Educação
Aluna da rede municipal de Maceió inspira debate sobre bullying nas escolas
Israelle Santiago ganhou destaque ao ler uma carta para sua turma, após ter sido intimidada devido à sua aparência
O combate ao bullying e ao racismo foi trazido à luz novamente no dia 11 deste mês de março, em Maceió, quando Israelle Santiago, aluna do 3º ano do Ensino Fundamental da Escola Municipal Baltazar de Mendonça, no Jacintinho, leu uma carta em frente à sua turma após ter sido intimidada devido à sua aparência.
“Na sexta-feira anterior, dia 8, Israelle chegou em casa reclamando que três colegas a chamaram de 'cabelo de bombril'. Em resposta, fizemos uma carta e eu pedi autorização à professora para que ela pudesse ler. Minha intenção era mostrar que o que aconteceu foi errado e não pode continuar acontecendo”, conta a mãe de Israelle, Thamara Santiago, que registrou a leitura da carta em um vídeo.
No vídeo, Israelle enaltece suas características naturais ao ler a carta, afirmando ter orgulho da sua cor e dos seus traços.
“Ao invés de brigar, eu quis dar o exemplo para que outras mães também tomem a atitude certa. Existem outras crianças que passam pela mesma situação da Israelle, ou até pior. Não podemos nos calar, mas temos que fazer a diferença”, continua Thamara.
Inclusão
Luciano Amorim, coordenador de Direitos Humanos e Cidadania da Secretaria Municipal de Educação (Semed), salienta a importância do combate ao bullying nas escolas no contexto atual, classificando-o como uma urgência.
“Sempre buscamos atuar da perspectiva do socioemocional, pensando ações de cuidado com a saúde mental dos estudantes e dos servidores. Também trabalhamos diretamente o combate ao racismo e, através dos nossos acompanhamentos técnico-pedagógicos, que nos proporcionam um diálogo permanente com a gestão das escolas, podemos auxiliar em situações como a da Israelle”, afirma.
O coordenador ainda relata que a Semed entrou em contato com a Escola Municipal Baltazar de Mendonça para realizar intervenções com a criança e a escola, esclarecendo que o racismo não é um caso isolado, tendo origem em questões estruturais e de reprodução.
“O caso de Israelle não é só o caso de Israelle. É o caso de inúmeras crianças que representam a maioria de nossas escolas e CMEIs, pretas e pardas. Que ocupam esses espaços, mas precisam de fortalecimento frente ao seu reconhecimento racial e sua identidade coletiva”, continua.
Silvia Vasconcelos, diretora da Escola Municipal Baltazar de Mendonça, destaca que a escola sempre trabalha a inclusão entre os alunos.
“Ano passado, realizamos projetos que tratavam especificamente do bullying e, em novembro, focamos no combate ao racismo. Este ano, o projeto ‘Valores’ trabalhará o respeito. A Semed também sempre nos apoia com as formações realizadas com nossos professores, que sempre abordam essas e outras temáticas relevantes ao ambiente escolar”, revela.
Ainda em março, a temática da inclusão foi abordada pela Semed durante a Jornada Pedagógica 2024, na mesa redonda “Caminhos curriculares para uma educação não-violenta”, idealizada pela Coordenação de Educação de Direitos Humanos e Cidadania da Semed, que tocou em questões como o combate ao racismo nas escolas, o respeito à pluralidade dos estudantes e o papel dos educadores na formação de uma escola inclusiva.
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