coutinho na função, Brasil dominou o México

Por Alexandre Lozetti, Edgard Maciel de Sá e Tossiro Neto com Globoesporte.com 03/07/2018 09h54
Flutuar: entenda o verbo que Tite tanto fala e pode levar Seleção ao hexa
Reprodução - Foto: Assessoria
Ao explicar a vitória por 2 a 0 sobre o México, Tite citou a “flutuação dos extremos” como ponto de desequilíbrio a favor da seleção brasileira, a partir da mudança de sistema tático do 4-1-4-1 para o 4-4-2. Mas o que seria isso? A “flutuação” no glossário de Tite representa o movimento de vir do lado do campo para o centro, executado pelo jogador que atua aberto - o que foi feito por Willian na jogada do gol de Neymar. É importante entender como a Seleção lidou com essa flutuação ao longo da trajetória do técnico. Normalmente, quem é meio-campista de origem tem mais facilidade para flutuar. Ou seja, partir de um posicionamento de ponta para participar da construção do jogo por dentro. No Corinthians de 2015, primeiro modelo de sucesso de Tite no 4-1-4-1, Jadson fazia isso. Quando o técnico assumiu a Seleção, escalou Willian nessa função nas duas primeiras partidas, mas Coutinho ganhou a posição, entre outros fatores, por essa facilidade maior de sair de fora para dentro e armar, articular, construir. Um exemplo foi o gol contra o Paraguai, pelas eliminatórias. Como os meias centrais testados por Tite não engrenaram e Renato Augusto acabou perdendo espaço, em razão do menor nível de competitividade de suas temporadas chinesas, Coutinho foi deslocado para esse setor e Willian voltou a aparecer na ponta. Na vitória sobre o México, o Brasil teve duas formações. Na primeira, o sistema de jogo habitual, com Willian na direita e Neymar na esquerda, ambos flutuaram pouco. Tentaram mais jogadas de linha de fundo, de profundidade. Quando a comissão técnica mudou para o 4-4-2, a fim de neutralizar o México, até então melhor em campo, os jogadores abertos passaram a ser Willian (direita) e Philippe Coutinho (esquerda). E aí o Brasil ganhou muito na tal flutuação. Ambos encontraram jogo por dentro, com Casemiro e Paulinho, e também com a presença de Neymar mais próximo a Gabriel Jesus. [caption id="attachment_113666" align="aligncenter" width="600"] Brasil no 4-4-2 contra o México, com Neymar próximo a Jesus na frente (Foto: Alexandre Lozetti)[/caption] Na avaliação de Tite, inclusive, uma das razões para Willian não ter rendido bem nas primeiras rodadas era justamente a pouca flutuação, em comparação ao que Coutinho fazia. Quando um atleta faz essa movimentação acontece outro termo bastante usado pelo chefe: “superioridade numérica” no meio-campo. Ou seja, mais jogadores numa região central de construção do que o adversário. Para enfrentar a Bélgica, nas quartas de final, o Brasil poderá voltar ao habitual 4-1-4-1 ou manter o 4-4-2 de tão boa eficiência nas oitavas. Certo é que, independentemente dos números, vai precisar da famigerada flutuação para conseguir atacar os belgas.