Educação
Farmácia Universitária da Ufal deve funcionar a partir do primeiro semestre de 2022
Instituto de Ciências Farmacêuticas (ICF), destaca empenho da atual gestão da Ufal para a consolidação do projeto
Indissociabilidade do ensino, pesquisa e extensão pautará as atividades da futura Farmácia Universitária, com obras de reforma e ampliação em andamento no Campus A. Simões, em Maceió. Em paralelo às obras físicas, o projeto está em fase de elaboração do Plano de Gestão, sob a responsabilidade de equipe do Instituto de Ciências Farmacêutica (ICF), da Universidade Federal de Alagoas. O plano, para adequação do projeto já aprovado pela Vigilância Sanitária Estadual, quando estiver concluído será apreciado pelo Conselho Universitário (Consuni).
A construção da Farmácia, “tirada da gaveta” pela atual gestão da Ufal, vem atender a uma demanda do curso de graduação, como parte curricular obrigatória. Com previsão de começar a funcionar a partir do primeiro semestre de 2022, a concretização do projeto é comemorada pela comunidade acadêmica e administrativa: “A necessidade de implantação da Farmácia Universitária no Campus A. C Simões tem registro de 2005, por meio de um regimento interno para o atendimento aos referenciais curriculares nacionais do curso de graduação em Farmácia pelo Ministério da Educação (MEC), na época como infraestrutura recomendada”, frisa a professora Camila Dornelas, que assumiu a coordenação do projeto a partir de 2010.
Ao fazer uma breve retrospectiva sobre toda luta travada para a implantação do importante equipamento de formação acadêmica na área, Camila diz que, em 2007, após sucessivas discussões sobre o assunto, ficou decidido no 1º Seminário de Autoavaliação do Curso de Farmácia da Ufal, dar início aos serviços do Centro de Informação de Medicamentos (CIM), seguido pela implantação do Centro de Informações Toxitológicas (Citox). No processo, permeado de etapas para “tirar do papel” um equipamento de grande relevância para a formação acadêmica e profissional dos alunos do curso, a coordenadora complementa:
“A reestruturação da planta do projeto foi finalizada em 2012, quando, desde então, aguardava-se aprovação do projeto orçamento para o início das obras. A atual gestão da Ufal assumiu essa demanda arcando com os custos da obra, para o entusiasmo do Instituto de Ciências Farmacêuticas, não simplesmente por finalmente conseguirmos ver a Farmácia Universitária funcionando, mas por cumprir a exigência do MEC. Desde 2015, o Ministério da Educação aponta esse espaço como exigência como estrutura obrigatória para os cursos de Farmácia, o que já vinha comprometendo a avaliação da nossa graduação”.
Mesmo reconhecendo de se tratar de projeto complexo, com previsão de muitas atividades em um espaço físico relativamente pequeno, que vem passando por reforma para a execução das ações definidas nos diversificados setores, Camila enfatiza que alguns obstáculos, o principal deles, o financeiro, levaram ao arquivamento em 2019.
"A obra (reforma e ampliação) do espaço, localizado entre duas agências bancárias no Campus A.C. Simões, tem valores estimados em R$ 500 mil com recursos oriundos da Ufal. Quanto aos materiais de capital e custeio, segundo Camila, que já estão in loco, o ICF aprovou R$ 600 mil com o “Projeto Produção de insumos farmacêuticos ativos e saneantes na Ufal,” pelo Edital Ufal-MEC-Covid-19".
Dornelas aproveita para destacar a importância da Farmácia Universitária também para as comunidades circunvizinhas ao campus da capital, a medida que irá oferecer produtos (manipulados e industrializados) e serviços de saúde, por meio do Aconselhamento Farmacêutico e dos Centros de Informação de Medicamentos (CIM) e de Informações Toxicológicas (CITOX), segundo ela, aproximando, assim, a sociedade da Universidade. “Então, inerente a isso, podemos relacionar como principais benefícios capacitação de graduandos, promoção de ações em Saúde com caráter educativo, informativo, assim como, de intervenção à comunidade acadêmica e circunvizinha à Ufal. E, conforme a indissociabilidade ensino-pesquisa-extensão, promover atividades de caráter formador”.
A Farmácia Universitária será denominada de Cruz & Guerreiros, nome aprovado em plenária do ICF e de acordo com a professora Camila, a expectativa é que as atividades tenham início tão logo a obra seja entregue. Conforme o projeto, será dotada de 21 setores (áreas técnicas), entre elas, dois Laboratórios de Manipulação. O Laboratório 1, para Sólidos e o Laboratório 2, para Semissólidos e Líquidos. A Farmácia também contemplará espaços para Aconselhamento Farmacêutico, Centros de Informação de Medicamentos (CIM) e de Informação Toxicológicas (Citox), assim como Área de Conferência, Sala de Reunião, Cabine de Pesagem 1 e 2, Controle de Qualidade (CQ) e duas unidades de Área Restrita.
O projeto é ainda dotado de outros espaços, tais como: Recepção, Administração, Depósito de Material de Limpeza (DML), WC (feminino e masculino), Vestiário, Recebimento e Lavagem, Almoxarifado, duas unidades de Área Restrita, Lixo Comum, Resíduos Químicos e Quarentena. Sobre o funcionamento quanto a equipe de recursos humanos Camila adianta: “Será um estabelecimento comercial, com CNPJ próprio, regido por uma legislação um pouco distinta de uma farmácia com manipulação. Justamente, por ser “Universitária”, inclusive em termos de pessoal. Para tanto, a equipe de funcionários deverá ser contratada pra cumpri-la”.
Aprendizado e formação
Sobre a dinâmica da formação acadêmica dos alunos, a professora Camila Dornelas enfatiza que o currículo do curso se preocupa com a integração entre o ciclo básico e o profissional por meio da interdisciplinaridade e do envolvimento dos graduandos com atividades inerentes à profissão. Desde seu ingresso, por meio de práticas farmacêuticas integrativas, com inserção nos três eixos: orientação teórica, cenários de prática e orientação pedagógica.
Isto, segundo ela, está em consonância com o Projeto Pedagógico (PP) do Curso de Farmácia, que passou por transformações recentes, baseada em uma nova estrutura curricular, que visa preparar o futuro profissional com conhecimento generalista, estando pautada em princípios éticos e na compreensão da realidade social, cultural e econômica do seu meio.
“Assim, ganham os alunos e a comunidade, com essa formação teórico-prática direcionada para a transformação da realidade em benefício da sociedade. Vale ressaltar que, além das áreas já previstas pela profissão farmacêutica, a estratégia de formação do novo profissional é uma política de saúde local e regional que atende às necessidades do Sistema Único de Saúde (SUS) e suas ações dirigidas à atenção básica à saúde, em seus diferentes níveis de complexidade”, destaca. Camila é mestre e doutora em Ciência e Tecnologia de Polímeros e pós-doutora na área de Nanotecnologia Farmacêutica.
A pesquisadora considera a futura Farmácia Universitária um marco para o curso da Ufal e uma conquista de “muitas mãos” em todo o longo processo, agora com possibilidades reais de concretização do projeto. E diz: “Muitas delas não vão poder ver isso acontecer, mas certamente vão comemorar como se pudessem, pois esse sonho foi sonhado por muitos, e o resultado disso será de todos que lutaram de alguma forma para ver a Farmácia funcionando e que sonharam em usufruir de tudo o que ela pode oferecer”.
"A comunidade espere como retribuição um serviço de qualidade e zelo: “Queremos ir além de comercializar produto, mas a efetivação do papel da Universidade como transformadora social, buscando maior contato com a realidade sócio-sanitária da população para entender e atender suas demandas, em ações interdisciplinares de saúde”, enfatiza.
Quanto à parceria e o empenho da área administrativa da Ufal, Camila aproveita para tecer agradecimentos à coordenação e direção do ICF, às gestões anteriores que levaram à consolidação do projeto e cita a dedicação da Superintendência de infraestrutura (Sinfra), durante todo o longo processo. A coordenadora do projeto finaliza, dizendo. “Os nossos agradecimentos à atual gestão da Ufal, na pessoa do reitor Josealdo Tonholo, que, apesar de toda a nebulosidade político-financeira, entendendo a importância deste equipamento para a nossa Unidade e para a Universidade Federal de Alagoas, garantiu o orçamento para sua concretização.”
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