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Missão de Dorival é achar São Paulo cascudo, mas com sua cara

Time com bons jogadores ainda não se encaixa; falta velocidade, mas técnica e poder de decisão têm sido suficientes

Por Alexandre Lozetti com Globoesporte.com 16/02/2018 12h05
Missão de Dorival é achar São Paulo cascudo, mas com sua cara
Reprodução - Foto: Assessoria
A principal equação a ser resolvida no São Paulo desse início de ano, talvez, seja Dorival Júnior encontrar uma formação que seja ao mesmo tempo competitiva e identificada com suas ideias de futebol. O time que venceu o CSA por 2 a 0 e se classificou na Copa do Brasil tem bons jogadores, é inegável, mas quando eles se juntam é como se as peças do quebra-cabeça não se encaixassem. Nene é bom tecnicamente. Diego Souza também. Jucilei idem. Cueva, então, nem se fala. Mas nenhum deles é veloz. Marcos Guilherme, com 30 jogos seguidos nas costas, não aguentou ser o único que corre, infiltra em velocidade e chega ao fundo. Sentiu cãibra e teve que sair. O primeiro tempo do São Paulo foi muito ruim. A bola parecia ter efeito repelente. Quando um jogador a tinha, os outros corriam para longe. Ninguém se aproximava para tabelar ou triangular, um problema crônico. Dessa maneira, Cueva, muitas vezes de costas para a área do CSA, se via sempre forçado a encontrar um passe mágico. Conseguiu poucas vezes, como essa bola para Militão, sempre uma boa e corajosa opção. Veja como ninguém que está mais próximo sai da zona de conforto para receber do camisa 10. O CSA, no modo "abriu-chutou", foi ameaçador. A etapa final mostrou um time mais móvel, principalmente com Diego Souza ocupando uma parte maior do campo e, fazendo assim, a marcação anfitriã se movimentar. Com jogadores de boa técnica, espaços podem decidir. Foi o que aconteceu no primeiro gol, na tabela entre Cueva e Marcos Guilherme. Diego Souza ainda foi experiente ao esperar o pênalti cometido pelo goleiro Mota. Cueva definiu a vaga com categoria. Dorival, desde o ano passado, quer uma equipe com mais profundidade (leia-se chegada à linha de fundo) e amplitude (leia-se alargar o campo para espalhar o rival). Iniciou 2018 com esse esboço, mas Brenner e Shaylon precisariam de mais tempo para um veredicto. Tempo é tudo que o São Paulo, de um título nos últimos nove anos e de 12 dias de pré-temporada, insistentemente criticados pelo técnico, não tem. A volta de Cueva e a chegada de Nene levaram Dorival a trocar a ideia da mobilidade pela de um time mais seguro. Defensivamente, inclusive, a reunião de bons jogadores já produz uma sequência de quatro jogos sem gols sofridos. Mas a cara ainda não é bonita. Ainda não é o que Dorival gosta. Encontrar esse meio termo entre um time com jogadores decisivos e velocidade será a missão para os grandes jogos, quando será preciso mais aplicação defensiva e intensidade durante 90 minutos. Tempos como os primeiros contra Botafogo-SP e CSA, e o segundo diante do Bragantino, serão fatais.