Esportes
Técnico da Chapecoense lamenta ofertas de "sobras" ao clube catarinense
Vagner Mancini pede que ajuda ao clube venha "do coração" e diz que direção tem 10 nomes acertados
Contratado como técnico da Chapecoense após o acidente aéreo com a delegação do clube, o técnico Vagner Mancini admite que tem perdido horas de sono para trabalhar junto com a direção na montagem do elenco para 2017. Após perder 19 jogadores na tragédia que deixou 71 mortos (entre eles membros da comissão técnica e diretoria), o clube tem pressa para se reestruturar e, diferentemente do que imaginado, viu muitas das promessas de solidariedade ficarem apenas no discurso. Em entrevista ao "Seleção SporTV", Mancini pediu que a ajuda venha "de coração" e lamentou que muitos clubes queiram ceder para a Chape apenas jogadores que estejam "sobrando".
- O que aconteceu na verdade é que muita gente, após o acidente, ofereceu ajuda até com atletas sendo pagos, mas na prática isso não tem acontecido. Não podemos ser injustos porque algumas equipes têm dedicado muito tempo à Chapecoense e exaltamos isso, mas algumas outras equipes, não. Existe uma grande diferença entre ajudar cedendo atletas com salário pago nesse momento difícil da Chapecoense, e existe um outro ponto que é oferecer aqueles atletas que você não quer no seu elenco. Há uma bela diferença... você resolver seu problema: "tenho sete ou oito jogadores que não vão ficar para 2017, e esses ofereço à Chapecoense". Não foi isso que entendemos lá trás. Lógico que todo mundo tem liberdade e não vamos alongar isso, mas eu gostaria sinceramente que essa ajuda viesse do coração - afirmou.
Em Tersesópolis, onde faz um curso na CBF que estava previsto antes do acerto com o time catarinense, o treinador admitiu que tem mantido contato direto com a direção e usado boa parte do tempo livre para auxiliar nas contratações.
- Tenho diretores que estão lá tentando formar o elenco e a gente está em contato. Minha rotina aqui (em Teresópolis) é das 8h às 19h. A partir das 19h foco totalmente na Chapecoense. Esses dias atrás fiquei das 20h a meia-noite fazendo exclusivamente isso, contatos, tentando um atleta ou outro. Dentro do futebol há muita amizade, a gente procura dentro disso buscar elementos que possam nos reestruturar rapidamente, mas não tem sido fácil. As noites de sono diminuíram bastante, mas em cima disso a gente sabe que a necessidade é exatamente essa.
Segundo Mancini, cerca de 10 jogadores estão acertados, mas o clube só pretende divulgar os nomes quando os contratos estiverem assinados.
- É uma coisa atípica porque normalmente nos clubes quando você vira o ano empregado vai atrás de sete ou oito atletas, às vezes 10. Nunca tinha visto um clube que necessitaria de 25 atletas no mínimo. Tem sido desgastante. Temos alguns atletas, perto de 10 acertamos, mas não posso falar nada, nem nomes. Peço desculpas, mas não tivemos tempo de assinar contrato com esses caras. É uma correria bacana porque vivemos disso, mas ao mesmo tempo traumática porque tem que acelerar um processo que normalmente é feito com calma - considerou.
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