Entretenimento
Liniker: "Sou uma mulher trans e negra. Sair de casa é ameaçador"
Cantora trans falou para a edição de julho da revista e encantou com seu jeitinho #grlpower
Com um visual que transborda diversidade e canções cheias de empoderamento social, Liniker é cara & coração na luta pela igualdade de gênero. Em entrevista à Glamour de julho, a cantora soltou a voz e garantiu que, mesmo após a fama, sobre preconceito da família e é reprimida ao usar o banheiro feminino. “O processo de empoderamento é diário. Todo dia precisamos nos olhar no espelho e entender que somos maravilhosas, que temos direitos, sim!, e não podemos ficar à margem da sociedade”, diz.
Confira a entrevista completa abaixo:
GLAMOUR: No ano passado, em uma entrevista para o jornal Estado de S. Paulo, você disse que tirou o gênero da sua vida. “Eu me chamo de a Liniker, o Liniker, apenas Liniker. Exatamente isso que eu tento quebrar com o meu trabalho. Pode ser a cantora Liniker, nascido em Araraquara. Eu não tenho uma fórmula”. Você ainda pensa assim?LINIKER: Tudo foi um processo. Àquela altura, sentia que não tinha gênero. Não me identificava nem com “o” e nem com “a”. Até que um dia, li uma matéria sobre a banda e ao ler “o cantor” me senti incomodado. A partir de então, entendi que era “a” Liniker, a cantora.
G: Como você expressa sua identidade de gênero? É através da música, do cabelo, das roupas…?L: Eu sou a mesma pessoa no palco e fora dele. Não existe distinção entre a artista e a pessoa. Claro que falo das relações nas músicas, na arte... Mas não gosto que as pessoas coloquem certas expectativas. Tem dia que uso vestido. Tem dia que uso saia. Tem dia que uso calça. Já teve gente que me perguntou “mas por que você está de calça?”. Não sou personagem!
G: Você tem um bom relacionamento com seus pais e familiares? Eles sempre a apoiaram?L: Minha mãe é a figura mais importante que tive nesse sentido. Sempre tem um tio machista e homofóbico para dizer que você tem que vestir “roupa de homem” e dar opinião na sua vida. Mas não dou ibope pra eles! Minha mãe sempre me disse que eu tinha que usar o que quisesse. Aliás, foi ela me deu o meu primeiro rímel, acredita?! Um dia, abri minha bolsa e o encontrei lá. Simples assim.
G: Você ainda sofre preconceito, Liniker? Se sim, de onde ele vem?L: O preconceito está em todos os lugares. Sou uma mulher trans e negra. Sair de casa, que é algo simples para as pessoas, parece ameaçador para gente. Isso dá medo! É como se estivéssemos fazendo algo de errado! Por isso, temos que ocupar os espaços, os programas, os palcos... A sociedade invisibiliza a gente.
G: Você, sem sombra de dúvidas, já quebrou muitas barreiras. É mega empoderada! Mesmo assim, você sente que ainda há um longo caminho a percorrer na luta contra o preconceito?L: O processo de empoderamento é diário. Todos os dias, precisamos nos olhar no espelho e entender que somos maravilhosas, que temos direitos – sim! – e não podemos ficar à margem da sociedade. Mesmo tendo certa visibilidade (por ser cantora), as pessoas olham torto se entro banheiro feminino, por exemplo. Imagina, então, como é com as outras pessoas. E o caminho é longo! As trans estão relacionadas à noite e à prostituição. A luta é, justamente, para que a gente ocupe outros cargos, como secretárias, dentistas, médicas...
G: Como você se sente sobre ser apontada como uma das novas heroínas da discussão de gênero?L: É importante dizer que eu só sou uma das vááárias peças na abordagem da discussão do gênero. Existem muitas artistas que somam nessa luta: As Bahias, a Cozinha Mineira e a Linn da Quebrada são minhas musas.
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