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Pesquisador Samuel da Silva Brito destaca impacto religioso das curandeiras, em especial de Junqueiro/AL

Simbólicas, as mulheres especiais trazem consigo saberes populares, usados no cotidiano de suas comunidades

18/07/2024 15h25
Pesquisador Samuel da Silva Brito destaca impacto religioso das curandeiras, em especial de Junqueiro/AL
Samuel: Tenho orgulho de ter sido neto de uma das mais importantes rezadeiras da nossa região. - Foto: cortesia

As rezadeiras, benzedeiras ou curandeiras são reconhecidas pelo impacto religioso que empregam em suas "rezas" e "suplicas faladas para curar pessoas. Simbólicas, essas mulheres especiais trazem consigo saberes populares, usados no cotidiano de suas comunidades. Místicas, elas usam plantas e ervas medicinais como forma de ritualizarem suas preces curativas. São vozes que combatem o mal, tiram a dor física, e principalmente, os suplícios da alma.


Em Junqueiro, toda essa sabedoria abraça as diversas camadas sociais, enaltecendo a pluralidade de conhecimentos, frutos das experiências de vida dessas mulheres. De modo geral esses saberes são perpassados através das gerações familiares, o que acabam dinamizando, em seu próprio fazer e refazer, as narrativas dessas mulheres. Existirá sempre um membro da família que nascerá para dar seguimento ao conhecimento sagrado, e quem tem o dom será apadrinhado, porém, há registro também de pessoas, que através da fé, atingiram a consagração de fazer brotar esse dom dentro de si, tornando-se especiais.


Tenho orgulho de ter sido neto de uma das mais importantes rezadeiras da nossa região. A centenária Santina Rosa da Conceição, Dona Santa, como era conhecida na cultura popular do Junqueiro. Dona Santa nasceu em 1906 no Povoado Barriguda, atualmente território da Comunidade Chã do Meio, Z4, zona rural do município de Junqueiro – AL. Santina Rosa foi registrada no Cartório de Limoeiro de Anadia, em razão do predomínio político daquele município sobre Junqueiro até o ano de 1947.


Aquela rezadeira veio a falecer aos 111 (cento e onze) anos em sua residência que ficava na Rua do Cruzeiro, 1065, Alto do Cruzeiro, Junqueiro em 2017. Se faz necessário e primordial mapear e valorizar os aspectos culturais da relação entre essas mulheres e a natureza, enaltecendo assim as inúmeras práticas sagradas, e encontradas em todo o território o território junqueirense, local conhecido por ser dos maiores redutos religiosos de Alagoas.


Perfil



Samuel da Silva Brito é pesquisador da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior (CAPES), na Universidade Federal de Sergipe (UFS), mestrando do ProfHistória e professor da Educação Básica das Redes Municipais de Junqueiro e Arapiraca há 24 anos. E-mail: [email protected]